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[P.O.V Autora]

Minho andava pelos corredores da clínica amedrontado. Antes os corredores nos quais passava diariamente eram revestidos por tons brancos e cores mortas, mas ainda dando algo vivo para o local, agora o lugar por qual andava não passava de paredes brancas mofadas. Antes de sair da sala de artes, Felix lhe encarou assustado e sinalizou para o quadro, indicando que não deveria ter feito isso, e tudo que pode ver antes de ser arrastado dali foi uma pequena lágrima descendo pelo rosto do Lee, temendo pelo recém feito amigo. Minho soube que estava completando ferrado assim percebeu que seu quadro saia completamente da "Idéia Feliz" que aquele lugar propunha, e ao descer cada vez mais para o subsolo da clínica, sabia também que as coisas começariam à ficar complicados dali para frente.

Dois homens praticamente lhe arrastavam pela clínica sem o mínimo de delicadeza, e só pararam de andar quando chegaram em uma porta grande e velha, como um calabouço, e o jogaram lá dentro. Minho esperava que ficaria preso, mas para sua surpresa, uma mulher totalmente vestida de branco apareceu, com um pequeno crachá escrito "Diretora"... Bom, talvez as coisas não estivessem também ruins assim.

─ Lee Minho, certo? ─ Perguntou com a voz completamente sem emoção. ─

─ Sim. ─ Respondeu incerto. ─

─ Bom, você sabe porque está aqui, seu quadro ficou bem... Estranho, se me entende bem. ─ A mulher se aproximou do Lee, que estava encostado em uma das paredes da sala, perto da porta. ─ Porque fez algo como aquilo? Estava perturbado? Pensando em se automutilar ou algo do tipo?

─ Eu só fiz aquilo porque estava com raiva, um pouco perturbado, mas não queria me machucar!

─ Entendo, mas ainda sim, estava perturbado, certo? ─ Minho assentiu sem saber ao certo o que ela queria, temia estar dando respostas erradas ou falando demais. ─ Bom, podemos resolver isso, tenho certeza que você ficará muito melhor depois.

A mulher acenou para alguém atrás de Minho e logo outros dois enfermeiros o agarraram por trás e começaram á o arrastar para uma das outras portas na sala, vendo outros enfermeiros virem logo atrás. Assim que a porta foi aberta, o Lee pode notar duas banheiras presentes no local, uma tão quente que podia ver fumaça sair dela e outra cheia de água fria com cubos de gelo, e logo Minho se lembrou do que Felix havia lhe dito, sobre as torturas que passou naquelas banheiras...

─ Coloquem ele na banheira quente primeiro, hoje está bem friozinho, não acha, Minho? ─ A mulher questionou com um sorriso diabólico. ─

─ Por favor, não façam isso! E-Eu prometo que não farei mais nada do tipo! ─ Disse desesperado ao ser arrastado para perto das banheiras. ─

─ Promessas feitas para se livrar da dor nunca são confiáveis, mas aquelas feitas depois de sofrer, são as que mais valem. Coloquem ele.

Minho gritou quando sentiu sua pele entrar em contato com a água escaldante, se debatendo e tentando se livrar dali o quanto antes, entretanto, os enfermeiros que lhe seguravam eram fortes e persistentes, por isto só conseguiu gritar ao sentir seu corpo ser praticamente cozido. O Lee foi retirado da água quente e jogado na banheira de água fria, sentindo uma dor pior que antes, seu corpo ainda estava quente, e além da sensação do gelo queimando sua pele, tinha aquela péssima sensação do choque térmico.

─ Me tirem daqui, por favor! Isso dói, por favor, me tirem daqui! ─ Gritou angustiado, sentindo lágrimas banharem seu rosto. ─

─ Acho que ainda não entendeu o que precisa fazer, Minho. ─ Novamente aquele sorriso demoníaco veio aos lábios da mulher. ─ De novo.

E novamente, Minho foi jogado na banheira de água quente, só podendo gritar por ajuda e misericórdia, preferia estar morto do que sentir aquela dor de novo. Mais uma vez o Lee foi jogado na água fria, desta vez, ela parecia doer mais, parecia estar cheia de lâminas que cortavam seu corpo de dentro para fora, Minho só queria que aquilo acabasse logo.

