Lembranças

67 8 7
                                    




— Armin, eu ainda mato aquele imbecil! — Eren gesticulava afobado enquanto estava sentado no único fast food da cidade. — Aquela cara de cínico dele, gostaria muito de arrastá-la no asfalto.

Nesse momento o Arlert se engasgou com o refrigerante que tomava, tossindo algumas vezes com o descontentamento imprevisível do melhor amigo. Era incomum — para não dizer raro — Eren não gostar de alguém. Ele era o tipo de pessoa que se dava bem com todos: ajudava idosos a atravessarem as ruas, tinha um talento excepcional com crianças, sabia conversar com qualquer um sobre qualquer assunto. Era a pessoa conhecida de cidade pequena que todos conheciam e falavam bem.

Mas, naquele momento, a verdadeira natureza de Eren estava a mostra e o loirinho poderia dizer que sentia orgulho de conhecê-lo tão bem: quando nervoso, Eren comia mais que o normal — se é que isso fosse realmente possível, já que o moreno era uma máquina e devorava tudo que via pela frente — e xingava todos os acervos de palavrões disponíveis no planeta, além dos grandes olhos verdes emitirem seu pior estado de espírito.

— Eu ainda não entendi o motivo de vocês brigarem tanto — o loiro comentou enquanto mordia uma batata. — Quer dizer, você disse que ele foi o seu primeiro amorzinho de escola — Armin continuou com um sorriso tenebroso ao ver Eren mexer-se desconfortável —, isso é adorável! Vocês tinham quantos anos? Quatorze?

— É, por aí — Eren naquele momento sentiu as bochechas queimarem levemente e ele soube que havia corado. — Mas o que eu quero dizer é, ele é um ridículo, tampinha, que se acha demais! Você tem que ver como ele é dissimulado! Como pode ele me xingar e depois virar para Petra sorrindo como se absolutamente nada tivesse acontecido?

— Ele só não envolve pessoas que não tem nada a ver com as birrinhas de vocês — Arlert deu de ombros, chupando o refrigerante no canudo.

— Ele é um psicopata! — Eren colocou a mão no queixo pensativo e Armin se engasgou mais uma vez naquele dia com as suposições loucas do amigo. — É igual aqueles documentários de serial killer! Ele parece uma boa pessoa para os outros, mas somente a vítima sabe quem ele é de verdade! Ele quer me matar!

— Eren, calma! — o loiro revirou os olhos, sabendo o quanto o Jaeger poderia claramente ser exagerado. — Vocês só não se bicaram depois de tanto tempo sem se verem, é normal. Quer dizer, foram mais de dez anos, vocês amadureceram e se tornaram adultos. É normal as indiferenças.

— Sem chance! — Eren cruzou os braços, completamente revoltado.

— Tá, me conta sem dar chilique. Como vocês chegaram a esse ponto de brigarem? Ele invadiu o seu quintal e aí?

O castanho bufou e revirou os olhos, contando todo o caso de como Levi havia invadido o seu quintal, como ele acusou Eros de ser um gato abusador, de como ele o ameaçou de morte dizendo que o empalaria com o cabo da vassoura — Armin riu horrores dessa parte — e como ele o xingava sempre que tinha a oportunidade.

— Eren, faz só uma semana que vocês estão trabalhando juntos. Não acha isso exagero? Só começaram com o pé esquerdo, poderia tentar se aproximar — o loiro propôs. — Por exemplo, amanhã vocês irão no terreno da cafeteria, não é? Poderia tentar puxar algum assunto.

— Exagero? — o moreno arqueou as sobrancelhas. — Armin, quando você o conhecer, você vai ver o quão cínico ele pode ser! Ele sequer falou nada sobre nossos nomes! Eu tenho certeza que ele sabe, que ele se lembra!

Então como se naquele momento as coisas se encaixassem melhor na mente do loiro, ele apoiou o rosto nas mãos ao ver que talvez todo o show que Eren estava dando era, provavelmente, devido a Levi não se lembrar dele.

SETEMBROS ( ERERI - RIREN )Onde histórias criam vida. Descubra agora