CAPÍTULO XI - Especial

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Por nenhum momento duvidou de que Summer estivesse certa, que Aléxandros mesmo era quem tinha falado a ela sobre o marido escolhido por Papa. Pétros, provavelmente, se preocuparia muito pouco com o comportamento dela, mas Aléxandros era o guardião do nome e da honra da família, o qual ocupava uma posição que lhe permitia moldá-la aos padrões, a seu ver, necessários, para se tomar a esposa de um Magnus.

— Como um cavalo de circo ou uma marionete! Me tornei um simples objeto, um prêmio para que os dois... — Gritou Rania, esmurrando o chão, cheia de raiva e frustração. Praguejou em voz alta contra a sua tolice por ter vontade de chorar ao se lembrar das atitudes gentis que Aléxandros era capaz de ter. A seu modo, ele era tão charmoso e sedutor quanto Pétros, talvez ainda mais, e certamente muito mais perigoso.

Os sapatos novos continuavam machucando os seus pés e ela tirou-os e segurou-os por um momento, lembrando-se de quem os ganhara. Então, num súbito impulso de raiva e desespero, jogou-os dentro da caverna.

— Que gesto dispendioso minha jovem senhorita!

Rania virou-se rapidamente e mal conseguiu ocultar o seu desapontamento por não ser Aléxandros quem havia parado logo atrás dela.

— Você vai me achar muito intrometido se me sentar a seu lado? — perguntou o homem.

Rania concordou automaticamente, sentindo uma vaga ansiedade. Olhava para ele com curiosidade. Só quando ele virou o rosto contra o sol e Rania pôde ver-lhe as feições mais claramente, foi que percebeu quem ele era. Seu coração disparou. Tinha certeza de que o homem que se sentara a seu lado era o mesmo que vira em duas outras ocasiões: no porto de Atenas e em Acrópole.

Ele era alto, muito magro e tinha as mãos longas e ossudas. Ela o conhecia de algum lugar mais especifico? Rania observou-o o quanto pôde sem que ele percebesse. Devia mesmo ser um dos artistas da comunidade, pois havia uma mancha de tinta em uma das pernas de sua calça.

Era muito bonito para um homem de sua idade, pois devia estar perto dos cinquenta e cinco anos. Tinha feições de uma perfeição clássica. Ele virou a cabeça é sorriu como se soubesse do interesse que despertava nela. Rania não podia imaginar onde o vira antes, mas mesmo assim a sensação de forte familiaridade ainda persistia.

Ele indicou os sapatos que ela jogara fora com um erguer de cabeça, mas não havia censura em seus olhos castanhos; ao contrário, pareciam levemente divertidos.

— Você tem algo contra aqueles sapatos?

— Estavam me machucando. E não têm nada a ver comigo, são sapatos feitos para se usar na cidade grande.

— São sapatos muito caros, eu diria.

Rania viu-os sobre as pedras e recordou-se então de como tinha ficado satisfeita ao comprá-los. A lembrança deixou-a inquieta. Sacudiu os ombros como se os sapatos não valessem nada, sem querer admitir que uma raiva súbita de Aléxandros é que a levara a jogá-los fora.

Prisioneiro do Tempo - Série Intensos por Natureza - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora