Parte XVII

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No dia seguinte Eliza passa a maior parte do tempo em seu quarto, estava chateada demais com seus pais, sua mãe por diversas vezes tentou falar com ela, porém não teve sucesso em nenhuma das vezes.

Fernando preferiu continuar dando o tempo que ela precisava, ele estava triste também, mas estava disposto a não desistir, porém, não sabia ao certo o que ia fazer. Organizou seu quarto, começou a organizar sua mala, era amanhã que teria que ir embora, seu ônibus de volta era 19h:20min.

Meio da tarde, Eliza pega seu celular e liga para ele.

- Oi, a gente pode conversar? – Questiona ela.

- Claro, onde você quer ir?

- A qualquer lugar desde que seja longe deles.

- Agora?

- Não, a noite, quando eles estiverem dormindo, não quero dar de cara com eles hoje.

- Eles são seus pais garotinha, uma hora você vai ter que encarar eles. – Diz Fernando.

- Você realmente não existe, mesmo depois de tudo você ainda os entende.

- Entender, eu os entendo, porém, não concordo.

- Até mais tarde, garoto.

Eram 21h:00min Eliza percebe que está tudo em silêncio, seus pais já estavam na cama, coloca uma roupa, calça seu sapato e sai, desce as escadas em silêncio em direção ao elevador.

Estavam eles deitados na areia da praia observando a lua, Eliza com a cabeça encostada no peito de Fernando e ele carinhosamente acariciando os cabelos dela.

- Será amanhã? – Pergunta ela.

- Infelizmente sim. – Responde ele.

- E se eu for com você?

- Como assim, ir comigo, você estaria disposta a largar tudo aqui?

- Nada vai fazer mais sentido quando você entrar naquele ônibus amanhã.

- Fico muito feliz por saber que você estaria disposta a fazer isso pela gente, mas não é o certo, você precisa concluir seus estudos e eu não quero encrenca para mim.

- E como vai ser daqui para frente, já te fiz essa pergunta antes, porém ainda não encontrei a resposta.

- A gente vai conseguir, eu te prometo. – Diz ele, mesmo sem ter certeza do que estava dizendo.

- Será que eles nunca vão entender que nós nos amamos?

- Eliza, se eu tivesse no lugar deles, também acharia estranho minha filha gostar de uma pessoa que conheceu por acaso em um passeio na praia em suas férias.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, um carro se aproxima, de dentro sai um homem com cabelos grisalhos, vestindo uma farda.

- Desculpa incomodar o casal, sou da polícia e estou à procura de uma menina chamada Eliza. – Diz ele mostrando o seu distintivo.

- Aconteceu algo com meus pais? – Pergunta ela assustada.

- Você é Eliza? – Pergunta o policial.

- Sim, aconteceu ou não alguma coisa com meus pais?

- Calma moça, nada aconteceu, mas eles estavam preocupados com você.

- E para isso precisavam acionar a polícia? – Pergunta ela indignada.

- Eliza fica calma. – Diz Fernando tentando acalmá-la

- Como vou ficar calma se meus próprios pais põem a polícia atrás de mim como se eu fosse uma criminosa.

- Moça, ninguém aqui está dizendo que você é uma criminosa, eles só estavam preocupados com seu desaparecimento.

- Bem, já me encontrou, então, por favor, diga a meus pais que estou bem e que eles não precisam se preocupar comigo.

- Moça, meu dever é de te levar até sua casa – Fala o policial pacientemente.

- Eliza, por favor, faça isso, não crie mais problemas – Diz Fernando.

- Tudo bem, vou fazer o que está me pedindo.

No caminho até sua casa, Eliza não falou nenhuma palavra, estava chateada com o que seus pais haviam feito. Era difícil ela entender tudo aquilo que estava acontecendo, levada pela polícia como se tivesse cometido algo muito grave.

Minutos depois, Eliza toca a campainha e Eduardo sai às pressas para atender.

- Minha filha onde você estava? Estávamos muito preocupados com você. – Diz seu Eduardo estendendo os braços para abraçá-la.

Para isso vocês precisavam ter chamado a polícia? – Fala ela desviando dos braços de seu pai.

- Minha filha você some sem dizer a aonde vai e quer que não fiquemos preocupados.

- Talvez esteja na hora de vocês perceberem que sei me cuidar sozinha. – Diz ela com voz alterada.

Agora o policial se despede da família, sua mãe agradece a rapidez pelo serviço prestado.

- Então foi com Fernando que você saiu e a essas horas?

- Sim e algum problema nisso, até onde sei vocês não me proibiram de ser amiga dele.

- Talvez seria melhor termos proibido isso também.

- Vocês realmente devem estar brincando comigo, só pode ser isso, até a poucos dias atrás eu confiava em vocês, acreditava que vocês jamais iam me proibir de ser feliz, realmente eu estava enganada.

- Ninguém aqui está te proibindo de ser feliz. – Diz Sandra.

- Não estão me proibindo? Devo estar ficando louca então.

- Minha filha tenta entender o que estamos fazendo é pro seu próprio bem

- A lá vem vocês com essa de que estão fazendo isso pro meu próprio bem...

- Eliza, você conheceu esse rapaz outro dia e do nada chega você dizendo que está apaixonada, você nunca tinha visto ele antes, não conhece nada sobre ele.

- Pai, sinceramente nunca passou pela minha cabeça que vocês um dia poderiam me proibir de amar alguém.

- A gente não está te proibindo minha filha, nós só queremos que você entenda que isso não tem lógica. – Diz sua mãe.

- Mãe a única coisa que poderia nos atrapalhar seria a distância e distância alguma e nem ninguém irá nos impedir de sentir o que sentimos um pelo outro. – Diz Eliza subindo as escadas.

- VOLTE AQUI. – Grita sua mãe.

- Outra coisa só para vocês ficarem felizes, ele está indo embora amanhã. Posso pelo menos me despedir dele ou já estou proibida também? – Questiona Eliza sarcasticamente.

- Se quiser convidar ele, para almoçar, fique à vontade. – Diz seu pai.

Eliza entra em seu quarto indignada com tudo que está acontecendo, sua vida virou de ponta a cabeça e por culpa dos seus pais.

- Oi, garoto. – Escreve na mensagem.

- Oi, garota, como ficou tudo por aí?

- Brigamos mais uma vez, porém eles te convidaram para almoçar amanhã aqui em casa.

- Pode dizer que vou, sim e tenha calma, por favor, quem sabe um dia eles entendam nosso lado.

- Acho isso muito difícil, mas vou tentar ter calma, desculpa por tudo.

- Você não tem que me pedir desculpas. Até amanhã?

- Até amanhã.

Por alguns segundos nenhum dos dois manda se quer uma mensagem, porém Eliza quebra o silêncio.

- Te amo muito!

- Te amo muito também, durma bem! – Responde ele. 

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