Hera x Zeus, o Caos e a Ordem

Os Deuses, Eles Mesmos

No alto de um monte magnífico, acima das nuvens, palácios de bronzeou chão se erguiam, o maior deles era branco sustentado por imensas colunas de mármore que deixavam a sua visão lateral completamente aberta ao éter e as nuvens e montanhas abaixo dele. No salão principal, de teto a céu aberto, continha vários tronos, um deles maior e mais elevado que os outros, este estava vazio a algum tempo. Ali se encontravam dois seres, que observavam de longe a terra

- O que é que você foi fazer?! Fez eles se esbarrarem!

- Eu não fiz isso! Só dei um jeitinho de os colocar na mesma sala. Haviam 150 pessoas, qual era a chance de eles se esbarrarem?

- Você sabe muito bem o que você fez Cípris! Dia e noite Íris está sempre afastando o destino dos dois e você faz isso! O que fez pra ludibriar ela?

- Ela se apaixonou pelo oráculo - disse rindo a dourada de olhos profundamente azuis, seu cabelo loiro caia em ondas tão perfeitas como seu sorriso que irradiava a luz do seu lindo rosto.

- Pois devolva o juízo dela! Você fica brincando com o destino quando você sabe que eles se atraem. Phebo não vai gostar nada disso - disse brava a linda mulher de cabelos chocolate e olhos verdes penetrantes que se apoiava em uma lança.

- Não posso fazer nada, é da minha natureza! Eles merecem se ver pelo menos uma vez

- Não, eles não merecem. - falou triste - Você compreende o que você fez?

- Acha que Eu não compreendo o amor! Eu que sou uma das suas formas! É você, Palas, que tenta compreender com a razão o que não tem razão. Você acha que sabe mais do que eu mas pensa em tudo tão racionalmente, como quem tenta sentir o gosto com a visão. Sou mais sábia do que você!

- "Não acordeis nem desperteis o amor antes que este o queira"... Vejo que Eros não conseguiu te ensinar a ser prudente. Zeus precisa te dar outra lição pra que você se recorde do que é humildade. Você não se importa com os estragos que causa, acha tudo divertido, acha que pode brincar com Zeus e Hera!

- Não ousaria! Mas não deixa de ser interessante observar. Você não tem curiosidade sobre a influência estranha que um tem sobre o outro? - perguntou a dourada.

- O mais sábio é zelar para que essas influências não se realizem, e não jogar lenha na fogueira!

- Você é muito prudente, não seja tão chata! É tão fria que não consegue apreciar a beleza do amor?

- Não vejo vantagens, apenas fraqueza - falou o arauto da razão enquanto o arauto da paixão discordava

- E qual é o sentido de todas as coisas sem o amor?

- O sucesso, o auto aperfeiçoamento, ser tudo o que se pode ser com total controle e intenção consciente, a plenitude... - disse a mais inteligente, aquela que sempre ganha e nunca perde, a que é a melhor em tudo o que faz e que não tem motivo nenhum para olhar pra si mesma e ver qualquer imperfeição

- Que tédio, você espera que as pessoas só se relacionem consigo mesmas? Você é vitoriosa Palas, até sobre as paixões e emoções, é desprovida de impulsos e pensamentos obsessivos, acima das tentações, mas até onde isso te leva? A solidão?

- Cípres, você é uma fração, alguma coisa entre o e eu e o nós, precisa do outro pra alcançar o nirvana quando a fronteira entre o "eu" e o "você" ameaça desaparecer, é então que você nubla os sentidos individuais e faz com que alguém acredite necessitar de algo externo a si mesmo, condenando esse ser desafortunado a ser aprisionado a miséria de ter a felicidade nas mãos inalcançáveis da sorte

- A paixão tem recompensas que não sabe, afinal o que você sabe sobre prazer? - falou a dourada debochada da irmã

Mas Palas, que já havia conquistado a suprema condição de êxito e gloria em si mesma era poderosa em suas convicções e completamente imune a isso também. Ao contrário do que podia acontecer com os seres comuns, o julgamento no meio da pergunta da irmã não a envergonhava com a revelação de tudo o que era e tudo o que não era. Não tinha a necessidade de ser igual, nem sequer de ser compreendida, bastava que ela mesma se conhecesse, e assim operava à revelia de quaisquer definições confabuladas nas mentes dos que viam mais ou menos no seu comportamento, assim como as leis, absolutas diante de falsas teorias, sem pressa de esclarecimentos, apenas de ação