entre a epifania e a utopia

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    Harry estava relutante se devia cometer o pior erro de sua vida.

   A delegacia desabava e Louis estava invisível. Ninguém os olharia. E Harry sabia onde aquilo iria dar.

    — Não faço planos arriscados — Zain ditou, em frente aos monitores do esconderijo.

     — Foi fácil demais! — insistiu Louis. — O enigma foi fácil demais! E, cacete, eles nem chegaram perto de descobrir!

    Em paralelo, Harry, em todas as possibilidades e temores, por todos os gritos e vidros partidos, jamais pensou que receberia um presente em meio ao caos.

  — Não faço planos arriscados — Zain repetiu.

    Um presente de Louis. No bolso, aquele simples objeto pesava.

    — E, dessa vez, o enigma tá mais complicado — insistiu Louis. — O que garante que não estamos perdendo tempo nisso?

    Um presente que fez questão de lembrar Harry que o inferno se tornava cada vez mais nítido, mais palpável; mais real.

    Através da fria lente, Zain encarou Louis. Impaciente. Furioso.

    — Essa merda inteira foi em vão? — Louis parecia inquieto. — Todo esse tempo, todo esse trabalho... pra nada?

   Harry, ao segurar o presente até o nó de seus dedos ficarem brancos, ele finalmente fez sua decisão.

    Zain, ao ouvir o pranto velado de Louis sem saber como rebater, revelava algo que fazia tempo que não sentia: medo.

    Harry finalmente fez sua decisão. Cometeria seu erro fatal.

    — Eles precisam saber de nós. Alguém, de uma forma, tem que nos descobrir.

departamento investigativo,
SCOTLAND YARD

    — Posso sentar? — Simon perguntou.

    Liam concordou. Estava num dos bancos da praça da delegacia.

    Simon jogou sobre o colo do detetive um arquivo. Bem, para ser realista, uma folha de papel.

    — Essa é a ficha do culpado. O protagonista do Caso Exilado.

    O Caso Exilado. O caso em que Simon jurou que iria despedir quem tentar botar as mãos. Porém, ao ver uma única folha de papel, Liam riu, imaginando a decepção em quem fosse despedido por isso.
    
    Havia apenas uma folha sobre o terrorista. Apenas o nome e um desenho fraco do rosto. Era tudo o que tinha. Tudo, sobre uma vida inteira.

    — Queixo bonito, Zain Javadd.

    Sequer havia uma foto.

     — Ao invadirem a empresa, levaram o envelope protegido — resumiu o diretor. — Mas os terroristas deixaram evidências pra trás. Sangue.

    Um desenho e um sobrenome era suas únicas informações.

    — O resultado bateu com um dos funcionários da empresa. Claro, houve uma busca, mas...

    O arquivo com dados que poderiam destruir ou salvar o governo estava nas mãos de anarquistas, mas Liam apostaria que eles não pensaram, nem por um segundo, na 2ª opção.

    — Mas ele desapareceu com outro funcionário. Dandinx Dois.

    Simon parecia ter mastigado essa informação por dias e, ao contar, descia de forma miserável.

    — Zain fez uma identidade falsa pra trabalhar no lugar. Apenas uns dias foi o suficiente.

    Muitos guardas saíram feridos pra salvar o arquivo do governo, trancado a sete chaves que o próprio inimigo sabia todas elas de cor. Trabalhando na empresa com maior segurança do país para ser desvendada em poucos dias e roubar seu item mais valioso. É, Liam não podia negar: o cara é bom.

ENTRE O CÉU E O CHÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora