Prólogo

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Ele se sentia em constante perigo, seu peito ardia de forma a quase perder o fôlego. Aquela não era, nem de longe a vida que imaginava para si. Pensava grande. Em ter sucesso, pintar diversos quadros, esbanjar as flores de seu jardim que sonhava em ter. Eram pequenos sonhos, mas para um ômega órfão de quatorze anos, era tudo que ele queria. Cresceu em um lugar hostil, onde ômegas mais velhas ensinavam às crianças que, o alfa fala e o ômega obedece. Isso sem contar na descriminação que sofria os betas, quase que esquecidos, como a simples escória da sociedade. O que de fato não eram. Apenas eram banalizados por gerações arrogantes.

Quando completou finalmente seus dezoito anos, guardando em  todo esse tempo  seus pensamentos para si, ele conheceu uma mulher adorável. Uma beta beirando seus cinquenta anos, dona de uma bela floricultura, ali viu o início de seu sonho ganhar forma. Com a oferta de um quarto apertado e um emprego sua vida tinha finalmente seguido o caminho que tanto almejava.

Atendendo sempre com um sorriso grandioso, dos clientes que tinha, fez vários amigos. Inclusive encontrou aquele que seria seu grande amor. Um alfa gentil, cavalheiro e atencioso. Tudo começou com uma rosa oferecida a si, que logo virou um buquê, dentro de exatos oito meses se transformou em um anel de noivado. Naruto havia se perdido nos cabelos escuros ondulados, em seus olhos cor mel, em todas as promessas cercadas de amor e naquele delicioso cheiro de canela. Totalmente fisgado.

Não demorou mais que um ano para que já estivesse casado. Um apartamento simples, um mini jardim, e um caderno de desenhos. Sua vida apenas melhorou, com vinte e quatro anos tinha um alfa que o tratava como um príncipe. Isso durou até quando descobriu sua gravidez. Sua felicidade não cabia no peito, mas isso não era mútuo por parte de seu parceiro.

Naruto percebeu que quanto mais a gestação evoluía, mais Conrad se afastava. Fazia o jantar caprichado, e seu marido nunca aparecia. Sentia apenas o colchão afundando de madrugada e  mãos subindo pelo seu quadril para arrancar-lhe a calça. Ele o usava, e depois virava as costas.

Dormia em prantos toda noite, e a única força que sentia para continuar era a existência do seu bebê, Yan nem havia nascido e já era seu porto-seguro. Tudo piorou quando chegou no sétimo mês. Sua gravidez foi tranquila até uma noite de quinta-feira, quando seu marido o empurrou, tentando forçar algo, porém, Naruto sentia muita dor no ventre naquele momento e pela primeira vez negou o alfa, com medo pelo seu bebê.

Isso enfureceu Conrad de um jeito que xingou o ômega de todas as formas possíveis, além de esbofeteá-lo muitas vezes. O loiro apenas se encolheu protegendo sua barriga, se afogando nas suas próprias lágrimas, nem ao menos percebeu quando já estava sozinho naquele quarto escuro.

Depois de um sono nada revigorante, seu corpo doía, sangue escorria pelas suas pernas e isso fez o ômega se desesperar completamente. Correu em meio à tropeços para o banheiro, se trancando no mesmo. Sua respiração estava desregulada igual a batida de seu coração. Não podia ir ao hospital sem o alfa, apenas porque ele assinava tudo por si, igual a um dono, não era de seu agrado, odiava, mas era obrigado a ser completamente submisso.

Encheu a banheira e se livrou de todas as roupas, deixou que seu corpo fosse envolvido com a água ao mesmo tempo que tocava com toda calma restante sua barriga que parecia ser maior que o normal. Sentiu seu filhote mexer desconfortável pelo aperto. Respirou fundo e com medo resolveu tocar seu corpo para ver se estava tudo bem, foi quando percebeu que estava em trabalho de parto.

Seus olhos lacrimejaram, porém não percebeu quando os mesmos se tornaram brilhantes e acesos, um azul tão vivo. E foi ali, na banheira de seu apartamento que deu a luz ao pequeno Yan, sozinho, apenas na companhia de seu lobo interior. Naruto, apesar de sofrer um pesadelo aquele dia, ganhou dois presentes. Seu filho e a informação que era um ômega matre*, ele não iria mais se submeter, nunca mais. Seu pensamento era apenas este enquanto aromatizava** o recém-nascido.


*são ômegas totalmente protetores e fraternos, eles fazem de tudo por seus filhotes, tem força incomum e podem, de forma não-consciente, se transformar em lobos. São a versão ômega dos  alfas lúpus. 

**ômegas e alfas tendem a aromatizar com feromônios seus entes queridos para acalmá-los. Apenas pessoas muito intimas se aromatizam, trata-se de algo mais intenso que um beijo.

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|Nota| 

Roi, leitores né? rs

Este é apenas o prólogo, espero que tenham gostado, eu não irei mostrar imagens dos personagens, pois quero que imaginem como eles seriam[acho muito mais interessante assim].

Inclusive, conforme cito algumas características do universo ABO, irei explicar no fim igual fiz ali em cima. Pois sei que para muitos esse gênero é completamente novo e cada autor usa ele de forma diferente. 

É isto.

Xx P.

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Born On My Way - MadaNaru ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora