Ângela subia as escadas, seus passos ecoando pelo corredor silencioso da casa, enquanto sua mente era dominada por pensamentos tumultuados, cada degrau uma jornada através de sua própria tormenta interior. Cada movimento era marcado por uma aura de inquietação, como se ela carregasse o peso do mundo em seus ombros. Seus olhos, normalmente vivos e atentos, agora perdidos em um horizonte invisível, alheios ao ambiente ao seu redor.
Em sua mente, as palavras da mensagem da caixa dançavam, lançando sombras de incerteza e preocupação. Cada passo era um esforço para afastar esses pensamentos intrusivos, mas eles persistiam, como sombras insistentes em sua mente.
Foi assim que, mergulhada em seu próprio mundo, Ângela não percebeu o último degrau à sua frente. Seu pé colidiu com ele de forma inesperada, desencadeando uma série de eventos rápidos e caóticos. O mundo pareceu desacelerar enquanto ela era arremessada para frente, o ar escapando de seus pulmões em um suspiro surpreso. O impacto contra o piso de madeira foi brutal, uma explosão de dor que reverberou por todo o seu corpo.
Ângela cerrou os olhos com força, uma mistura de choque e agonia estampada em seu rosto. Seus lábios se contorceram em uma careta de dor, enquanto ela lutava para conter o gemido que ameaçava escapar de sua garganta. Cada centímetro de seu ser parecia gritar com a intensidade da dor, seu corpo tenso e rígido contra o chão frio.
O som da queda ecoou pelo corredor, um eco assustador que cortou o silêncio da casa. Foi o suficiente para despertar a preocupação de Suzana, que imediatamente correu para cima, seus passos rápidos e decididos ecoando em harmonia com os batimentos acelerados de seu coração.
Ao alcançar a cena, Suzana se viu tomada pela aflição ao ver a filha caída no chão. Seu coração apertou-se com a preocupação enquanto ela se ajoelhava ao lado de Ângela, seus olhos varrendo rapidamente o corpo da garota em busca de ferimentos visíveis.
-Ângela, se machucou? -Pergunta Suzana preocupada subindo os degraus lentamente a medida que a loira se levantava. Ela se aproxima segurando o braço da sua filha assim a deixando equilibrada, uma vez que a dor que a garota sentia na sua costela ainda a deixava aflita. Pouco a pouco, ainda desconfiada da sua mãe, Ângela se solta dela. -Ângela, tem certeza que está bem? -A garota apenas abana a cabeça indicando estar tudo bem.
Ângela soltou um suspiro enquanto sentia a dor latejante em sua costela direita, sua mão esquerda pressionando suavemente o ponto dolorido em sua lateral.
Ao se aproximar da porta do quarto, o olhar atento de Suzana capturou imediatamente a angústia nos olhos da filha. Um suspiro escapou dos lábios da mãe, uma expressão de preocupação se instalando em seu rosto.
-Estou bem -disse Ângela, enquanto segurava a costela com a mão esquerda.
-Ângela... -disse a mãe quando sua filha se aproximou da porta do quarto dela. Notando que Ângela não estava bem, Suzana deu um suspiro.
Ângela empurrou a porta do quarto com cuidado, seus movimentos agora cuidadosos para evitar qualquer ruído repentino que pudesse irritar sua mãe. Uma vez dentro do quarto, ela fechou a porta lentamente, lembrando-se da reação severa de Suzana a barulhos excessivos. Uma lição aprendida da última vez, quando a porta foi confiscada por uma semana inteira como forma de "educação", como sua mãe gostava de chamar.
Com um suspiro de alívio, Ângela se dirigiu à sua escrivaninha, seus pés descalços deslizando pelo chão frio. Ela pegou uma folha solta, sentindo a textura lisa e macia do papel entre os dedos. Com cuidado, ela se sentou na beira da cama, apoiando as costas na cabeceira enquanto os pés encontravam um apoio confortável no colchão.
A folha repousava em seu colo, pronta para receber os traços de suas palavras e pensamentos. Ângela mergulhou naquele mundo de papel e tinta, sua mente encontrando refúgio nas linhas e curvas que davam vida à sua imaginação.
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Superficial
Misteri / ThrillerEm uma cidade pequena denominada Bogintoon, vivia Ângela juntamente com Suzana, sua mãe. Desde sempre Ângela nunca interagiu com as outras crianças, não porque não queria, mas porque não conseguia, Ângela vivia isolada em sua propia casa e todas as...