Rose
É um alívio quando finalmente vamos embora para casa, o modo como Dimitri estava me olhando me deixou estranha, cheguei a pensar que meu cabelo estava pegando fogo, ele parecia me analisar, e não sei se isso é algo bom, fico com medo que o modo como falei com ele na varanda, o tenha irritado, e talvez o feito pensar que sou malcriada e que Daisy pode ser igual a mim.
Chegamos em casa, estou cansada, só quero deitar e dormir, mas as emoções da noite ainda estavam longe de acabar. Subo para meu quarto e tiro o vestido, o dobro com cuidado e vou ajudar Daisy com o dela.
— O que o Dimitri estava falando com você? — Ela me olhou desconfiada.
— Como assim?
— Eu vi vocês dois conversando na varanda, você falou algo que o aborreceu.
Será que eu o aborreci? Estava tão chateada naquele momento, tinha acabado de magoar Nathally, e quando ele perguntou sobre a tal promessa que papai inventou, acabei falando a verdade, ou quase isso, jamais diria para ele ou qualquer outro que a promessa que fiz é para nunca me casar.
Não posso dizer a Daisy o que falei com ele ou ela iria correndo contar ao papai e eu estarei muito encrencada.
— Não falamos nada demais, ele me pediu para lhe ensinar a receita do doce que fiz no jantar e eu apenas disse que você não tem jeito para cozinhar. — Foi a melhor desculpa que pude pensar.
— Eu vi como o Duque olhava para você no jantar e também hoje no baile enquanto dançavam, acho que papai vai tentar lhe casar com ele.
Se Daisy soubesse o porquê ele me olhava, não ficará nada feliz, preciso mudar o rumo da conversa.
— E ser madrasta do marido da minha irmãzinha, acho que não. — Dou risada e ela me acompanha.
— Sabe Rose, o Dimitri é um homem maravilhoso e sei que serei muito feliz, ele irá me tratar como uma princesa.
Minha irmã é muito ingênua, nunca soube do que os homens são realmente capazes, mas como poderia, se papai reservava para mim seu pior lado, ela sempre teve suas vontades atendidas e nunca apanhou ou ficou de castigo. Sem contar que sempre escondi os machucados de mamãe, ela não precisava crescer com os mesmos traumas e pesadelos que eu.
Daisy logo vai se deitar, e como estou sem sono, decido ir tomar um copo de leite, quando passo pelo quarto da mamãe, escuto algo que não deveria.
— Devagar Karl, está doendo. — Parece que mamãe está chorando ao falar.
— Cala a boca que não lhe perguntei nada. — A frase vem seguida de um estalo que conheço bem, foi um tapa.
Não querendo ouvir mais nada, desço as escadas correndo e mesmo depois de beber o leite, fico um bom tempo na cozinha, quando subo, noto que algo está errado.
— Você não pode fazer isso com as duas. — Mamãe nunca respondeu ao papai desse jeito.
— Vou fazer sim e você vai ajudar.
— Está louco se pensa que vou ficar quieta vendo você fazer essa barbaridade.
Porque mamãe está falando assim, o que será que papai quer fazer? Será que tem alguma relação com aquele homem? Acho que não, pois mamãe disse as duas, e papai não faz nada de ruim com Daisy.
— Louco eu estava quando aceitei você, e agora você vai ver quem é o louco.
Sei o que papai irá fazer mesmo sem ver, tento sair do lugar para não ter que ouvir, mas meu corpo não responde, parece que estou presa no lugar. Sinto quando o cinto corta o ar até chegar à pele de mamãe, ela não grita, mas ouço seu choro baixo enquanto papai torna a bater nela, quando por fim ele para de bater, o escuto dizer:
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A Força da Roza (Degustação)
RomanceUm romance em 1810. Rose Pritchard cresceu sendo maltratada e desprezada pelo pai, vendo nas atitudes dele o pior lado do homem. E criou em si a certeza que todo homem é cruel, e com isso, fez um juramento de nunca se casar. Porém, quando sua irmã c...