10| Coney Island

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10| Coney Island

Duas semanas desde o acontecido haviam se passado como um sopro gélido e cortante.

Eu havia entendido a gravidade das minhas ações mas não imaginava o quão dolorida seria a punição. Havia entendido mas não aceitado a reação de Harry. Se ele pensa que eu tenho algum interesse em me rastejar implorando seu perdão isso jamais aconteceria. Estava farta dessa situação e meu ego jamais me permitiria assumir um erro que dois cometeram, minha ação errada gerou uma reação pior ainda e não vou arcar com o prejuízo sozinha. Harry Styles preferiu agir como um homem das cavernas. Meu Adônis havia se tornado um Shrek em um piscar de olhos.

Harry escolheu a ignorância, nem sequer entrava no mesmo elevador que o meu e seu olhar de reprovação e desprezo me cortavam em milhares de pedacinhos. Amanda, que estava vivendo uma vida dupla -assim como Liv-, não deixava de escapar para poder me ver. Mas nada de risadas altas, nada de privacidade e muito menos dias arrastados de karaokê, filmes e pipoca amanteigada.

Hoje pela manhã vi uma mulher ruiva saindo de seu apartamento, os cabelos molhados caíam em seus ombros como se tivessem acabado ser lavados. Não pude ver seu rosto mas todo o conjunto era belo. As roupas caras contornando o corpo torneado. E um perfume floral era espalhado pelo longo corredor conforme a mulher dava seus passos.

Ugh! Harry é um galinha nojento.

Natalie's pov off

A mulher estava frequentando as frat-partys da universidade e conhecia boa parte das pessoas que frequentavam o campus, tinha um grupo extenso de amigos e tudo parecia correr bem, não tinha do que reclamar. Amanda a acompanhava nas noites longas e agitadas de NYC pelas costas do pai.  As festas eram nomeadas "noite de estudo" para o âncora que sempre confiou na filha de olhos fechados.

O dia estava ensolarado e Natalie decidiu que não ficaria em casa de braços cruzados esperando que tudo mudasse magicamente. Ela sempre teve vontade de conhecer Coney Island então arrumou sua bolsa e pegou o livro que estava fechado em seu criado mudo aguardando ser lido.  A mulher pediu um táxi e em pouco tempo já estava a caminho da praia.

Natalie sentia a brisa do mar bater de encontro com seu rosto avermelhado pelo dia de praia em Coney Island. A semana havia sido terrivelmente caótica e a única coisa que ela sentiu vontade foi de tomar um belo banho de mar e respirar ar limpo. Sozinha.
Sem ninguém falando em seu ouvido. As mudanças na sua vida estavam acontecendo de forma rápida e apesar de ter facilidade em se adaptar ela precisava digerir tudo. Afinal, sua juventude estava passando tão rápido quanto o bater das asas de um beija-flor e isso a assustava pois não queria piscar e ver que tudo passou tão rápido que ela não pode aproveitar.

Nathalia's Pov

Coloquei meu fone de ouvido no último volume e me esforcei ao máximo a não pensar no caos que estava minha vida nos últimos tempos, peguei um livro na minha bolsa e por ali fiquei tranquilamente.

O tempo passou rápido pela primeira vez, o sol já estava se pondo e metade de um livro havia sido lido. O clima parecia perfeito pela primeira vez em muito tempo até que senti uma pessoa se aproximando e chutando um bocado de areia em minha direção. Olhei para cima para identificar qual tipo de louco faria uma coisa dessas mas assim que vi os cabelos castanhos voando com o vento e a mandíbula travada, tive certeza que era um louco e o louco mais gato que já vi. Harry Styles.

- Seu idiota! Porque fez isso? - Respondi em um grito enquanto tirava toda aquela areia da minha roupa. Harry não se deu o trabalho de me respondeu, apenas virou a cara e encarou o mar. O homem usava um ray-ban preto, uma regata branca e uma bermuda cinza. Estava tão simples e mais lindo do que nunca.- Um dia você diz que não quer mais falar comigo e no outro quer brincar de pega-pega?
- Eu disse que não falaria mais com você, nunca falei que não jogaria areia quando te visse.- Harry retrucou e eu revirei os olhos com tamanha imaturidade. O homem se sentou ao meu lado com os cotovelos apoiados nos joelhos e os dedos entrelaçados. Ele não tirava os olhos do mar e eu não era capaz de tirar os olhos dele. Ficamos em silêncio por longos e torturantes minutos.
-Sabe... Eu estive pensando sobre como você se deu o direito de entrar na minha casa, virar a melhor amiga da minha filha, mexer nas minhas coisas.....
- Não começa, Styles! - Interrompi o homem. Que bufou e tirou os óculos para pressionar os olhos com os nós dos dedos.
- Sun, me deixe terminar de falar. - Rebateu firme, - Você é toda metidinha, um dia está querendo ser amiga de tudo e de todos, no outro dia me odeia, um dia nos damos bem e no outro minha vontade é de te jogar da escada. Mas apesar de tudo isso eu acho que você é uma boa amiga para a Amanda. Nunca a vi tão radiante e queria te agradecer por isso. Naquela noite eu era o único sóbrio e minha conduta deveria ser diferente das jovens bêbadas e inconsequentes. Então me perdoa por tudo que foi feito e dito. - Pela primeira vez ele me encarou e eu desejei que não tivesse o feito. O sol deixava seus olhos ainda mais claros, sua pele estava dourada, eu estava vendo a materialização da beleza bem na minha frente e não podia acreditar. Ugh! O que tem de errado comigo? Ele foi um babaca comigo e mesmo assim eu estou babando igual um cachorrinho só porque ele reconheceu que é um babaca!
– Eu entendo sua chateação. Não deveria ter mexido no seu celular mas meus sentidos estavam muito confusos pra sequer pensar em privacidade. Você foi muito duro com suas palavras, não imaginava que sua reação seria aquela mas eu te perdôo por ser um completo babaca. - Sorri cinicamente para o homem que revirou os olhos para mim com uma leve risada pendurada nos lábios.
– Venha jantar conosco hoje a noite. - O convite soou mais como uma ordem e eu apenas assenti. – quem sabe você não dá um showzinho de Hannah Montana novamente uh?
– Isso jamais acontecerá novamente. Não existe margem pra mim porque meus cuidados foram redobrado.
– Eu não teria tanta certeza disso, Sun.
– Ai, Harry. Me deixa em paz. - o homem riu.

Ficamos por ali conversando sobre a vida até que Harry me ofereceu uma carona para casa. No caminho ele me contou como a Amanda havia ficado para baixo e que ele sabia que "as noites de estudo" eram pretextos para que ela saísse comigo. Harry se gabou por saber que ele estava sempre um passo à frente.

Eu estava feliz em saber que tudo voltaria ao normal, finalmente!

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