Capítulo 09

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Dimitri

Passo a mão pelo cabelo tentando entender o que está acontecendo, num momento estou sonhando com uma mulher macia e quente ao meu lado e agora estou caído no chão, minha cabeça dói demais e não consigo me lembrar de nada, tento recapitular os meus passos, mas a tarefa não é fácil, as coisas vão voltando aos pouco. Lembro-me de ir para a igreja... De ficar zangado... De quando levantei o véu e vi Rose ali, quis voltar atrás, mas então Karl veio e me mostrou a certidão assinada com o nome de Rose, e não havia nada a fazer naquele momento. Karl disse que o melhor era não fazer um escândalo ali na igreja e que não fazia diferença, uma irmã ou outra, eu estava me casando com uma Pritchard, sobrinha do Duque Plymouth. Eu fui bem claro ao dizer que isso estava errado, foi com Daisy que noivei, mas ele só fez foi trazer chá e mais chá.

— Maldito.

Escuto um grito de mulher e ao procurar de onde veio, vejo Rose encostada em um canto, me olhando assustada, olho para baixo e vejo que estou nu e com uma maldita ereção matinal, pego um travesseiro na cama para me cobrir e vou até o closet pegar um robe, em seguida sento na minha escrivaninha e apoio a cabeça nas mãos, pensando como vou reverter essa situação. Tenho que procurar meu pai e contar que aquele cretino, conseguiu de alguma forma, me dopar e eu não estava em meu juízo quando me casei, posso tentar uma anulação, mas será um escândalo enorme e não sei como meu pai reagirá, será que isso pode ser o bastante para fazer seu coração, que já está fraco, parar de vez? Não posso fazer nada sem pensar bem. Olho novamente para Rose, que está bem encolhida, segurando com força o lençol sobre seu corpo, ela parece estar com medo de mim, como se temesse que eu fosse machucá-la. Os cabelos negros soltos lhe deixam muito bela, lhe dando uma aparência quase selvagem e ao mesmo tempo de uma rainha, mas não posso pensar nisso agora.

— Precisamos conversar. — Começo com calma — Seu pai...

— Não vou voltar para aquela casa. — Ela parece decidida. — Não queria esse casamento, mas para lá, não volto.

Volto a ver a chama em seu olhar, mesmo com medo, ela permanece firme.

— Por que não quer voltar? É a casa de seus pais ou será que a senhorita fez parte do plano o tempo todo? — Não acredito de fato nisso, ela pareceu sincera quando nos falamos no baile.

— Claro que não, meu pai me obrigou. Se eu não concordasse, ele iria... — Para de falar, o que será que o pai iria lhe fazer?

Olho para ela e vejo lágrimas escorrerem em sua face, automaticamente me aproximo dela, pensando em como lhe acalmar, posso não ter desejado esse casamento, mas não a deixarei chorando sem nada fazer. Porém, quando me aproximo mais, ela se encolhe ainda mais, ela realmente acredita que homens são ruins. Ao olhar para minha cama, noto que tem uma mancha de sangue nos lençóis, não pode ser possível, eu não seria capaz de tomá-la a força, nunca que eu iria fazer uma monstruosidade dessas com uma mulher, mas por outro lado, ontem não estava em mim. Olho para ela que está encarando os lençóis, como posso pedir desculpas por algo que não me lembro de ter feito?

— Sinto muito por isso, não é algo que planejei, nem sequer me lembro do que houve direito. — Tenho que tomar cuidado com as palavras para não assustá-la.

— A última coisa que me lembro, é do senhor levantando o véu e depois nada, não sei como vim parar aqui e nem onde está minha roupa. — Dessa vez sua voz sai trêmula.

Que ela está com medo é notável, mas não sei ao certo se é por estar nua com um homem em um quarto ou se pela ameaça de ter de viver o restante de seus dias comigo, um monstro, vê-la assim, novamente me faz desejar lhe amparar.

A Força da Roza (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora