— O que você tá fazendo aqui? — Levi perguntou no automático, apertando as mãos nos joelhos.— Eu falei que viria ontem — Erwin se aproximou e Levi engoliu seco, sentindo o pulso acelerar enquanto tentava controlar sua ansiedade. — Quer conversar aqui ou em outro lugar?
— Não temos mais o que conversar — Levi mordeu o próprio lábio, não olhando diretamente para Erwin e nem para Eren.
— Claro que temos — a voz autoritária fez Levi suspirar fundo. — Você vai me ouvir, seja aqui ou em outro lugar. Vamos, estou te dando a opção de escolher onde quer fazer isso.
Naquele momento, Levi sentiu que levou um tapa na cara da vida. O sentimento de euforia que sentiu no fim de semana ao lado de Eren, os sentimentos de alegria e felicidade que juraram que não o abandonaria mais simplesmente se afastaram, soltaram de sua mão de forma brusca, o empurrando para a culpa e o arrependimento o torturarem mais uma vez.
Ter Erwin na sua frente novamente fez com que a realidade batesse na sua cara, um tapa dolorido que ardeu em pura vergonha de si mesmo. O que estava fazendo com a sua vida? Traindo seu namorado, se envolvendo romanticamente com Eren daquela forma, se declarando para ele e pedindo para terminar com Erwin?
Aquilo era errado em tantos níveis e mostrava exatamente a pessoa que era, refletia como seu caráter estava distorcido a ponto de estar naquele tipo de situação, de se colocar no meio daquele cenário que um dia terminaria em alguma tragédia.
Se iludiu pensando que poderia ser feliz e livre algum dia na sua vida, que abandonaria fantasmas de um passado e que deixaria de ouvir palavras que o machucavam, mas que o acorrentava a situações que só o fazia se sentir mal.
Seu peito se apertou e o nó na garganta chegou a ser sufocante, quase impedindo-o de respirar totalmente. Tudo aquilo que estava sentindo caiu sobre seus ombros como um peso terrível de ser suportado.
Estava se iludindo, iludindo Eren e talvez até mesmo Erwin.
Se iludindo por achar que teria forças para terminar o seu relacionamento de, agora, sete anos. Há dois dias atrás tinha certeza de que conseguiria fazer isso ao enviar a mensagem para o namorado, no dia anterior ouviu a voz dele ao telefone e foi corajoso ao dizer em voz alta que queria terminar e não retribuiu a pequena declaração de "eu te amo" por mais que aquilo tenha mexido muito consigo, mas agora que ele estava a sua frente a coragem parecia ter escorregado pelos seus dedos e sua voz não saía.
Nem notou quando seu pulso foi pego pelo namorado, só naquele momento sentindo algo frio tocar sua pele, e ao olhar para o dedo de Erwin viu a aliança que há muito tempo ele já não usava. Seus olhos ficaram presos no anel prateado, se recordando das vezes questionadas sobre a ausência dele no anelar do Smith e agora ele estava... simplesmente ali.
Como há anos esteve.
Sentiu o coração apertar e acelerar ao mesmo tempo.
— Levi? — a voz de Eren ecoou pelo local, preocupada, fazendo com que Levi o visse próximo, ao lado de Erwin. — Está tudo bem? Seu rosto está muito pálido.
Levi viu o momento que uma mão de Eren fez um movimento automático e teve a súbita sensação que ele iria tocá-lo, checar se estava tudo bem... mas ela caiu de novo para o lado do corpo grande do moreno.
Seus olhares se cruzaram e Levi esperou encontrar um olhar de decepção em Eren, mas isso não aconteceu. Havia preocupação e dúvida estampada nas duas esmeraldas, um ar inquieto e angustiante transparecendo pelas feições tão bonitas que ele carregava.
— Ele está perfeitamente bem, não viaja. Isso não diz direito a você — Erwin o encarou com um olhar ameaçador, Eren franziu o cenho no mesmo instante, os punhos se fechando de forma automática. — Vamos, Levi. Melhor conversarmos a sós — e puxou mais uma vez o braço do Ackerman, que fraco e tremendo como estava, foi impulsionado para frente com força, mas ainda assim ficou sentado na cadeira.
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SETEMBROS ( ERERI - RIREN )
Fanfiction[ERERI] Levi se muda de cidade e logo se depara com Eren: seu vizinho barulhento e colega de trabalho. Após um incidente, eles lembram que se conhecem há mais tempo do que imaginavam e acabam desenterrando sentimentos que juravam ser inexistentes na...