Nascer de uma besta

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||Sukuna||

- Ryomen, eu sinto muito! Mamã já não pode ficar mais com você!- diz Jin, o jovem de olhos verdes, com longos cabelos rosados, chorando.

Jin sabia que não poderia fugir com o filho, a verdade é que o menino era um Sukuna, nem louco daria para tirar a criança dessa fortaleza que chamam casa, é uma família muito rica e influente no submundo e na máfia.

O que um simples jovem desempregado poderia fazer?
Se não lhe partia o coração deixar o filho?
Se ele está a fugir só para o próprio bem?
Não, ele gostaria de ter levado o menino consigo, dar o devido amor. Mas se continuasse assim acabaria morto de alguma forma pelo marido bárbaro.

- mamã... A senhora vai dormir aqui hoje?- diz o pequeno atordoado sem entender as lágrimas da progenitora, algumas emoções ainda eram difíceis de entender.

- Vou! Vamos dormir abraçadinhos!- diz Jin se cobrindo melhor no edredom pesado por conta do frio.

- o pai vai ficar bravo de novo?- pergunta o garotinho de 3 anos, sempre que a mãe passava muito tempo com o mesmo, o seu pai não gostava e fazia coisas que machucava os dois, principalmente sua mãe.

- hoje não meu amor!- beija a testa do pequeno que está lutando contra o sono.

Pelo rígido pai que tem, Ryomen não consegue agir como uma criança comum a não ser com sua mãe. Desde muito novo começou a estudar assim que aprendeu a falar, seu pai era ditador, insensível e muito frio, para o homem só lhe é importante ter um herdeiro perfeito, sem nenhuma falha é como se fosse esculpido com ouro e esmeralda.

Depois de alguns minutos, o jovem abandonou a casa, que para o pequeno rapaz seria um adeus sem despedida.

(...)

- Levanta!- diz, Kenjaku, o homem mau que era seu pai

- A mamã?

O pequeno olha em volta do quarto e se vê sozinho com essa coisa que era seu pai.

- Já disse que é só Mãe! VOCÊ É UM DEMÓNIO PORRA! ESSAS COISAS FOFAS É PARA MARICAS- Kenjaku grita com a criança.

-Eu quero a minha Mãe!- diz o pequeno já nervoso e assustado. Era demais para um bebé lidar com tanta pressão dia após dia.

- Ele abandonou você, sabe porquê? Você é Fraco! Se fosses mais forte sua mãe estaria aqui contigo, pirralho. Eu vou te ensinar o que é ser forte!

Kenjaku retira seu cinto e começou a bater no menino.

- Vamos ver se você já sabe contar até cem! 1...2...3...4...5...6...7...8...9...10...

Kenjaku batia no pequeno corpo incansavelmente, sem piedade, sem pensar nas consequências, sem se importar se o bebé morreria ou não! Ele só queria criar alguém perfeito para si! Um beast poderoso temido por todos.

O tempo se passava e o pequeno amaldiçoava o mundo por ainda não ter desmaiado, maldita regeneração, maldita resistência, sarar para doer, pelas suas contas faltavam 5, suas costas ardiam como inferno, seu lábio inferior sangrava com tudo, mas era inútil, não era a primeira vez que isso acontece.... E não parecia ser a última. Era mais "o início do inferno"

— 100! Alfred! Alfred!- Kenjaku berrava e o senhor chega apressado e ofegante — Retira ele daqui, não quero ver mais ele aqui.

- Sim senhor!- responde o senhor já de idade aterrorizado pela cena.

O mordomo fica horrorizado pela situação, o que o menino fez de errado dessa vez? Mas infelizmente ninguém podia falar nada nesta casa, eram cegos e mudos, isso dependia das suas vidas.

Assim que Ryomen sentiu as mãos de Alfred, ele já não resistiu e apagou de vez. O mordomo deu um banho de água morna para ver se confortada mais o corpo do rapaz, ver os cortes em um corpo tão pequeno, apesar da cicatrização mais rápida que as de um mero humano, lembra dos horrores que se vê na guerra. Para Alfred, Ryomen era um soldado sem igual, o mais capaz e brilhante que já se viu em sua vida.

