Alma perdida, em busca de abrigo. Em busca de um fim. Digno a si próprio. Despedaçada, repartida, reduzida a sua finita grandeza desproporcional.
Alma que navega em si, em busca de mim. Perplexa por entre as mudanças do cenário que marcam as estações, parada em meio aos universos que se cruzam nas avenidas principais, perdida em meio a bilhões de existências que vagam por ela.
Vazia, oca, sem forma ou conteúdo, navega nos mares fechados, em barcos abstratos, em seu próprio fim. Rumando para si, o próprio sentido, traçando a própria maldição, trancando o próprio caixão.
Alma que apesar de ser, se torna em si, algo tão próprio, único a seu modo, que ao chocar entre diferentes almas, morre, anula-se, desfaz-se à medida em que toca. Desapareceu em desgraça em seu próprio fim, cavou o seu buraco, em um poço de desesperança e desespero. Atirou a pedra em sua fronte, esperando que o sangue a cegasse.
Por fim, morreu, agonizando, em meio a avenida principal, seus gritos desesperados para quem não a ouvia. Por fim, perdida, sem ter para onde ir, rumou seu próprio caminho.