Sandman - Bring Me A Dream

conversation

Permiti que aquela figura me guiasse para fora de meu estabelecimento, e iniciamos uma longa caminhada pelo calçadão com famílias e casais que se olhavam felizes, amando uns aos outros.
A figura me observou de cima abaixo como se lesse minha mente, e sua fala deu entender que fora isso mesmo

- Você está bem? - pimba, acertei ele leu minha mente.

- Só refletindo sobre muitas coisas ao meu redor - disse cabisbaixa fitando o chão

- Entendo, eu me questiono muito sobre a humanidade, seus sentimentos. Seu amor, e como morreriam por ele.
O vi baixar a cabeça como se repensasse o que havia dito agora mesmo, ele ter passado por algo complicado para pensar assim

- Bom, isso é algo que não duvido nada, posso não ter vivido um assim. Mas sei bem a força do amor. E creio que seja por que ainda acho que dá pra crer na humanidade, mesmo que só um pouco.

O vi franzir o cenho em minha direção como se questionasse a si próprio.

- Pode ser que seja verdade.

*

Pode parecer bem insensível da minha parte mas larguei tudo na cafeteria pra falar com Morpheus. Pobre Oliver, mas acho que ele dá conta.
Viramos numa esquina e ele parou de andar e me encarou

- Você sabe quem é Unity Kincaid? - esse nome.

- Ele me parece bem familiar na verdade, mas não me lembro de conhecer alguém com esse nome.

- Era sua tataravó, eu a conheci.

Não vou mentir, eu ri, ri de desafio, de dúvida até de um pouco de medo. Ele me olhou não entendendo qual meu motivo para riso.

- Então você é bem mais velho do que parece não? - o vi relaxar os ombros como um certo alívio e me olhou nos olhos novamente, com aquele olhar de superioridade mas tão, acolhedor ao mesmo tempo.

- Acreditaria se eu dissesse que tenho bilhões de anos? - perguntou em tom de diversão

- Olha, eu tenho vivido coisas bem estranhas então sinceramente você não seria grande coisa em relação ao resto.

- Acho que sou sim. Você me procurou por tanto tempo, creio que eu seja sim, grande coisa. - o olhei em dúvida e não querendo acreditar que era oque eu pensei. Não podia ser.
Não seria possível, bem, isso pouco importava agora..

- Como assim quem eu sempre procurei? - ele apenas me encarou esperando que ligasse os mínimos pontos que restavam, até que a verdade se fez como um flash em minha mente e me cegou, logo tudo pareceu claro como o fogo, eu havia entendido - Sonho? Você é o sonho? Oque minha mãe disse que salvou a vida dela?

- Você adentrou meu reino durante o seus sonhos com seus poderes que foram herdados de sua mãe, e fez isso atrás de entender porque você podia fazer isso.

Olhei ao meu redor, o breu havia tomado conta de tudo a nosso redor, e o silêncio se fazia mais presente do que jamais fizera antes, onde estava aquele dia bonito ao qual fomos de encontro? Sentia a raiva me corromper por dentro, por que agora? Depois de tanto tempo sem respostas, sem sinais de esperança. Por que só agora uma luz de informação se acendeu, mas toda a simpatia que tinha por ele, já morrera. Mas algo não mudou. Ele ainda permanecia lá, e se aproximava devagar. Eu andava alguns passos pra trás com medo do que aconteceria se permitisse sua aproximação, medo de que me tocasse...

- Não há motivo para medo, não lhe farei mal
Eu devia acreditar? Eu passei os últimos seis anos atrás de respostas sem sentido para perguntas incertas que eu nem sabia que tinha pois agora nada se passava na minha mente. Eu pensei demais a minha vida inteira, chega de dar pra trás.

- Então me prove - o vi me observar, me questionando silenciosamente - Me diga, se você tem mesmo estas respostas que eu tanto procurei então me diga. Responda as minhas perguntas de anos.

- Impossível. Aqui não.
Ele estendeu as mãos grandes de longos dedos em minha direção, e areia começou a subir. Muita areia, se misturou ao ar, desfazendo tudo a nossa volta... E de repente eu estava lá de novo, na cafeteria, sentada na mesa do balcão, de longe avistei Alia servindo alguns clientes e ouvi a voz de Oliver atrás de mim.

- Acordou bela adormecida?

- Ai - me arrumei em minha cadeira sentindo uma dor terrível em minhas costas - Por quanto tempo eu dormi?

- Uma meia-hora mais ou menos - ele viu meu rosto incrédula por ele ter me deixado dormir em serviço - Ué, você disse que não tinha tido uma boa noite de sono, quando te vi dormindo fiquei com pena.

Pela janela grande de vidro eu vi a silhueta de Morpheus andando até um beco perto da cafeteria. Eu saí correndo até onde o vi, saí pela porta mesmo ouvindo os xingamentos de Oliver.

Eu entrei naquele beco escuro com paredes altas o suficiente para tampar a entrada de luz solar e eu o vi. Fechei o rosto com o turbilhão de pensamentos em minha mente. Se fosse para descobrir tudo, eu poderia atura-lo por algum tempo. Mas que ficasse claro, em primeiro de tudo, este homem conquistou meu desprezo. Seja ele quem fosse.

- Corri no escuro e cansei. Mas hoje você, a luz. Me carregará até que eu me recupere. - eu disse antes de ser consumida por uma enorme onda de areia que nos consumiu nos levando a algum lugar.
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