𝐈𝐍𝐒𝐓𝐀𝐕𝐄𝐋|| ⱽⁱⁿⁿⁱᵉ ᴴ.

1 - A CHEGADA

P.O.V
[S/N]

Roupas. Roupas e mais roupas.

Sinto vontade de jogá-las no chão e tacar gasolina para que queimem até se tornarem pó. Porém, se eu fizer isso, é provável que, no dia seguinte, meu closet esteja cheio delas novamente.

Respiro fundo, tentando fechar a última mala da minha viagem. Pelo tanto de coisas que estou levando, parece que irei passar um ano lá, quando, na verdade, será no máximo cinco meses.

Uma mochila grande resolveria tudo. Mas preciso atender à expectativa da minha mãe em mostrar ao meu pai que estamos ótimas sem ele e que somos uma família estruturada. Sinto vontade até de rir quando ela diz que somos uma família.

Após a partida do meu pai, alguns meses depois minha mãe apresentou um amigo. Eu tinha apenas oito anos; não era ingênua. Era óbvio que havia algo entre eles. Logo ele se tornou seu ficante, depois namorado e, por fim, seu marido. E consequentemente, o meu padrasto.

Seu nome é Ian. Não posso negar que minha mãe tem um excelente gosto para homens; pelo menos isso eu herdei dela. Ian tinha cabelos escuros como a noite e olhos claros como o dia; era forte e tinha um sorriso ridiculamente encantador. Ele era empresário de uma das maiores empresas aqui em Los Angeles.

Vamos fingir que, ao completar quinze anos, ele simplesmente não tenha dado em cima de mim na frente da minha mãe. A desgraçada me olhou e sorriu, dando-me uma piscadela.

É isso que se chama de ser corna?

Considerando a personalidade da minha mãe, Ian deve ter medo de passar por portas muito pequenas. vai saber se ele não bate seu acessório pontiagudo.

Ian e minha mãe tiveram uma filha. Na verdade, estão esperando por ela. Não consigo nem imaginar como serão minhas noites com essa menina berrando nos meus ouvidos.

Sem contar que tenho certeza de que nas madrugadas em que ela estiver chorando, quem irá socorrer a coitada serei eu. Afinal, os "pais do ano" estarão ocupados demais, transando sem nenhum pudor.

Acredite quando digo que para eles não há limites.

- Filha, já está pronta? - pergunta minha mãe enquanto reviro os olhos sabendo que ela não verá.

- Ainda não. Tive que abrir espaço para colocar mais roupas que você comprou - respondo ainda tentando fechar a mala.

- Que bom que você ainda não fechou tudo. Olha, acabei de comprar este vestidinho para você - diz ela e eu me viro incrédula. Essa mulher não cansa de gastar o dinheiro com futilidade?

Vi seu barrigão e contive um sorriso. Embora eu odeie o fato de ter uma irmã, talvez essa menina traga um pouco de alegria para esta casa.

-- E então? Gostou? - Ela pergunta animada, levantando o vestido lilás.

- Não - respondo, sendo sincera, e então volto a tentar fechar a maldita mala.

Talvez você já saiba para onde estou indo, mas para aqueles que ainda não entenderam a situação, vou explicar. Estou indo passar alguns meses na casa do meu pai em Londres, enquanto minha mãe e Ian vão para Las Vegas a trabalho. Minha mãe não sossega nem mesmo quando está grávida.