As costas de Wei Ying estão para ele, mas Lan Zhan o reconheceria em qualquer lugar. Seu cabelo está preso em um rabo de cavalo baixo, bagunçado, como sempre. É mais longo agora do que há três anos, serpenteando pelas costas, terminando logo acima d...
Ele acaba ficando mais meia hora. Na maioria das vezes, ele ouve Wei Ying falar, e Wei Ying fala principalmente sobre seu filho. Fica claro que toda a sua vida mudou desde que adotou A-Yuan: ele não é mais despreocupado e bobo em todos os aspectos de sua vida. Ele é um pai. Isso pesa estranhamente no estômago de Lan Zhan, essa ideia. É como se sempre que ele olhasse para Wei Ying, ele visse uma pós-imagem do que costumava ser. Sobrepondo-se a ele está um novo Wei Ying, aquele que não fica mais acordado até uma da manhã jogando videogame ou se perdendo em um livro, então rasteja para a cama com Lan Zhan e resmunga quando Lan Zhan se levanta às cinco para correr. Ele cresceu, mais do que Lan Zhan. Lan Zhan não acha que mudou muito nos últimos três anos, apenas cresceu mais para dentro, talvez um pouco mais triste.
Ele não acha que Wei Ying terá notado.
Wei Ying o leva até a porta e silenciosamente o observa calçar os sapatos. Lan Zhan quer beijá-lo. Desesperadamente, seu corpo tremendo com isso. Ele não. Ele balança a cabeça e diz:
— Foi muito bom ver você, Wei Ying. Obrigado pelo... convite.
Wei Ying bufa uma risada e desvia o olhar.
— Sim, Lan Zhan. De nada. Pelo convite.
A porta se fecha atrás dele com um som oco, e então ele pega o telefone e pede um uber.
Apesar de ir para a cama muito além do seu horário habitual, ele leva muito tempo para adormecer naquela noite.
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O trabalho em Xangai é semelhante ao trabalho em Pequim, exceto que envolve mais reuniões. Seu tio o recebe na sala de conferências às oito da manhã com um áspero "Lan Zhan". Lan Zhan acena com a cabeça e o cumprimenta de volta.
Ele segue seu dia. O planejamento de implantação de um novo instrumento que está indo bem. Lan Huan, feliz em vê-lo como sempre, mostra a ele a arte dos anúncios, pedindo a opinião de Lan Zhan como se isso importasse. Então ele mostra a ele um protótipo.
— Venha, olhe. Quer experimentar?
É um piano eletrônico que tem o som de um piano de cauda, mas caberia na maioria das casas. É um equipamento requintado e, por impressionantes cinco minutos, Lan Zhan se perde na música enquanto toca uma sonata de Beethoven. A ação das teclas é suave e o piano soa como se fosse encher uma sala de concertos. Quando ele termina de jogar, Lan Zhan olha para seu irmão radiante.
— É muito bom. Acredito que vai dar muito certo.
— Vai — concorda Lan Huan. Então ele leva Lan Zhan para almoçar.
— Diga-me, como estão as coisas realmente? —ele pergunta sobre uma tigela de macarrão.
Lan Zhan franze a testa, manobrando seus pauzinhos.
— O que você quer dizer?
— No telefone, você parececia... diferente — diz Lan Huan, parecendo cuidadoso. Muito cuidadoso. — Eu simplesmente quero ter certeza de que meu irmãozinho está feliz.
