Tudo era como um sonho esquecido a anos, a tensão nula presente combinada ao cheiro marcante de azaleias recém-florescidas estranhamente se destacavam da correria de carros da metrópole. O sentimento de liberdade era constante ao mesmo tempo que as amarras de seu passado não lhe afrouxaram a garganta. Era frequente viver a mercê do medo, e as dúvidas e os "e se" inundavam e nublam sua mente em uma constante incógnita sem resolução.
Grandes estudiosos através dos séculos tentaram estudar e explicar como e porquê de matrês serem tão agressivos e tão fortes quanto um alfa lúpus, e nunca houve respostas assertivas. O medo era tanto que em anos obscuros, matrês eram caçados e queimados vivos em piras, chamados constantemente de bestas e demônios.
Os séculos consecutivos fizeram os apelidos se tornarem reais e com sangue tomaram seu lugar na sociedade. E por tanta violência, foram colocados em coleiras sociais, como animais selvagens que não conseguem conviver sem o alfa. Normalmente controlados com ameaças aos seus filhos.
Muitos dizem que o filho é a fraqueza do ômega, um ponto fraco, apenas isso. E por muito tempo isso foi usado como arma, mas a verdadeira força de um ômega está ali.
Claro que os anos passaram e as coisas aos poucos melhoraram, mesmo que ainda precise de ligeiras reformas, e é isto que o beta, Jiraya Henkaku, pretendia ao entrar no parlamento. Além de afrouxar cada vez mais as amarras dos ômegas, priorizava com toda sua garra a liberdade de amar e ser amado que o preconceito mantém intacto.
— Protesto, Excelência. — o sorriso brilhante surgiu nos lábios finos.
— Prossiga. — o juiz suspirou, claramente derrotado.
O homem se levantou elegantemente, ajustando o paletó sob-medida e completamente alinhado, seu cabelo grande e ondulado estava domado por uma fita prata que combinava com a cor das abotoaduras, quase da mesma cor que seus cabelos. Os olhos quase pretos cintilaram ao ver tantas carancas zangadas à sua frente, ele sabia que era incômodo, e isso o excitava.
— Bom dia, meus queridos, gostaria de frisar a importância dessa reunião. — alinhou os papéis e alguns parlamentares bufaram, fazendo seu sorriso aumentar. — Como sabem bem, por pessoas que se relacionam com seu próprio segundo gênero serem proibidas de serem elas mesmas, muitos estabelecimentos simplesmente não os contratam.
— Mas o que isso tem haver com a Grã-Bretanha? — um alfa desprezível, cujo nome era Danzou se pronunciou.
— Tudo, ministro. Sem empregados, o comércio não funciona. E eu digo com muita propriedade que temos uma comunidade gay bem vasta. — seu sorriso brilhou em meio aos burburinhos. — A taxa de desemprego está cada vez maior, francamente. Não nos assemelhamos a um país de primeiro mundo com este PIB.
—
Faziam-se duas semanas que ia todos os dias para a floricultura de Tsunade, Yan brincava nos fundos do comércio enquanto o dia se arrastava preguiçosamente. Já era segunda quando colocava os crisântemos na vitrine, seu peito encheu com o cheiro molhado que a chuva matutina havia deixado. Era incrível realizar que finalmente poderia sorrir sem preocupação, o mesmo vento que balançava as folhas de samambaia, acariciava seu rosto em uma dança harmoniosa com seus cabelos.
— Mama, olha. — A criança rodava um botão de rosa branca nos dedos miúdos.
— Que lindo, quem te deu querido?
— Titia Ino. — exclamou e saiu saltitando pela loja.
O ômega sorriu para a cena, o vento trazendo novamente o frescor de chuva, fazendo-o encher os pulmões.
— Naruto!
O grito de sua recém-amiga o despertou com um susto.
— Ino. Como você está? — A voz soou graciosa, seu lobo se acalmando gradativamente.
— Estou animadíssima. — disse com uma risada sapeca, o que fez o loiro arquear uma sobrancelha. — O que? não me julgue com esses olhos dourados, uma mulher tem o direito de ficar empolgada com a possível confirmação de gravidez.
O ômega a encarou de olhos bem abertos, visivelmente entusiasmado.
— E então?
— O Sai daqui a pouco chega com o resultado. — A alfa se sentou no banco de madeira disposto perto do balcão. — Ele está tão eufórico quanto eu.
— Eu nem imagino. — sorriu o omega, se aproximando com as mãos no bolso da jardineira carmim. — Minha felicidade quando descobri a existência de Yan não cabia em mim.
Lembranças frescas de um dia ensolarado, onde suas mãos suadas pela onda de calor causada pelo veraneio se misturavam com o tremor do misto de nervosismo e alegria que irradiava seu corpo pelo simples fato de estar sentado em um sanitário com um teste de gravidez positivo em suas mãos.
— O banheiro ficou cheirando laranjas por semanas. — sorriu com a risada da alfa. — Yan foi descoberto em um dia de sol, e seu possível bebe em um dia chuvoso.
— Naru — o sininho da porta soou, trazendo consigo um frescor misturado com jasmins — Querido!
A voz da alfa bradou ao ir em disparada ao encontro do namorado que estava com um envelope nas mãos.
— Reunião importante agora! — Tsunade surgiu imediatamente com Yan no colo, logo após Shikamaru fazer o sino tilintar mais uma vez ao entrar na loja. — Ande logo com isso, o que deu?
O alfa olhou para a beta loira com um sorrisinho sarcástico, abriu o envelope o mais devagar que podia apenas para ver a veia saltando na testa da mais velha que ameaçou se aproximar.
— Ok. — suspirou, visivelmente ansioso, seus olhos passando minuciosamente pelas letras miúdas. — Então... acho que positivo, né?
Ino tomou o papel de suas mãos, relendo várias vezes o exame, era perceptível seus olhos lacrimejantes e o leve tremor nas mãos.
— Eu estou grávida? — Sua voz saiu trêmula, Sai a abraçou enquanto ela soluçava. — Eu estou grávida!
Naruto sorriu para o casal, genuinamente feliz pela notícia que no fundo ele já sabia que era. Foi até seu filho que se jogou em seus braços, farejou seus cabelos e caminhou até a vitrine novamente. Um clarão tomou toda sua mente quando por meia fração de segundos viu o sol em toda sua glória pelo vidro, cabelos escuros e revoltos, e um belo par de ametistas.
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~ as citações de contexto politico dessa história são fictícias.
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Born On My Way - MadaNaru ABO
FanficNaruto é um pai solteiro refugiado na casa do seu melhor amigo, com seu filho Yan de apenas 3 anos, vive uma vida silenciosa na movimentada Londres. Isso até esbarrar com Madara, um alfa lúpus, calado e esquisito que entra na sua vida e conquista a...