Prólogo!

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• S/N •

HÃ? COMO ASSIM VOCÊ QUER SAIR DO PAÍS? VAI MESMO ME DEIXAR?"

Droga. Sua voz estridente era tão irritante, mas eu não poderia falar nada. Kisaki agora não era mais apenas o meu querido irmão mais novo. Não, não era mais. Agora, o garoto que eu costuma proteger era nada mais nada menos que o segundo homem mais importante da Toman.

–A polícia está no meu pé... Se eu ficar aqui já era para mim. – argumentei. –Não dá mais! Eu cansei!

Era verdade. Após o acidente do festival muitos olhares passaram para cima de mim. Hinata Tachibana, morta. Eu me senti usada pois mesmo que indiretamente eu tive culpa pela morte dela.

–Eles não tem provas. – Kisaki sorriu, levantando da sua cadeira, colocando os punhos fechados em cima da mesa.

Era tudo culpa minha. Como eu pude ser tão cega? Como eu pude ser tão manipulável? Por que isso está acontecendo justo comigo? Por que eu sempre tenho que errar?

–...e-ela morreu... – murmurei, fechando forte os meus punhos. –... ela morreu por minha causa...

–Uma pena. – ele sorriu. – Mas não é possível voltar atrás.

A mando do Kisaki eu a levei até o festival. Fui eu que convenci a Hina para se divertir no festival comigo, mas como eu poderia imaginar que o Kisaki iria fingir um confronto de gangues? Ele foi ardiloso, pensou em cada pequeno detalhe. Tudo para acabar com a vida da Hinata.

Se eu soubesse... se eu pudesse mudar o passado... se eu ao menos pudesse recomeçar... eu faria tudo diferente.

–... ela não merecia isso... – suspirei. – Você me enganou! – levantei o tom de voz olhando bem para os seus olhos, mas Kisaki não demonstrava o menor sinal de arrependimento.

Quem era esse homem?

–Eu? Tem certeza, irmã? – sorriu. –Você entrou nesse mundo por conta própria... devo lembrá-la que você quis me seguir e... seguir ele?

Ele...

Ah, sim... minha perdição em forma de homem. As vezes, o coração pode ser o seu maior inimigo. Mas quem consegue controlar os próprios sentimentos? Se existe alguém capaz, com certeza não sou eu. Quando eu percebi já era tarde demais, eu já estava no fundo do poço, sendo rodeada apenas pela escuridão. Agora, eu não sei mais dizer se o amo ou o odeio.

–...Foda-se! Foda-se e foda-se! – nessa altura do campeonato eu já estava fora de mim mesma. –Eu não quero mais participar diss– me calei.

Minha expressão de raiva foi tomada pelo mais puro horror. Ele estava aqui. Era impossível não reconhecer o seu perfume e a sua presença assustadora.

Me virando rapidamente, o vejo bem ali, encostado na batente da porta. Seu cabelo comprido, sua tatuagem de dragão no pescoço, usando um casaco grosso e preto. Ele estava ali, bem na minha frente.

–Consigui ouvir seus gritos do corredor. – sua voz e até mesmo olhar demonstravam cansaço.

–...Mikey... – sussurrei. Não esperava que ele estivesse aqui. Normalmente Mikey sempre se isolava e aparecia apenas quando era uma reunião importante ou algum evento de extrema importância.

–Oras Mikey. – Kisaki voltou a se sentar com um sorriso convencido no rosto. –Você acredita que a minha querida irmã quer fugir do país? Eu acho que ela finalmente começou a temer o caminho que escolheu.

Kisaki...

–Um pouco tarde demais... – Mikey se aproximou, colocando ambas as mãos em meus ombros. –Você faz parte disso tudo... os que fogem são considerados traidores... – seu rosto estava perigosamente perto do meu ouvido. – ... sabe qual é punição para os traidores? – sussurrou.

-... Eu... eu sei, Mikey. - Viro meu rosto contra o do loiro, nojo, é a única palavra que me vem à mente quando penso nele. -... Sai de perto de mim.

— Oh... estou invadindo seu espaço pessoal? - Ele levanta o rosto e encara meu irmão ou o que eu acho que é.

O homem passa seu braço pelo meu ombro, me obrigando a andar. Olho para trás e Kisaki ainda está com aquele sorriso sínico e idiota no rosto.

Assim que saio da sala, entramos no elevador, eu, Mikey e por acaso um dos seus capangas. Quando a porta do elevador se fechou foi impossível não ficar intimidada com os dois homens que me encaravam de forma assasina. Mikey suspirou, ficando na minha frente.

–Então você quer fugir da Toman e... de mim, S/n?

–Não quero mais problemas. – virei meu rosto para o lado. Já estava farta disso tudo.

–Não mesmo. – Mikey segurou meu queixo, me obrigando a olhá-lo. –Se você fugir será apenas mais uma traidora... e– senti algo na minha barriga. Droga! Uma arma. Como ele pode? Maldito. – os traidores são considerados restos.

–...Mikey...

–A Toman não precisa de restos, S/n.

Quando?

Como?

Onde?

Quando, como e onde eu comecei a errar? Se eu pudesse fazer um pedido aos céus, com toda a certeza seria poder recomeçar, poder mudar.

 S/n  ◇ Caminhos Cruzados ◇Onde histórias criam vida. Descubra agora