S/n ◇ Caminhos Cruzados ◇

Capitulo 3

♧ °•°•°• S/n °•°•°• ♧

Tokyo, julho de 2005

Dois anos, dois longos anos. Não achei que estaria tão nervosa ao voltar para o Japão. Parando para pensar agora, não sei como consegui conter toda a saudade que estava daqui. Saudades dos meus pais, dos meus amigos e do meu irmão. Tudo foi perfeito, tirando a saudade do meu lar.

Confesso que quando tive a oportunidade de viajar para o Brasil eu aceitei sem pensar duas vezes. E que maravilhoso foi essa viagem. Parecia até mesmo outro mundo. Pessoas tão sorridentes, tão simples e simpáticas. Aprendi muito lá e, me arrisco dizer que até mesmo sei jogar futebol. A estadia na casa da minha tia foi muito boa. Ela, se parecia muito com a minha mãe, ambas sendo gentis e cuidadosas. Parecia muito que eu havia ganhado outra mãe...

Que irônico, para alguém que não tinha nenhuma hoje tem duas... Que reviravolta.

Ah, sim... como eu poderia esquecer das minhas incríveis experiências experimentando ser uma brasileira? Podendo andar na rua sem chamar tanta atenção... me senti em casa, me senti igual a todos. Não é como se eu me sentisse mal andando pelas ruas do Japão, mas, vale lembrar que para todos eu sempre vou parecer ser uma estrangeira, mesmo sendo metade japonesa.

Tudo foi tão complicado para mim... Desde o começo...

Agora, tocando na maçaneta gelada me vejo acordada dos meus pensamentos. Eu estou em casa, na minha casa. Meu sorriso vai aumentando a medida que a porta era aberta, revelando a sala de estar.

Eu finalmente estava no meu lar.

–Eu cheguei! – sorrio largamente, deixando a mala que segurava cair desleixadamente no chão.

–S/n? Filha! – minha mãe correu até mim e automaticamente me senti protegida ao ser abraçada. Como eu senti saudades dela. –Bem-vinda de volta!

Incrível. Minha mãe continuava tão bonita quanto eu me lembrava. Pele branca, olhos azuis, seu cabelo negro estava preso em um coque bem firme em sua cabeça. Sempre tão jovial. Que saudades que eu estava sentindo dela.

–...mãe... – retribuo o seu abraço, sentindo que uma segunda pessoa entrou no abraço. Meu pai. –...pai!

Ele havia me buscado no aeroporto, mas a qualquer oportunidade ele me abraçava e contava a todo instante todas as novidades desses longos dois anos. Seu cabelo continuava como sempre, cheio de gel e o seu óculos o deixava com um semblante sério.

Tudo estaria perfeito se não estivesse faltando uma pessoa.

–...cadê o Kisaki? – murmurei baixinho, sendo esmagada pelo abraço. Com muito custo meus pais me soltaram, mas ainda mantinham um sorriso em seus rostos.

–Seu irmão já deve estar chegando. – meu pai falou, indo direção à porta. –Vou buscar as malas. – Sem dizer mais nada, o mais velho saiu, me deixando a sós com a minha mãe.

–E então? – a mais velha se sentou no sofá, dando tapinhas ao seu lado, indicando que eu me sentasse também. –Como foi lá, na sua tia?

–Incrível! – sorrio me sentando ao seu lado, começando a contar toda a minha viagem, do começo ao fim.

Depois de uma longa conversa fomos para a cozinha, decididas a preparar um bolo. Fazia tanto tempo que não comia nada preparado pela minha mãe que eu já estava com água na boca.

Enquanto eu e minha mãe fazíamos bolo, ouço a porta da frente se abrir, tentei conter a felicidade, mas em meu rosto se formava um sorriso que logo seria impossível de conter.