Naquele meio de Fevereiro, o frio já não estava mais tão rigoroso, mas durante a noite a fumaça saía da boca das pessoas ao conversarem no sereno. A chuva caía do lado de fora mansa e suave, o barulho gostoso da água batendo contra o telhado e o cheiro característico era presente na casa silenciosa de Levi.Levi estava no seu pequeno home office terminando um dos vários projetos que tinha pendente naquela quinta-feira. Já havia passado das nove e ele queria finalizar aquilo naquela noite ainda, mas estava sentado ali desde às sete e sabia que só terminaria se trabalhasse a madrugada toda. Encostou as costas no assento da cadeira, esticou os braços acima da cabeça e suspirou sonoro, resolvendo fazer uma pausa e tomar um chá enquanto isso.
A casa agora estava tão silenciosa sem a presença dos quatro gatinhos de Psiquê que parecia até mesmo maior sem os filhotes lá e Levi jamais pensou que sentiria falta deles. Havia levado os seus "netinhos" até a clínica de Jean para adoção e ia até lá todas as sexta-feiras para ver se todos já tinham achado um lar. Por mais que não tivesse dado nome para eles — seguindo o que o Kirstein havia orientado —, tinha se apegado mais rápido do que achou possível.
Enquanto colocava a água para ferver no fogo, pegou uma xícara no armário e um sachê de chá que estava dentro de uma caixa em cima do balcão da cozinha e então olhou em volta. Estava faltando alguma coisa ali, na verdade, um serzinho para ser mais específico.
Psiquê não estava lá.
Abaixou o fogo e saiu à procura da gatinha branca pela casa, foi até seu quarto, o home office no outro quarto, no banheiro, mas nada dela. Parou no meio da sala com as mãos na cintura e coçou a bochecha, só então sentindo o vento gelado lá de fora entrar pela janela da sala, oculta pela cortina clara que saía do gesso do teto e ia até o chão.
— Você não fez isso — ele murmurou para si mesmo, como se Psiquê fosse ouvi-lo de alguma forma.
Sabia que sua gatinha não fugiria, mas seu medo era ela ir longe e não achar o caminho de volta para casa. Como já estava com um conjunto escuro de moletom, achou melhor calçar sapatos para ir procurá-la e antes de rumar para o próprio quarto, sua campainha foi tocada.
Arqueou as sobrancelhas com isso e foi até lá atender, tentando adivinhar quem poderia ser e foi uma surpresa encontrar Eren parado na frente da sua casa com Psiquê nos braços.
— Você está aí — Levi falou para a gata assim que Eren a estendeu para si. Psiquê miou e coçou o focinho com uma pata como se estivesse envergonhada do que havia feito, mas olhou para Eren e depois para Levi como se dissesse "eu fugi, mas olha quem eu trouxe de volta". — Obrigado, Eren. Entra, tá chovendo.
— Achei que pudesse estar preocupado com ela — Eren murmurou ao coçar a bochecha e caminhar para dentro da casa de Levi assim que viu a passagem ser liberada. Não demorou para que o Ackerman a colocasse no chão e fosse lavar suas mãos.
— Acabei dando falta dela só agora, dei uma pausa em um dos projetos e vim fazer um chá, mas não achei ela. A janela da sala estava aberta, ela deve ter escapado por lá... — Levi murmurou ao ir rumo à própria cozinha com Eren ao seu encalço. — Estava saindo para procurá-la agora. Onde ela estava?
— Hum, na minha cama — Levi nem se atreveu a olhar para Eren, suas orelhas ficando ligeiramente vermelhas enquanto estava de costas para ele, tirando a água do fogo e colocando na xícara. — Ela estava com Eros lá.
— Valeu a pena ter castrado ela, se não... — ele soltou um riso seco e ouviu a risada de Eren atrás de si. — Você quer chá?
— Não, obrigado — Eren sentou-se no balcão e viu Levi contornar o mesmo para sentar-se ao seu lado. — Estava trabalhando até agora?

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SETEMBROS ( ERERI - RIREN )
Fanfiction[ERERI] Levi se muda de cidade e logo se depara com Eren: seu vizinho barulhento e colega de trabalho. Após um incidente, eles lembram que se conhecem há mais tempo do que imaginavam e acabam desenterrando sentimentos que juravam ser inexistentes na...