Retirou o pequeno da água morna e secou o corpo que mesmo desmaiado, soltava pasmos de dor. Fez um curativo em todas as partes feridas e o resto passou anti-inflamatório, era o mínimo que podia fazer, chamar um médico não é do agrado do seu patrão. E temia pelo seu pescoço... Todos funcionários estavam cientes que demônios não são lendas urbanas!

Deixou o menino quente e confortável, mas infelizmente com uma febre que demonstrava sinais de que há de piorar está noite e um estado incomum para sua espécie.

- Al...fred...-Ryomen diz com a voz arrastada e baixa.- mi...nha mãe se fo...i?

- Menino Ryomen, seja forte mais uma vez, Jin não te abandonou, sua mãe te ama... ele morreria se continuasse aqui.

Ryomen concordou com a cabeça, mas não conseguia chorar, parece que todas lágrimas secaram com os eventos ruins que passaram até agora.

- você é um bom menino, não perca o seu coração. O mundo não foi bom para si. Eu ainda tenho fé na sua humanidade- o homem derrama lágrimas se sentindo impotente.

" Ela me ama" isso soava como música para os seus ouvidos, os estímulos que os seus neurónios precisam ouvir.

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Até aos 5 anos, Ryomen soube o que é matar alguém, soube o que são pesadelos vivos, conheceu a maldade assim como teve que executá-la. Cada vez mais sucumbi a sua natureza maligna. Seu eu humano se perdia.

Poderia ser demais para um menino, mas para o seu criador era o mínimo necessário para criação de um beast perfeito.

Nesse momento, matou a sua décima vítima a facadas, foi obrigado a retirar tudo o que estava dentro do jovem.

- Você foi perfeito!- diz Kenjaku enquanto assistia tudo, com a sua frieza costumeira.

- Eu juro que um dia vai ser você aqui!- diz Ryomen se levantando do corpo.

Kenjaku gargalha sem humor, a expressão do filho era de um homem adulto, suas feições infantis tornavam sua fala sombria. Era como um boneco assassino dos filmes de terror, quem tivesse a ousadia de o chamar fofo perderia a língua.

- eu darei um jeito de sobreviver até lá, pirralho! Você realmente é um monstro - diz com o rosto sério

- Que seja! Tenha uma ótima noite "pai"...- a criança sai todo coberto de sangue e fedia horrorosamente.

Dava para entender o deboche na palavra "pai"

Com certeza que Kenjaku já não dormia em paz, ele sabe perfeitamente que essa coisinha pode tentar o matar a qualquer momento. Com 5 anos já era capaz de lutar com adultos igualmente fortes, seu eu sobrenatural interior amadureceu rápido demais, e isso era maravilhoso, incomum mas maravilhoso.

- Alfred eu quero um banho.- diz calmo, seus olhos não contêm o brilho de criança.

Alfred lamenta cada vez que vê o menino coberto de sangue, presenciava a criação de uma máquina de matar, presenciava o sentido de "matar um ser humano"... E tudo numa criança. Isso foi o mesmo que roubar a pureza da cor branca!

- Vamos menino, você precisa descansar amanhã tem aula e um passeio com Gojo-san.

- Não vejo sentido nesses passeios Alfred!

- Brincar é importante para uma criança.

- Talvez para ele, para mim não faz diferença.

O mordomo suspira derrotado, em dias comuns jamais uma criança diria isso. Passava esponja com cuidado nos fortes hematomas da criança, sua pele morena se destacava com marcas de um roxo vivo.
Seu corpo suspirava com a ardência que a água causava em suas feridas. Em poucas palavras era horrível ser Ryomen Sukuna!

Uma metade de nós dois (Sem Escolha) || SukuFushi.GoyuuOnde histórias criam vida. Descubra agora