Capítulo 12

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A viagem para Manchester foi tranquila, Yan dormiu a maior parte e Noah, um beta de estatura baixa, pele negra e olhos verdes, se disponibilizou para ajudar a cuidar de seu filho. Os três dividiram um quarto do hotel que nada mais era do que um pequeno apartamento com duas suítes e uma sala acoplada a cozinha e Naruto estava muito tranquilo e feliz porque seu filho estava melhor agora. No momento, Noah estava dando banho no menino e pediu para que o ômega pegasse uma troca de roupas limpas. Foi mexendo na pequena mala e encontrou algo que não havia colocado ali. Uma blusa preta de gola alta e manga comprida, era muito grande para ser de uma pessoa qualquer.

Deixou a troca de roupa limpa no banheiro, sorrindo ao ver seu filho brincando com a agua, e então voltou para o quarto segurando a dita blusa. Sentou na sua cama e um pouco hesitante resolveu farejar a blusa. Ainda havia feromônios presos ali, aspirou profundamente, sentindo o cheiro de hortelã e terra molhada invadir os seus sentidos. Uma dor que estava constante no seu ventre nas últimas semanas se intensificou, o fazendo grunhir. Lágrimas formaram nos seus olhos ao sentir a queimação familiar começando a aparecer.

Olhou para Yan que estava saindo do banheiro agora, e foi até ele, e mesmo que sua pele estava doendo feito inferno, ele o abraçou e pediu para que Noah cuidasse dele. O beta entendeu rapidamente o que estava acontecendo e saiu correndo com a criança do quarto. E o ômega pode finalmente ceder a dor de seu cio. Suas pernas fraquejaram e ele foi obrigado a deitar na cama.

— Por que isso logo agora? — murmurou choroso, foi o pior momento que poderia vir.

Sua pele fervia como brasa, puxou a blusa para si como último ato de consciência. Sentia suas lágrimas descerem, grunhindo de dor o tempo todo. Ele nunca havia passado o cio sozinho desde que conheceu seu ex-marido. Ele não sabia como era doloroso e insuportável, uma onda de calmaria passava toda vez que respirava fundo o cheiro do alfa presente na blusa. Desejava internamente que o homem tivesse aqui para ajudá-lo...

...

Tsunade estava ligada no 220 nesse dia, era dia das mães e nesse dia a floricultura era lotada de clientes, Ino andava para todos os lados, sua barriga de quatro meses começando a ficar evidente, ela recebia elogios dos fregueses que diziam que a mulher estava radiante com a gravidez. A alfa por sua vez parecia o próprio sol. O dia agitado acabou tarde dessa vez, Sai chegou e ajudou com o que pôde antes de levar sua namorada para casa e deixar a beta sozinha.

A mulher suspirou finalmente fechando o caixa e tirando seu avental que continha os materiais necessários para o trabalho. Soltou o cabelo loiro comprido que mal ouviu o sino tilintando, só percebeu quando sentiu mãos gentis no seus ombros e um fungar no pescoço a fazendo arrepiar.

— Dia cansativo, querida? — Ela sorriu com a voz, já era rotineiro, por incrível que pareça.

— Nunca vou me acostumar, você se esgueira como uma maldita cobra. — a beta se virou, abraçando o pescoço do homem que era mais alto, observou os olhos enigmáticos amarelos.

— Você é tão romântica que doi... — Ele mostrou os dentes com uma careta, mas logo riu. — Onde está o canalha?

— Ei! — Tsunade o beliscou. — Você que sugeriu isso, e não o chame assim.

O beta a imitou resmungando e revirando os olhos apoiando o queixo no ombro da mulher.

— Viagens de negócios, disse que era muito confidencial e blábláblá.

— Falando em negócios, ainda preciso ficar vigiando aquela nojeira de alfa?

— Com certeza, temos que descobrir o que ele veio fazer atrás do meu Naruto. — disse séria.

— Caralho... você fica muito sexy falando brava assim, Tsuna.

A beta sorriu de canto e empurrou o homem para trás do balcão, era divertido lidar com esses sentimentos novamente depois de tantos anos.

...

