Capítulo 1 - parte 1

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Rio de Janeiro, 1835

Adelaide tinha tudo para ser uma joia na sociedade. Filha de um influente marquês, dotada de beleza e inteligência únicas, a jovem brilhava nos salões. Não foi surpresa alguma quando o visconde de Cunha se interessou por ela. O homem era um colecionador de belezas e não se contentaria com menos do que a vitória. O que surpreendeu a todos foi o fato do visconde voltar completamente as suas atenções para a jovem, adotando uma postura mais respeitosa. Ao que tudo indicava, ele tinha sucumbido de corpo e alma, entregando seu coração.

Adelaide era praticamente perseguida pelo visconde nos bailes e passeios. Verdade fosse dita, ela adorava toda aquela atenção, pois se apaixonou por ele e aguardava ansiosamente pelo momento em que ficariam noivos. Não demoraria, certo? Ele era tão atencioso...

Quando Adelaide surgiu no baile da baronesa de Alenquer, ela estava magnífica. Todos no salão admiraram a beleza da jovem, mas foi apenas o visconde quem teve permissão para se aproximar. Eles conversaram, dançaram e quando todos os convidados já tinham bebido demais, o casal desapareceu.

Adelaide se sentia muito ousada e, ao mesmo tempo, inebriada. O visconde tinha aproveitado a dança para fazer um convite: eles precisavam ficar sozinhos por um instante, pois ele precisava falar algo muito importante. Finalmente, o pedido! Certamente ele tinha planejado algo romântico e especial, pois um homem não poderia cativar uma mulher com pouco esforço.

Se colocasse em prática tudo o que aprendeu sobre comportamento, Adelaide jamais teria aceitado o convite e sim solicitado que o visconde conversasse diretamente com seu pai. Porém, como escolher a prudência quando se podia viver o amor?

Ele a esperava na biblioteca da baronesa. A pouca luz dava um ar de intimidade e a silhueta esguia do visconde se moveu assim que Adelaide fechou a porta. Ele segurou sua mão e beijou demoradamente a palma ainda enluvada.

- Senhorita Adelaide, é uma honra para mim ter aceitado este convite.

- O senhor disse que era importante, portanto seria rude de minha parte negar. Poderia relevar do que se trata?

O visconde sorriu de um jeito que a deixou sem ar.

- Nada é mais importante do que a senhorita. Absolutamente nada.

Ele se aproximou devagar, pedindo permissão e Adelaide estava inebriada demais sequer para hesitar. Ela ergueu um pouco mais a cabeça, oferecendo os lábios para ele e descobriu em pouco tempo como os lábios macios do visconde eram capazes de deixá-la em chamas. Os movimentos lentos e sensuais do beijo não deixavam dúvida sobre a habilidade dele e o visconde reagiu com paciência diante da inexperiência da moça. Às vezes seus lábios se curvavam em um sorriso e ele a envolveu em seus braços, ávido para senti-la melhor.

Eram tantas sensações maravilhosas e proibidas que Adelaide não conseguia resistir. Ela queria mais, desejava tanto quanto o visconde. O desejo dele se mostrava tão intenso quanto o dela.

- Adelaide... minha doce Adelaide... - Ele sussurrou entre suspiros. - Seja minha.

A mente da jovem era incapaz de raciocinar com clareza, pois o visconde beijava todo o seu rosto com adoração. Suas mãos eram um apoio forte, pois Adelaide estava com as pernas bambas. Jamais tinha compartilhado um momento como aquele com homem algum e o pedido do visconde só serviu para deixá-la ainda mais excitada. Ser dele... um cavalheiro só pediria isso para uma dama se ele a quisesse como esposa.

- Precisa falar com meu pai... - Ela se forçou a dizer.

- Uhumm... - Os lábios do visconde começaram a traçar um caminho delicioso no pescoço de Adelaide.

O refúgio de Ártemis (completo até 18/09/22)Onde histórias criam vida. Descubra agora