Nova Vida

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A carruagem parava lentamente e logo sua porta se abria deixando uma leve brisa entrar na cabine, o rapaz se levantava sendo o primeiro a descer, sem dizer uma palavra ou olhar para trás. Angel ajudava a garota a descer, ela estava maravilhada com a paisagem que via, era algo que seus olhos nunca imaginaram ver, uma paisagem tão bela e uma casa que parecia feita em um conto de fadas.

A casa a sua frente era composta de três andares, uma escadaria se formava mais a sua frente tinha poucos degraus e terminava numa grande porta de madeira toda trabalhada com desenhos que não podia se identificar ao certo o que era. O que lhe chamava mais atenção na casa era seu último andar todo feito com paredes de vidro. Seus olhos se maravilharam mais ainda com o jardim, cheio de flores e grandes árvores que nunca havia visto.

Três empregados se mantinham parados em frente à porta da casa, Angel ao se aproximar com a garota, o homem abria a porta, era um senhor que beirava a casa dos 60 a 70 anos, não podia saber ao certo a idade do homem, pois estava de cabeça baixa quando passara por ele. No saguão principal a decoração era simples, poucos móveis apenas alguns quadros e vasos, ao olhar para o teto havia um grande lustre de cristal com vários detalhes feitos em cobre, era grande e se destacava na sala junto com a escadaria que levava ao segundo piso, a escadaria era feita todo de mármore negro com filetes de ouro, seu corrimão era de madeira com detalhes em cobre formando desenhos de flores.

Subindo a escadaria ela notava que em cada lado havia duas portas duplas de madeira que davam acesso para o resto da casa no primeiro andar. No segundo piso a parede em frente à escada era toda de espelho, e a poucos passos podia se ouvir o som de água correndo, elas iam para o lado direito da casa, após acabar a parede de espelho podia ver uma segunda escadaria feita todo de vidro e parecia correr água por ela, mas não conseguia observar direito aonde dava a escadaria.

Caminhavam por um longo corredor, só havia uma única janela que se encontrava no final dele, a janela era a parede toda e deixava o corredor com uma boa claridade. Portas e mais portas se encontravam fechadas a única aberta era última. Angel parava em frente à porta, segurava a mão da garota e lhe entregava uma caixinha de metal negro com dois botões em bronze e sorria.

-Espero que esse quarto lhe agrade, pois foi preparado especialmente para lhe receber. Essa caixinha e para que você me chame quando necessário e aperte apenas o botão da esquerda, o da direita só deve apertar se estiver correndo risco de vida. Não importa onde você estiver ao apertar o botão eu irei lhe encontrar. Aproveite para descansar.

Ela olhava com todo cuidado a caixinha que lhe fora entregue, mas ao voltar seu olhar para perguntar mais algumas coisas a Angel, ela já havia se retirado. Assim logo entrava em seu quarto, acabava por ficar ainda mais encantada com a beleza daquele cômodo. Diferente do saguão aquele quarto era muito bem decorado, uma estante cheia de livros ao lado uma pequena mesa de centro com duas poltronas, ao fundo as cortinas abertas mostravam uma porta de vidro que dava saída para uma sacada, caminhava em direção a sacada quando uma batida na porta interrompe sua caminhada. Parada em frente a porta havia uma mulher, era bem mais velha que Angel e usava roupas parecidas com a dela, mas seu vestido era maior indo até os pés.

– Senhorita o mestre lhe chama. Peço que me acompanhe ate o cômodo em que ele se encontra. – Sem dar chances a garota de falar se virava e saia em passos calmos, com um pouco de dificuldade a garota apressava os passos para conseguir seguir a mulher.

Elas desciam a escadaria e caminhavam para o lado direito da casa, ao passar pela porta de madeira, havia mais um corredor igual ao andar de cima e novamente todas as portas estavam fechadas, mas ao passar pela terceira porta fechada a quarta se encontrava aberta, era o escritório do rapaz. A mulher apenas articulava com a mão para a garota adentrar no recinto.

