Capítulo 1

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Uma semana se passou desde a reunião do Conselho de Nobres, e o Príncipe já estava sabendo que os Nobres estavam pressionando Amélia para se casar e ele poderia chegar a qualquer momento, pois Maximilian acredita que nenhum homem é bom o suficiente para estar ao lado de sua preciosa irmã. Em contrapartida, Amélia nunca se interessou em arranjar um marido, pois o cônjuge da Princesa é decidido pelo Rei, mas agora que ela é a Imperatriz deve começar a pensar nessa possibilidade. Atualmente a Imperatriz está com 19 anos, sendo que no Império é normal e esperado que as jovens Damas se casem com 17 ou 18 anos, ou seja, para os padrões da sociedade ela está atrasada, sem contar a pressão de gerar um Herdeiro Imperial.

Amélia, que estava andando pelos corredores da Biblioteca Imperial, pegou um livro sobre a história da fundação de Callisto, que havia lido em suas aulas de história, e se sentou no parapeito de uma janela. O primeiro Imperador Callisto Roux-Leblanc recebeu este nome pois tinha olhos vermelhos e cabelos dourados, assim como todos os Reis e Imperadores seguintes, era irônico pensar que ela, a única descendente que não havia herdado essas características, fosse a atual Monarca de Callisto.

É claro, ela lembrou, a família da antiga Rainha, os Delyon, também aparecem nos livros de história, eles foram a família que sempre esteve ao lado de todos os Reis e Imperadores, sendo responsável pela força militar, mas depois de um tempo mudaram para o gerenciamento das finanças do Reino, pelo fato de seus descendentes perderam o interesse e o talento na arte da guerra.

Também foi irônico que o único descendente em séculos dos Delyon, que mostrou interesse e talento na arte da guerra, tenha usado esse talento para trair a Família Real.

Em alguns momentos, devido a rapidez em que tudo ocorreu, Amélia sentia que era difícil de acreditar que ela havia se tornado a Imperatriz de Callisto. Enquanto Amélia estava perdida em pensamentos, Alice se aproximou.

- Majestade, comandante Paznic deseja falar com a Senhora.

- Certo, diga a ele que já estou indo - Amélia respondeu enquanto devolvia o livro ao seu local.

Comandante Paznic, ou Conde John Paznic, é o braço direito de Maximilian e de Amélia e também o atual Comandante do Exército Imperial. Foi um dos líderes do golpe junto com o Príncipe, sendo também noivo de Alice.

Leva pouco tempo para Amélia chegar ao escritório pois, por sua ordem, ele foi alocado para o mesmo prédio da Biblioteca Imperial, assim que entra ela percebe que as empregadas já serviram seu chá preferido junto com alguns lanches para acompanhar, o que a faz ficar satisfeita.

- Comandante, o que o traz até mim? - Amélia fala se acomodando na poltrona em frente à John.

- Vossa Majestade, sempre é bom lhe ver! - Ele fez uma reverência - Soube que a Imperatriz está procurando por um marido e não pude deixar de me preocupar.

- O que exatamente lhe preocupa? - Apesar de saber a resposta, Amélia não pode deixar de perguntar, enquanto levava a xícara aos lábios e escondia um sorriso.

- Vossa Majestade não brinque com esse assunto - John suspirou e continuou a falar - Estou preocupado com a segurança de seus futuros pretendentes, pois é de conhecimento geral que Vossa Alteza não admite que alguém chegue perto de Vossa Majestade, especialmente se esse alguém for do sexo oposto. Sem contar que ele já deve estar sabendo pois, a julgar pelo último relatório que recebi, a subjugação começou a avançar mais rapidamente do que o esperado.

Amélia sabia que o que John falou era verdade e até mesmo esperado, mas ela não tinha o porque se sentir responsável quanto a este assunto, afinal foram os Nobres que tocaram no assunto e acordaram a fera chamada Maximilian Delyon Roux-Leblanc.

- Comandante, eu entendo sua preocupação, mas você não acha que essa primavera vai ser muito divertida?

- Vossa Majestade, com todo o respeito, mas a Senhora e o Príncipe são terríveis, tenho certeza de que os Nobres irão se arrepender de terem tocado neste assunto.

Neste ponto John está certo, Amélia parece ser uma pessoa calma e centrada do lado de fora, mas se pudesse mandava todo mundo se ferrar e parar de se intrometer em sua vida e, por conhecer seu verdadeiro eu, John pode falar tão confortavelmente com a Imperatriz, sem enfrentar as consequências por blasfemar contra a Família Imperial, é claro que pesa o fato dele a conhecer desde quando Amélia era uma criança.

Depois de terminarem a hora do chá eles começaram a discutir sobre assuntos de Estado.

Nesse um ano que se seguiu ao Reinado de Amélia, foram enfrentados muitos protestos vindos dos Nobres que não a aprovam e também dos Nobres que foram destituídos de seus títulos, um movimento de rebelião estava se formando entre essas pessoas e, por isso, Amélia e seus Conselheiros devem estar preparados para conter os avanços dos rebeldes.

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Enquanto isso, em algum lugar ao Sul de Callisto, em um acampamento militar...

- Como eles se atrevem... - O Príncipe falou enquanto lia o relatório enviado por seu secretário - Esses canalhas... Só porque eu não estou lá eles ousam falar do casamento da Imperatriz, esses velhos caquéticos.

- Vossa Alteza, acalme-se - O Vice Comandante dos Cavaleiros Imperiais, Pérez, falou.

- Pérez, a partir de agora iremos avançar contra o inimigo com força total, dentro de um mês devemos estar de volta à Capital Imperial.

- Sim, Vossa Alteza - Pérez falou se curvando, saiu da tenda do Comandante e se dirigiu ao centro do acampamento onde seus homens estavam reunidos para repassar as ordens.

Todos sabiam o quanto o Príncipe era superprotetor com a Imperatriz e o que ele poderia fazer por ela, é claro que, como seus subordinados, confiavam no julgamento de seu Comandante, e acreditavam que o homem que se casasse com Amélia deveria ser o melhor e o mais poderoso de todo o Império, ou seja, superior ao seu Comandante. Será que um homem melhor que o Príncipe Maximilian existe? Seus fiéis subordinados acreditam que não.

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Notas da autora:

Paznic vem do romeno e significa guardião.

Um marido para AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora