explication.

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Eu acordei aquela manhã surpreendentemente tarde, senti uma leve friagem por conta do inverno que se aproximava, mas não importava de qualquer forma, eu estava coberta até a cabeça confortavelmente, tão confortável que não ouvi meu alarme tocar. 

Levantei e tomei um belo café com açúcar, porque só assim pra minha mente acordar direito, não tinha muitas lembranças da noite passada, eu era louca não estúpida, me lembrava da madrugada, me lembrava dele lá, me lembrava do beijo, daquele beijo. E como me arrependo. Morpheus não mais estava no sofá, nem em qualquer outro lugar da casa que fosse. Ele havia ido embora.

Vesti-me com o uniforme de sempre, aquela calça de moletom e aquela blusa social com a nossa logo, minha logo, tudo isso ás vezes me fazia lembrar da biblioteca e de todas aquelas coisas as quais me agarrei como um bote salva-vidas para tentar compensar a culpa de não ter me despedido dela.

Cheguei a cafeteria com a cabeça a mil por hora, encontrando Oliver que me lançou um olhar repreensivo falso.

- Morpheus te levou em casa né? - franzi o cenho não tendo paciência para responder nada - Vi ele saindo com você nos ombros noite passada. Aliás, por que demorou tanto hoje?

- Só. Cansada de mais. - ele sorriu - Nunca mais em encosto em álcool outra vez

- Sei. - sorriu tão largo que tenho certeza que ele ficaria dolorido depois - Mas no fim foi um cabaré que só. Alia quase desmaiou, e mesmo assim estava bem de pé esta manhã.

- Bom pra ela. - que filho da puta esse merda.

- O negócio é esquecer noite passada e tentar não repetir.

*

Oliver já tinha ido pro jantar com os pais e fiquei responsável pela cafeteria, e como Alia tinha reunião, eu fiquei sozinha, recebi uma mensagem em meu celular, era um grupo novo.

" Cafézes "

Oli - Gente criei esse grupo pra gente se atualizar sobre coisas do trabalho e eventualidades. E sobre os poderes da Alia de não ter ressaca, sendo que bebeu mais que todo mundo.

Sorri com a mensagem, Oliver podia ser um sem noção bêbado mas fazia questão de lembrar-se de ser gentil prestativo, ás vezes. Mas logo fui tirada de meus pensamentos com o último tocar daquele sino suave da porta de entrada, vi a mesma cena se repetindo, com a mesma figura adentrando meu estabelecimento.
Resolvi não me livrar de meus ressentimentos.

- Boa noite senhor em que eu posso ajudá-lo?

- Temos que conversar.

- Infelizmente já estamos fechando, que tal um café ? Sim? - sai já me dirigindo a cozinha com um sorriso falso e um ar tremendo de sarcasmo.

- Walker. - bufei e parei, olhei pra trás e o encarei - Oque está havendo aqui?

Como tão estúpido?

- Existem coisas perceptíveis e outras não Sonho. Mas uma que é clara é sua falta de audição. - sorri cruzando os braços.- Você aparece quando te dá na telha, interrompe o que quer quando quer. Agindo como se você fosse a verdade absoluta e irrefutável. Só sabe se lamentar por não sentir as coisas e pensa que todos te devem o devido respeito, comigo não funciona assim. E se ainda tem dúvidas sobre meu desprezo, eu lhe especifico; Você surgiu do nada como um meteoro. Causando, destruindo e tirando do lugar oque estava organizado, tirou-me motivos, me deixou com medo de mim e dessa sua família. Então decide ser bonzinho e dar uma babá por mim. Aí me lição como se fosse o bom moço, então me beija e some. - andei em sua direção - Você não sente! Então como ousa me beijar , somos fracos por sermos sensitivos e emocionais, e você é um Deus. Claro que possui influencia fácil, ainda mais sobre humanos. Você não tem esse direito.

Por outra vez o silêncio se fez presente, então apenas nos olhamos incrédulos por motivo algum, eu já havia desistido de segurar as lágrimas e sem querer acabei deixando escapar uma ou duas pelo menos, nada foi dito.

- Me sinto perdida. Pra onde eu vou? - assoei o nariz - Por isso a bebida. Ela me faz esquecer da minha mãe, do fato de que existem coisas como perpétuos e outros mundos, e talvez te beijar. Fosse uma maneira de fingir que nada aconteceu. Me agarrei a você como um bote salva-vidas. - voltei a minha postura ereta - Por isso, vou para minha casa. Dormir as horas que me faltam.

Durante todo esse tempo ele me olhou, curioso, preocupado mas eu pude sentir nele uma pontada do que eu menos queria. Pena.

Eu fechei a cafeteria, desliguei todas as luzes e do lado de fora apenas o ignorei enquanto andava a meu lado na direção de minha casa

- Walker. - começou mas o interrompi, não queria ouvir nada dele agora

- Você não tem que falar nada, foi só uma liberação de sentimentos contínuos, só, eu pensei que tivesse significado alguma coisa pra você essa ilusão perdurou até que eu lembrasse que você não sente.

- Sua habilidade de dedução sem dúvida realmente me impressiona - não havia reparado que já estávamos na frente de meu bloco de apartamentos - Eu já me casei. 

Parei, em um estopim de perguntas, mas a primeira que me atingiu. Quem?

- Seu nome é Calliope. Tivemos um filho, que não mais está vivo. Recentemente ela foi mantida como prisioneira e eu a salvei. - ele olhou fundo em minha alma. - Fire eu sinto. Mas na mesma frequência que vocês humanos. Assim como Nada e Calliope são exemplos de intensidades passadas as quais eu vivi.

Sentir, ele sentia. Suspirei profundamente.

- Oque Desejo planeja?

Sandman - Bring Me A DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora