Ao mesmo tempo em que eu fiquei estática olhando para aquele pequeno pedaço de cartão, eu também estava com a visão desfocada. Eu não sabia o que pensar, mas acho que tinha acabado de sessar completamente uma das minhas dúvidas: ele sabia quem eu era e agora sabia onde me encontrar.
Coloquei o papel em cima da escrivaninha novamente e me sentei na cama, olhando pra tudo e nada ao mesmo tempo. Será que tinha que contar isso pra minha mãe ou seria apenas preocupação à toa? Quer dizer, uma invasão no Le Caffet, o bilhete, um carro de vigia, uma sombra no quintal e um recado na cama... Era algo assustador, com certeza. E mais assustador ainda: Boneca; acho que esse era meu codinome pra ele e sinto que ainda vou ouvir isso muitas outras vezes... ele literalmente escreveu.
Ouvi o trinco e barulho da porta e fiquei muito assustada, me abaixei ao lado da cama de forma que não desse pra me ver da porta, eu não sabia se era minha mãe ou alguém que eu definitivamente não gostaria de ver agora. Me mantive abaixada e conseguia ver a entrada do meu quarto, reconheci os sapatos da minha mãe e suspirei muito aliviada antes de me levantar.
— Ela não está, podemos conversar. Ela já esteve aqui, as cortinas estão fechadas, mas não sei quando volta. Seja rápido, Chase. — Minha mãe disse do corredor mesmo, então me mantive abaixada.
— Eu não sabia que eles teriam essa audácia, mas já mandei meus homens resolver. Não deve demorar pra que encontremos eles.
— Já demorou pra você encontrar eles, Chase! — Nessa hora minha mãe quase gritou e depois soltou um suspiro. — Eles a encontraram, você precisa nos tirar daqui... a gente precisa que ela fique segura. O que fizeram com a mãe dela também querem fazer com ela. Você não entende?
Eles não estavam falando baixo, como se fosse um segredo, mas precisavam que eu não estivesse em casa então é algo que eu não poderia saber. Ela realmente não acha que estou ouvindo. Eu via somente o calcanhar dela na porta, então certamente eles estavam mais próximos do meu quarto. Continuei abaixada, mas não era uma posição muito confortável.
Pela primeira vez ela falou da minha mãe, aquela que tenho o sangue. Isso começou bem antes de mim.
— Madison, tudo o que eu mais quero é a segurança dela, claro que eu entendo. — O que? — Mas não quero que ela desconfie. Alguns homens vão ficar de olho na Brianna e em você. Não coloque tudo a perder. — Senti uma certa rigidez na voz dele. Será que minha mãe não percebeu o carro do outro lado da rua?
— Em que tipo de coisa você nos meteu, Chase? — Minha mãe disse andando pelo corredor afora, mas ouvi os passos pararem logo em seguida — Ela não tem culpa das coisas que você faz, ela nem te conhece. Aquele carro do outro lado da rua é de... — O homem não deixou que minha mãe continuasse.
— Sim, e já foi levado. Vamos tentar tirar o máximo de proveito e informações que ele tiver dos Oconner. Tudo está em jogo. — Ficaram por volta de dois minutos em silêncio. — Certifique-se de que ela não volte a trabalhar por enquanto, mas se voltar então que seja em alguma das agências ou boates que tenho. Ela ficará segura lá. — Estão decidindo minha vida por mim? Que palhaçada é essa, quem ele acha que é?
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DESTINY
FanfictionBrianna sempre viveu com sua mãe, mesmo sabendo que Madison era sua mãe adotiva. Após ingressar no mercado de trabalho a sua vida muda fazendo com que nada mais seja tão prazeroso quanto era, ela sabia que não estava preparada... Crescer nem sempre...