Sua cabeça estava uma loucura, migrando da razão para o instinto a cada fração de segundo. Passar pelo seu período de calor vem sendo um desafio cada vez mais intenso conforme sua idade está avançando, no momento ele estava trancado em seu quarto, suas roupas rasgadas por um ódio descomunal espalhadas pela cama, sua pele clara estava brilhante de suor, da sua garganta saia rosnados desconexos. Ouvia seu coração pulsar em seu ouvido, seu lobo insistindo para assumir o controle, mas dessa vez ele chorava e reclamava, sofrido como um cão atropelado, sua raiva misturada de uma tristeza e saudade avassaladora.

Em meio às suas lamúrias e lamentações ouviu um choro vindo da porta do quarto, tentou ignorar por um tempo mas em um lapso de domínio seu lobo assumiu e abriu a fresta, viu apenas uma flecha branca passando para dentro iluminando o quarto escuro. Ainda atordoado foi despertado novamente pelo choro, e o que parecia um animal pequeno e felpudo rolava nos seus lençois. Era um mensageiro*, ele conhecia bem esses pequenos animais, e aquele parecia estar sofrendo. Engoliu seco sua fúria causada pelo calor, e se sentou na cama, viu a criatura subir no seu colo e se esfregar no seu abdômen. Respirou fundo, ele realmente estava com medo daquela mensagem.

— Pode dizer... — Colocou a mão sob a pelagem macia e branca, sua voz estava duplicada no momento e arranhando sua garganta.

O animal por sua vez saltou para o assoalho, sentando de frente para o alfa e então sacudiu seu corpo finalmente transformando em uma criatura específica. Ainda sendo um canídeo, seu focinho mais comprido e orelhas grandes e atentas, os olhos de um azul brilhante como estrelas. A pelagem mais comprida porém permanecia branca, se ele não estivesse enganado, aquela era uma raposa das neves.

— Olá! Vejo que está um pouco perturbado alfa. — Madara apenas rosnou. — Meu nome é Solari. Preciso de ajuda, você entende.

— Não sei como posso ajudar. — Grunhiu, não havia gostado nada dessa visita. Porém sentia Rocco rir.

— Eu não acho prudente te mostrar exatamente qual é a mensagem que eu trouxe, é um pouco constrangedor.

— Mais constrangedor que invadir meu quarto no meio do meu calor?

— Eu não vou te mostrar meu mestre.... Enfim, você virá comigo? — a raposa sacudiu seu pêlo, deixando a marca de feromônios se soltar, assim revelando a identidade do remetente.

— Saia por favor... — assim que o mensageiro sumiu, ele deitou na cama sentindo dor física agora.

Seu nariz farejava sem parar o cheiro de laranjas que agora estava no quarto, sua pele estava quente como brasa. Presas estavam pra fora, fincadas nos lábios abafando seu grito de agonia, deixando uma dor lacerante para trás. O controle estava dobrado agora, pediria para Ethan o amarrar se fosse possível. Ainda mais agora que sabia que um certo omega estava no cio e estava chamando por ele...

...

— Ugh! A américa latina é sempre quente assim?

O homem deixou seu jatinho particular, sacudindo seu paletó para afastar o calor, mas que era irrelevante. Um beta seguia em sua frente falando ao celular no idioma local, o que fez o platinado fazer um bico.

— Ei, Finneas, me responda por favor.

— Desculpe, senhor, achei que estava só reclamando.

— E eu estava. — limpou a garganta ao parar em frente ao homem ruivo de feições abatidas que esperava ambos no aeroporto. — Quanto tempo que não o vejo, Senhor Uzumaki.

— Creio que há mais de 30 anos, como vai, velho amigo? Problemas com o hemisfério sul?

— Com certeza. — afrouxou a gravata ao rir. — Que tal falarmos sobre nosso assunto especial?

— Claro, vamos lá...

...

*Mensageiro: é literalmente o que o nome diz, alguns tipos de originais** podem utilizar mensageiros para levar recados importantes.

**Originais: tipo de humano antigo que deu origem ao universo abo

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⏰ Última atualização: Feb 17 ⏰

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Born On My Way - MadaNaru ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora