Capítulo 10

67 5 0
                                    

Rose

Dimitri sai e o escuto trancando a porta, corro até a janela e vejo que é alta demais para pular e fugir por ela. Noto então que o lençol está sujo de sangue e me pergunto se ele viu isso também, que vergonha. Quando vi o sangue na cama, por um momento pensei que poderia ter acontecido algo, mas então notei que eram apenas minhas regras, que adiantaram um pouco, e pude respirar aliviada, mas em seguida quis morrer de vergonha por ele estar presenciando algo assim.

Lembro como ele parecia não estar feliz com o casamento, mas também não querendo fazer nada para mudar nossa situação, como se eu fosse passar o resto da vida com ele. Eu estava disposta a conversar, até ele me dizer que ia me levar de volta para papai, tenho certeza que ele me mandaria na mesma hora embora com aquele homem e isso eu não posso aceitar.

Cobrindo a parte com sangue, amarro melhor o lençol formando um tipo de túnica, não é decente, mas é melhor que ficar sem nada. Algum tempo depois, uma senhora negra entra no quarto, deve ter uns quarenta anos, ela carrega uma bandeja com comida e traz nos braços um tecido que imagino ser uma roupa.

— Bom dia Milady, meu nome é Reese e vim lhe trazer seu desjejum, o Milorde me pediu também que lhe trouxesse esse roupão para vestir até que possa arrumar roupas para a senhora. — Ela é gentil, mas mesmo assim fico com receio diante de tanta bondade.

— Obrigada. — Seja como for, ela me trouxe comida.

— A senhora está ferida? — Ela aponta para o sangue no lençol.

— Não, é que... bem... minhas regras vieram antes da hora. — Ela afinal é mulher e pode me ajudar.

— Vou trazer algo para esse problema e também lhe fazer um chá.

Ela sai e vou direto para a bandeja, fico abismada diante de tanta comida e o melhor é que não fui eu quem preparou. Quando ela volta, já comi tudo que tinha, apenas me deixa um pacote com os itens e sai.

Sem ter para onde ir, me deito na cama esperando as horas passar, alguém bate à porta e verifico se o roupão está bem fechado, puxo a coberta até o pescoço de modo a me cobrir bem, digo para entrar, é o Dimitri, por instinto me encolho o máximo possível na cama.

— Será que agora podemos conversar? — Até quando ele será gentil?

— Conversar sobre o que?

— Sobre nosso casamento, para começar.

— Não existe nosso casamento, não quero isso e sei que o senhor também não quer, só vamos contar a verdade e estaremos livres um do outro. — Não entendo por que ele não quer anular.

— Sei que não foi o que planejamos para nossas vidas, mas agora temos que aceitar os fatos, e fazer o melhor que pudermos para viver em paz.

— Por que o senhor não quer anular o casamento?

— Primeiro por causa do escândalo que isso causará, segundo que meu pai está com a saúde fraca e quero poupá-lo da vergonha. Além disso, sei o quanto é difícil se anular um casamento, ainda mais um que já foi consumado.

Levo um tempo pensando no que ele disse, dá para ver que ele se importa com o pai, eu sou só uma ninguém que poucos se importam, mas ele é uma figura conhecida, então o escândalo será grande mesmo. Sei que muitos se separam, mas ficam casados no papel, afinal a própria Princesa Regente tem que assinar a anulação e isso é raro. Então foco no final, ele disse ser pior no nosso caso porque foi consumado. Será que ele fez algo ontem? Eu deveria sentir se tivesse acontecido, alguma coisa deve mudar quando isso ocorre, seja lá como for.

A Força da Roza (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora