prólogo pt. I

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Traída.

Uma dor lacerante corrompe o peito de Gwyneth. A tristeza aos poucos se transformando em fúria. Ela sentia que poderia derreter de tanta raiva. Seu corpo assumia vida própria e objetos eram atirados contra a parede. Copos e garrafas de bebidas estilhaçados no chão.

Raiva. Raiva. Raiva. Raiva. Raiva. Raiva. Raiva. Raiva. Raiva. Raiva. Raiva.

Sua cabeça parecia que iria explodir diante de todas as lágrimas que haviam sido derramadas desde que viu aquela cena. A maldita cena que se repetia segundo após segundo em sua mente: Kalel, sua pequena estrela, beijando uma morena em um bar. Não apenas um beijo, mas eles pareciam prontos para ir a um quarto.

A ruiva parecia implodir com tudo que sentia. Todas as sensações atingindo-a de uma só vez. O primeiro encontro deles, o primeiro beijo, a primeira vez que disseram que se amavam, a primeira vez que se entregaram um ao outro de corpo e alma. E tudo para quê? Para o maldito do Kalel a trair sem nenhum remorso.

Gwyneth estava sentada em seu sofá. Aquele em que costumava dividir sua vida, suas refeições, seus gostos e suas intimidades com seu namorado durante 3 anos. Ela observava a mala que havia aprontado com todos os pertences de Kalel. Então, pensou que poderia colocar fogo em tudo e mandar seu namorado se virar para arrumar coisas novas, mas antes de conseguir chegar ao isqueiro em sua cozinha a campainha tocou.

O coração de Gwyneth bateu mais descompassadamente, ela sabia que a hora de confrontá-lo havia chegado e precisava se manter firme para que ele não a manipulasse. A ruiva seguiu até a porta e a abriu. Recebeu um Kalel sorridente e com os fios loiros arrumados, como se não estivesse se agarrando com outra mulher há 40 minutos atrás e pelo tempo que seu namorado não costumava demorar, Gwyneth soube que eles também transaram. Em qualquer outro dia, aquele sorriso seria o suficiente para a ruiva se derreter e eles começarem a se despir. Só que não hoje e nem nunca mais.

Kalel se inclinou para beijar sua namorada, mas Gwyneth se afastou e caminhou para dentro do apartamento novamente, seguida pelo loiro.

 — Tudo bem, meu amor? — perguntou, o cenho franzido.

Gwyneth apenas assentiu e sentou-se no sofá.

 — Você não parece bem, aconteceu algo? — a ruiva conseguia sentir a raiva aumentar cada vez mais com o cinismo explícito do cara ao seu lado.

Kalel reparava os objetos quebrados no chão, bem como o cheiro de bebida alcoólica e o líquido âmbar derramado no chão. 

— Me diga você, Kalel. — Gwyneth encarava a mala pronta no meio da sala. Kalel seguiu seu olhar e a ruiva conseguiu notar a confusão tomar conta do rapaz.

— O que é isso? — perguntou apontando para a mala.

— Suas coisas. — Gwyneth deu de ombros.

 — Por que minhas coisas estão em uma mala? — a voz de Kalel vacilou.

— Porque você está indo embora. Ainda fui boazinha de deixar a mala pronta para você não ter o trabalho de ficar andando pelo meu apartamento. — disse a ruiva.

 — Do que está falando, meu amor? Por que está dizendo isso? — Kalel aproximou-se da mulher em sua frente.

— Não me toque! — gritou Gwyneth. — E não me chame de "meu amor", você perdeu esse direito desde que começou a foder com aquela mulher. — disse trincando os dentes.

 — Mulher? Do que está falando, Gwyneth? A única mulher para mim é você. Por favor, vamos conversar. — Kalel suplicou.

— Aposto que você não imaginou que eu sabia, que uma hora iria descobrir. Você não é tão inteligente quanto pensa que é.

irreplaceable | AU GWYNRIELOnde histórias criam vida. Descubra agora