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[P.O.V Autora]

Já haviam se passado dois dias desde que Minho havia começado à ter suas refeições nas áreas comuns, entretanto, ele nunca falava com ninguém. Sana e Chan agora dificilmente apareciam pelo pátio, vez ou outra o Lee via eles entrando e saindo bem rápido dali, como se não quisessem contato com ninguém, e quando Minho tentava chamar eles, ou não ouviam, ou ignoravam. Será que havia feito algo de errado...? Sulli afirmava que Minho não tinha feito nada, que eles só estavam um pouco afastados dos demais devido às novas mediações, já que poderiam ter algumas reações ruins à elas. Mesmo isto não impediu Minho de ter diversas crises e novamente machucar seus braços, os deixando em carne viva. Durante aqueles dias que novamente ficou sozinho, não quis ter contato com mais ninguém, tinha medo de se afastarem assim como Chan e Sana, e isto gerou uma certa preocupação em sua cuidadora, Sulli.

─ Minho, eu tenho certeza que Sana e Chan amaram você! Eu já te disse, eles só estão sofrendo de alguns efeitos colaterais dos novos remédios! ─ Explicou pela milionésima vez, novamente sentada na cama do menor enquanto este procurava um abrigo quentinho em baixo das cobertas. ─

─ Eles me odiaram, eu deveria ter ficado no meu quarto! ─ Resmungou. ─

─ Eles não te odiaram! Enquanto eles estão um pouco mal, porque não tenta falar com outras pessoas?

─ Não! Elas também vão me odiar. ─ Reclamou outra vez, parecia uma criança fazendo birra, e Sulli até que achou um tanto quanto engraçado. ─

─ Por favor, vamos...

─ Não.

─ Tá bom, então que tal assim: Você tenta falar com pelo menos uma pessoa nova hoje, e se conseguir, eu posso tentar pegar algum pudim extra para você lá na cozinha. ─ Minho se descobriu tão rápido que a mulher até se assustou, dando um pulinho para trás. ─

─ Promete?

─ Prometo.

─ Okay, eu vou só pelo pudim. ─ Disse colocando suas pantufas e se levantando da cama, tendo Sulli lhe encarando com um sorrisinho satisfeito. ─

A enfermeira levou Minho pelos corredores até estar novamente no pátio lotado, depois de algumas vezes no local, já estava acostumado à ter tantas pessoas ao seu redor, até conhecia algumas pessoas por ver elas constantemente e pelas descrições detalhadas de Sulli. O Lee se sentou em uma mesa afastada após ele mesmo ter pego seu café da manhã, focando em se alimentar devidamente e aproveitando para olhar ao seu redor à procura de boas pessoas para conversar. Todos por ali pareciam já estar bem integrados em grupos específicos, talvez até o aceitassem como um novo amigo, entretanto, o garoto não queria se intrometer na amizade deles e acabar sendo um incômodo.

Analisando de forma mais ampla o local, notou o mesmo garoto que havia visto da janela de seu quarto, ele continuava lá, sentado na grama, sozinho como sempre... Minho sentia algo por aquele garoto, não exatamente pena ou dó, mas compreensão. Se ele tinha algum problema com socialização, o Lee poderia ajudar se ele quisesse, afinal, havia passado boa parte de sua vida lutando contra suas fobias para agradar aos pais; Minho também poderia ser só um amigo silencioso ou não, não impostava, só sentia uma extrema necessidade de conversar com o garoto.

Deixando pelo menos metade de seu café da manhã para trás, Minho saiu de sua mesa e percorreu o pátio barulhento, até enfim não ter mais seus pés sobre o cimento e pisando ainda com suas pantufas na grama húmida. O Lee sentiu um certo receio ao se tentar se aproximar do garoto, cogitando voltar para seu lugar e esquecer a história do pudim, até que jogou tudo para os ares e finalmente foi tentar conversar com ele.

─ Oi, hm... Eu posso sentar aqui? ─ Perguntou um tanto quanto ansioso, recebendo apenas um aceno positivo e se sentando na grama também. ─ Tudo bem com você?

─ Sejamos sinceros, ninguém que está aqui está bem. ─ Respondeu com uma risada seca no final, ainda encarando o mundo á sua frente sem olhar diretamente para Minho. ─ 

─ Oh, você tem razão... ─ Disse sem graça, porque não voltou assim que teve a chance? O Lee estava morrendo por dentro. ─ Me chamo Lee Minho, e você?

─ Lee Felix. 

─ Que coincidência nossos sobrenomes, não é?

─ Hm. ─ Resmungou ainda meio distante, em seguida soltando uma pequena risada, está até um pouco menos forçada. ─ O que você veio fazer aqui, Minho? 

─ Eu? B-Bom, eu só queria conversar com você porque vi que também estava bem sozinho, mas acho que estou te perturbando, perdão, eu já estou indo-- ─ Quando Minho ameaçou se levantar, Felix tocou suavemente seu braço e finalmente lhe olhou nos olhos. ─

─ Fica, por favor, ninguém nunca vem falar comigo... ─ O Lee se sentou de volta um pouco confuso. ─ Eu só achei muito estranho você falar justo comigo, sabe? Alguns diriam que eu não sou a melhor companhia. 

─ Porque falam isto? Sei que começamos com o pé direito, mas você parece alguém simpático. ─ Afirmou, tendo novamente Felix olhando para algo á sua frente, mas nunca nada em específico. ─ O que faria de você uma companhia ruim?

─ Você deve ser novo aqui, e com certeza muito bem comportado. ─ Disse desta vez brincando com os próprios dedos da mão, talvez tentando controlar algum ataque ansioso. ─ Minho, acho que não sabe bem como as coisas funcionam por aqui. Não sou boa companhia pois eu sei a  verdade deste lugar. 

─ Qual verdade? ─ Questionou aflito, aquela conversa estava começando á lhe dar medo, mas não de Felix, e sim do lugar que estava. ─ 

─ Aqui não é seguro para conversarmos. Saia de seu quartos ás onze da noite e me encontre na área de lazer á céu aberto do segundo andar, cuidado para sua enfermeira não lhe ver. ─ Felix se levantou e começou á dar passos para longe, em direção ao pátio. ─ 

─ Espere! Por favor, me diga pelo menos se estou correndo riscos aqui. ─ Pediu em seu tom de voz mais baixo para somente Felix escutar. ─ 

─ Não confie em ninguém. ─ Disse antes de sair dali com um sorriso no rosto ─ Foi um prazer te conhecer Minho, até a noite.

Bom, talvez Lee Minho estivesse se metendo em mais problemas do que já tinha, entretanto, se aquele lugar não era seguro, teria que saber o quanto antes...

Continua...

Mask [MinLix - Stray Kids]Onde histórias criam vida. Descubra agora