entre o começo e o fim

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    Manipulação.

    Se acha que tudo que lerá não passa de entretenimento, lição de moral e diálogos ensaiados, então o governo fez um ótimo trabalho.

    Sério, você tem sorte. Tanta sorte que é manipulado e nem percebe.

    Mas assim como eles, você não abandonou a esperança. E com esse sentimento tão ensaiado, tão fantasioso de um mundo melhor, o plano iniciou.

    Ah, e não leve a mal. Eles não são só anarquistas, se é isso que está pensando. Também é preciso ter habilidades, seja elas movidas para o bem ou não.

    Mas o que seria o bem além de uma visão distorcida da realidade? Seja bom, não exploda coisas por aí. Faça o bem, não invada uma empresa multimilionária movido por atos egoístas. A verdade é que eles nunca se consideraram bons mesmo.

    A parte difícil? Não é escolher entre o vermelho ou azul, ou até mesmo não se queimar com a própria armadilha. Na verdade, a parte difícil é provar que um terrorista também pode ser... amigável.

    Louis afundava os pés no acelerador, enquanto Zain já estava dentro da maldita empresa multimilionária, arriscando o maldito pescoço por um maldito papel.

    E quando Louis arremessou suas granadas para destroçar a entrada da empresa, a sirene de alerta foi soada e as armas... bem, as armas foram miradas em si.

    Portanto, antes de ser um terrorista amigável, é preciso ser um terrorista.

    Lá dentro, Zain invadiu o lugar. Se disfarçou como um deles e hackeou o sistema de comando. E, de frente a um cofre prateado, havia apenas uma coisa dentro: um envelope velho e gordo. Zain não pôde conter o sorriso.

    Mas é claro que sua alegria não durou. Os guardas? Ah, merda, é claro. O encontraram.

    De todo modo, essa cena estúpida de um filme ruim de ação não durou muito tempo. Levaram poucos segundos para descobrir o plano dos terroristas, graças a porra da granada de Louis que não estava no roteiro.

    Disciplina? Não, Louis não sabe o que é isso.

    Louis usou suas habilidades sob rodas e fez do espelho retrovisor numa arma letal, entrando a força na empresa, deixando um banho de sangue e lama por onde passava. Poucos pescoços avançaram após ver o estrago que um simples pedaço de metal fazia.

    Lá dentro, onde Zain se encontrava, o estrondoso volume da sirene de alerta não era nada comparado as grades silenciosas que surgiam do teto pra trancar as saídas.

    E como o leitor sabe, uma tropa de guardas cercou Zain. Com as armas miradas em seu peito. Enquanto grades fechavam os corredores. Com o envelope no vão do braço.

    Ao levantar as mãos sob a cabeça, o terrorista também levantou o envelope. Porém, escondido no uniforme que os guardas também usavam, estava um maçarico. Zain não pensou que chegaria a esse ponto, mas lá estava.

    O mestiço o ligou, aproximando do envelope. Todos os guardas recuaram.

    Zain estava com a vantagem e a manipulação, mas não tinha para onde fugir — e isso é pior do que perder.

    Tentar fugir é suicídio e queimar o envelope é ainda mais estúpido que morrer. Zain olhou às janelas, tubulação de ar, corredores... não tinha escapatória.

    Pôde ver a maldita grade descer cada vez mais, com os estúpidos olhares vencedores dos estúpidos guardas. Ele ficaria trancado naquele corredor com os uniformizados e, com sorte, a morte seria o destino mais bondoso que teria.

ENTRE O CÉU E O CHÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora