"Você se lembra do dia em que nos conhecemos? Não consigo recordar daquele dia sem rir. Lembro de olhar pra você e pensar que você era a bagunça mais linda que eu já tinha visto"
🖍️
A camisa tinha o cheiro de Seokjin e esse nem era o maior de seus problemas.
Namjoon insistiu que ele devia passar um pouco de gel no cabelo para que ele ficasse mais "apresentável" para Wheein, então agora seu cabelo tinha o cheiro dele. Toda vez que ele passava a mão pelos fios — inutilizando completamente o gel, mas não anulando seu cheiro — ou ajeitava sua roupa, lá estavam os dois mais velhos, como fantasmas, murmurações do segredo que ele jurava esconder bem até de si mesmo.
De todos os talentos que lhe faltavam, o de mentir nunca tinha sido tão desejado.
Wheein, no entanto, estava linda. Surgiu minutos depois de Taehyung desistir de ouvir qualquer um de seus pensamentos e se concentrar em contar os tijolos quebrados da calçada do cinema. Graciosamente atrasada, a saia plissada em um verde vivo tinha um contraste estranhamente agradável com o suéter lilás que lhe protegia do frio do início do inverno, os cabelos longos estavam bagunçados pelo vento e ela usava apenas um brinco, meias trocadas, cadarços desamarrados.
Taehyung soube naquele momento que aquele seria um daqueles raros momentos que jamais se apagaria de sua memória. A cor gritante de sua saia jamais se desbotaria, o rosa delicado que pintou suas bochechas ao notar que na pressa tinha esquecido de um dos brincos estaria eternamente gravado em detalhes. Wheein se gravou nele desde o primeiro momento e Taehyung não tinha qualquer dúvida de que o que sentiu por ela tinha sido amor.
Wheein fazia seu coração bater tão rápido que ele pensou por várias semanas estar sofrendo de alguma cardiopatia grave. Ele se sentia quase desesperado pela forma como todo seu corpo passava a agir de forma enlouquecida sempre que ela jogava a cabeça para trás e gargalhava da forma mais genuína que ele já tinha visto, a covinha enfeitando seu rosto, roubando sua tranquilidade ao mesmo tempo em que o inundava em calmaria.
Ela era o completo oposto dele porque Wheein nunca teve medo de ser quem ela era. Era como ter uma super-heróina particular. Como ter o privilégio de estar apaixonado por um fenômeno da natureza e descobrir que era mútuo.
Naquela tarde, em frente ao cinema, enquanto ele a ouvia contar sobre o brinco esquecido, ele soube que jamais a esqueceria.
Era nesse encontro que Taehyung pensava enquanto esperava Hyejin voltar do balcão da cafeteria com suas bebidas. Mas ele permitiu que ela o envolvesse em uma conversa trivial sobre a marca de shampoo que ela estava usando assim que ela se sentou à mesa.
Existem pessoas tão acolhedoras quanto o Sol. Hyejin era o Sol de uma bela manhã de verão e Taehyung se sentiu terrivelmente grato pelo calor.
— Yeonjun está ótimo! — ela falou enquanto girava entre os dedos de unhas pintadas sua xícara de chá. O garoto estava na área das crianças aparentemente organizando uma brincadeira com as outras crianças. E ela tinha razão, ele parecia ótimo.
— No início tive medo de que não conseguisse ajudá-lo se fosse preciso, mas ele é muito aberto quanto seus sentimentos — Taehyung falou enquanto o observava. — Quando ele está triste ou com saudades da mãe ele me procura e pede por um abraço ou um copo de leite quente. Se está feliz ele me diz que está e pergunta se eu também estou, se estiver aborrecido, entediado, aflito... Então eu só preciso estar lá para escutar. É fácil ser pai do Junnie.
Hyejin sorriu com um olhar gentil que esquadrinhava o rosto do outro, como se ela estivesse observando algum alienígena de um planeta distante. Taehyung se sentia um pouco estranho sob aquele olhar, mas se manteve firme. Ele sabia muito bem como é ser analisado.
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Garatujas | TaeNamJin
Fanfiction[CONCLUÍDA] Taehyung deixa seu país natal para fugir de uma paixão fadada ao fracasso por seus dois melhores amigos, mas seis anos depois ele precisa retornar à Coreia do Sul ao descobrir a morte de sua ex-namorada e a existência de um filho. Enquan...