A sala era enorme em ambas as paredes laterais eram ocupadas totalmente por prateleiras cheias de livros que iam ate o teto, ambas havia escadas e uma passarela feita de cobre. No centro apenas um tapete persa tomava conta ao fundo uma escrivaninha de madeira negra cheia de livros e um abajur com uma cúpula que formava um vitral colorido. 

Mais ao fundo da sala haviam três janelas que formavam um vitral enorme, a do meio ostentava um desenho de uma mulher sem rosto, e esse desenho parecia lhe chamar mais atenção que os outros dois, com isso acabava caminhando desatenta indo em direção a ele, para que pudesse o admirar de mais perto. 

O rapaz se encontrava mais ao canto distraído enquanto lia uma livro, mas logo a notou e então seu olhar a seguiu por um momento, ele fechava o livro e ia em direção a ela, um sorriso tomava conta de seus lábios ao notar que ela parecia bastante interessada no vitral. Mas não se demorou muito em falar e assim chamar atenção dela.   

–Bom dia minha criança, parece que ficou interessada no vitral. – Ficava ao lado dela, que ao ouvir sua voz o olhava assustada e parava de caminhar no mesmo instante.

–Me desculpe, não o vi, acabei me distraindo com o vitral. 

–Tudo bem, não precisa se desculpar, gostaria de lhe desejar as boas vindas a minha residência e agora claro, sua também, tenho alguns documentos para lhe entregar. – Se dirigia para a mesa enquanto falava com a garota. – Mil perdões. Acho que não pude me apresentar corretamente enquanto estávamos na cabana. –Se virava para ela e ainda mantendo seu sorriso dizia em palavras calmas. – Sou Adrian Dillenburg, ministro da ciência e novas tecnologias.

Ela não demonstrava nenhuma emoção ou reação com o que ele dizia, ainda não aceitava o fato dele ter tirado seu destino de morte. Sua voz era um pouco ríspida na resposta. 

– Me desculpe, mas não posso me apresentar direito, não sei meu nome, apenas sei que me chamavam de X1, não me lembro de muita coisa do meu passado. – Seu olhar se desviava em direção ao chão, sua voz demonstrava estar um pouco irritada.

–Não se preocupe minha criança, seu nome agora será Siena Dillenburg e será minha amada esposa. – Caminhou em direção a ela sorrindo e com uma caixa em mãos, ele segura a mão dela e coloca a caixa sob sua mão. – Abra seu novo futuro está ai.

Era uma caixa de madeira com um laço vermelho algo simples, ela retira o laço e abre à caixa, seus olhos mostravam sua confusão com o conteúdo da caixa. – O que é isso?

–Esses são todos os papeis que precisa para viver como uma cidadã nessa cidade, alguns passaportes para ir às outras cidades. Como será minha esposa, preciso que esteja tudo correto com sua vida, nos papéis está tudo escrito o que precisa saber se tiver duvida Angel lhe ajudará, agora preciso me retirar e ir à câmara. Novamente seja bem vinda. – Ele saia da sala, deixando a sozinha naquele lugar.

Siena fecha a caixa e volta a olhar para o vitral e se aproximar mais dele, mas uma voz lhe chama a atenção e ao olhar era Angel.

– Me desculpe a incomodar, mas preciso que me acompanhe de volta para seu quarto, terá uma agenda cheia amanha, precisa descansar. – Tentava sorrir para Siena, pois ela sabia que Adrian não gostava muito de pessoas perambulando por seu escritório, mesmo aquela pessoa sendo sua futura mulher, preferiu retirar a garota logo dali. Mas Siena parecia ser bastante obediente e assim apenas assentia com a cabeça e a seguiu em silencio. Ao terminar de subir a escada ela não resiste em falar.

–O que terei que fazer amanhã? – Seu olhar era de curiosidade, aquilo teria haver com a questão dela ter que se casar com ele, mil perguntas se formavam em sua cabeça depois daquele acontecimento.

–Fique tranquila, só terá algumas aulas como de etiqueta a mesa e piano, provavelmente irá gostar. Vamos, vamos, você precisa descansar ou o senhor Adrian irá acabar brigando comigo. 

Noite das mil facesOnde histórias criam vida. Descubra agora