─ Eu imploro! Me tirem daqui! Eu nunca mais irei fazer desenhos como este! Nunca pensarei em me machucar, mas eu lhe imploro, me tire daqui! ─ Minho viu a mulher lhe encarar de forma tão fria como aquela banheira. ─

─ Ouvir vocês implorando é como música para meus ouvidos... Soam tão bobinhos e indefesos, não sabe como é satisfatório ouvir suas lamurias. ─ Ela foi até o Lee e tocou seu queixo, sorrindo novamente e saindo de perto deste. ─ Tirem ele e o levem de volta para o quarto. Informem a enfermeira dele que deve deixar ele sem janta hoje.

Minho nem questionou as decisões dela, não queria sentir mais dor após ter o alívio de ser retirado na banheira e colocado em uma cadeira de rodas. O Lee mal conseguia manter seus olhos abertos, se sentia exausto e como muitas dores para fazer algo além de piscar, e nem se quer reclamou quando algum enfermeiro veio trocar suas roupas e finalmente o levar para seu quarto. Já em sua cama, Minho sentiu seus olhos pesarem e o corpo implorar por alimento, porém este não conseguia proferir nem um palavra se quer, e optou por apenas fechar seus e dormir para tentar esquecer os acontecimentos de hoje.

[...]

Já deveria se passar da uma da manhã quando Felix conseguiu escapar de seu quarto para ir atrás de Minho. Sabia que ele deveria ter passado pelas salas de tortura, não saberia dizer qual, por isto deu um jeito de roubar ataduras e pomadas da ala médica e levar consigo para o quarto do outro. Imaginando que este não havia comido, guardou um pouco de seu jantar para Minho e levou consigo também, temendo saber o estado que o Lee maior estava. Ao que Felix entrou no local após destrancar a porta com um grampo de cabelo roubado de uma enfermeira, notou o jovem deitado em sua cama de forma desleixada, deixando um suspiro tristonho sair de seus lábios.

─ Min... ─ O menor chamou, deixando tudo o que havia trago na escrivaninha ali ao lado. ─

─ Hm... Lix? ─ Questionou confuso e temeroso, olhando ao redor com assustado. ─ Você não deveria estar aqui, eles podem te pegar, podem te machucar... Aquela moça vai nos machucar de novo!

─ Respira, Min, vai acabar tendo uma crise ansiosa desse jeito. ─ Felix passou a mão por seu rosto devagar, fazendo um carinho suave. ─ Ela não vai vir nos machucar, okay? Vou cuidar para que isto não aconteça. Está tudo bem agora, tá?

─ Tá. ─ Respondeu mais calmo, abraçando Felix e suspirando aliviado antes de ouvir sua própria barriga roncar. ─

─ Trouxe comida para você, imaginei que te deixariam sem comer. ─ Felix lhe entregou um pote com um pouco de arroz e purê de batata, algo sem graça, mas que era melhor do que nada e Minho aceitou de bom grado, comendo com gosto aquela comida sem sal. ─ Minho... Poderia me dizer o que fizeram com você?

─ Bom... Eles me colocaram naquelas banheiras estranhas de água quente e fria. ─ Seu corpo se arrepiou inteiro ao lembrar-se da tortura de mais cedo. ─ Queimaram meu corpo inteiro...

─ Poderia me mostrar os piores lugares? Trouxe pomada e ataduras, posso cuidar de você se quiser.

Minho não pensou duas vezes antes de assentir e mostrar as terríveis queimaduras de seus braços e pernas, tudo doía como um inferno, e se Felix queria e poderia cuidar se si, aceitaria de bom grado. O Lee menor tocou com cuidado o corpo do maior, passando a pomada nas piores queimaduras e as enfaixando, pois haviam menores por todo o corpo, os quais passava a pomada superficialmente. Vez ou outra, Minho resmungava de dor, apertando a mãozinha de Felix para não acabar gritando alto demais e chamar a atenção dos enfermeiros do bloco. Ao que o Lee menor terminou de enfaixar todas feridas, as quais não eram poucas, Felix sorriu para o maior e tocou seu cabelos para o fazer abrir seus olhos.

─ Prontinho, Min, já acabou. ─ Disse com um sorriso meigo, entretanto, Minho não conseguiu retribuir, sentindo mais lágrimas banharem seu rosto. ─ Ei, ei, ei. O que houve? Está doendo em mais algum lugar?

─ Eu quero ir embora daqui, Lix. ─ Disse choroso. ─ Me tire daqui por favor... Eu não quero passar por aquilo de novo, doeu tanto...

─ E não vai passar, Ho, eu prometo. ─ Felix abraçou o maior, tomando cuidado com os ferimentos deste. ─ O festival é em alguns dias, e eu já tenho um plano.

Continua...

Mask [MinLix - Stray Kids]Onde histórias criam vida. Descubra agora