12 | Rain came pouring down

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— Mas vai querer. - E em uma fração de segundos senti os pingos de chuva caindo em meu corpo, Scott fez um sinal com a cabeça para que eu o seguisse. Que tipo de poder esse idiota tem?

•••

Scott corria desviando das pessoas e de seus guarda-chuvas, sua mão me puxava pelo punho enquanto eu tentava manter meu ritmos sincronizado com o dele porém estava um pouco sedentária enquanto o homem parecia um cavalo de corrida. A chuva estava forte e eu torcia para que não se tornasse uma daquelas chuvas em que tudo é destruído, o metrô interditado e as ruas alagadas. E então brutalmente Scott parou de correr e parou em frente a um grande prédio com a logo da sua emissora, nos entramos e passamos pela recepção sem o impedimento de nenhum segurança ali presente. O homem nos guiou até dentro do elevador onde dois meninos jovens e loiros conversavam, pareciam aqueles universitários lindos dos filmes, Scott acenou com a cabeça e eu apenas fiquei parada ao seu lado. As porta se fecharam e Scott se escorou na parede e cruzou seus braços.
— Você está indo para o plantão, senhor Turner? - O loiro de olhos verdes perguntou, ele era alto, maior que o outro rapaz, ele tinha um corpo atlético e usava roupas formais. Me encarei pelo espelho e fiquei insegura, estava apenas com um tênis branco e um vestido soltinho preto.
— Na verdade entrei aqui para fugir dessa chuva monstruosa, Colin, e você? - Scott respondeu
— Então acho que serei o portador dessa notícia mas acho que irão te colocar no plantão porque essa chuva não vai parar tão cedo, a prefeitura emitiu um alerta de emergência e evacuação. - Scott coçou suas têmporas com os nós dos dedos e logo após sua mão deslizou entre seus fios de cabelo. Que cena, meus amigos. A chuva nem me aterrorizava mais.
— Em 1 hora o metrô será interditado, nós vamos para lá cobrir tudo.- O outro se pronunciou e então o elevador abriu suas portas indicando que havíamos chego, o andar era gigantesco e Scott saiu do elevador se encaminhando para a direita, apenas o segui em silêncio. O homem abriu uma porta às pressas e percebi que provavelmente ali era a redação, ele se encaminhou até uma mesa onde um homem que aparentava ter seus 60 anos estava sentado.

— McGee! Como vai ser a cobertura da chuva? - Turner se pronunciou encarando o homem.
— Você entra no horário normal do seu programa mas o que você está fazendo aqui?
— Estava fugindo da chuva quando tudo começou. A informação que irão interditar o metrô está correta?
— Sim, procede. Ja interditaram o metrô, as estradas e as balsas. Provavelmente você dará a notícia de um estado de calamidade
— Ótimo! Nova Iorque está em colapso e eu nem consigo falar com a minha filha. - Scott disse frustrado. Os olhos do tal McGee caíram em mim como se eu fosse filha de Scott. — Não ela, seu idiota. Essa é a Natalie Sun, uma grande amiga da família. Façam tudo que ela pedir e precisar.
Scott não me apresentou como a amiguinha da filha mas sim como amiga da família, família está que era composta apenas por ele e Amanda. Me conti a não abrir um sorriso.
— Prazer, senhorita Sun! - O homem falou em minha direção e eu apenas sorri simpática. Estava tentando processar esse momento caótico em que eu estava presa.
— Vem, vou te levar para a minha sala. - Scott falou baixo para que só eu pudesse o ouvir, o homem me guiou até uma sala grande com o chão inteiramente de carpete e uma enorme janela que dava a visão perfeita de uma Nova Iorque encharcada.

Scott lançou um olhar cansado para mim, seus olhos transmitindo uma mistura de irritação pela situação e curiosidade sobre como eu lidaria com ela.

— Você deve se sentir sortuda por estar aqui, Natalie. Não é todo dia que alguém tem acesso aos bastidores de um evento como este — ele comentou, retirando o sobretudo enquanto caminhava para o centro da sala.

— Sortuda ou não, estou aqui com você, Turner. Espero que isso compense a situação.-Sorri, mantendo a ironia que sempre caracterizou nossa relação.
Ele respondeu com um sorriso leve e um revirar de olhos, quase imperceptível, como se ignorasse minha ousadia.. A cidade lá fora continuava a ser castigada pela tempestade enquanto a tensão entre nós parecia aumentar, criando uma atmosfera eletricamente carregada.
Scott se dirigiu à sua escrivaninha e pegou algo em sua mesa, enquanto eu explorava a sala com os olhos, observando os troféus e fotos que decoravam as prateleiras. Scott então se dirigiu à enorme janela, contemplando a cidade ensopada. Eu o observei discretamente, tentando decifrar os pensamentos por trás de sua fachada impenetrável.

— Preciso me preparar para apresentar as notícias — ele finalmente quebrou o silêncio murmurando pra si mesmo. — Natalie, fique à vontade. Vou apresentar o jornal e espero que essa tempestade não cause estragos maiores- continuou a falar porém voltando-se para mim. Assenti, mordendo o lábio inferior. Aquela situação estava me levando aos meus limites. — Você quer acompanhar os bastidores? - perguntou e eu assenti, sem conseguir esconder a empolgação. Ele soltou um suspiro e se dirigiu para a porta por onde eu o segui.

Eu assisti Scott na tela, suas palavras fluindo com a confiança de sempre. Sua arrogância misturava-se à habilidade profissional. Eu, por outro lado, permanecia ali nos bastidores, assistindo ao homem que, de alguma forma, sempre esteve fora do meu alcance. Eu sabia que ele não correspondia aos meus sentimentos, mas não conseguia resistir.
As horas se arrastaram enquanto eu observava o noticiário, e a cada atualização, a preocupação crescia.

Finalmente, a transmissão terminou, observei Scott sair da bancada e várias pessoas instantaneamente o rodear. Caminhei pelo corredor indo em direção a sala dele sentindo-me um pouco perdida naquele ambiente agitado. A atmosfera era de trabalho frenético. Os funcionários da emissora corriam de um lado para o outro carregando amontoados de papéis, cafés, celulares, alguns deles estavam ensopados pela chuva.

Scott Turner voltou à sala com um semblante cansado. O homem olhou para mim, seus olhos cansados refletiam a preocupação pela filha e o caos lá fora. Ele se aproximou da janela, observando as ruas inundadas e o cenário desolador. Sua voz assumiu um tom mais suave.
— Natalie, parece que estamos presos aqui por um tempo. O metrô está interditado, e as estradas estão um caos. Acho melhor ficarmos esta noite.- Concordei com a cabeça, Scott sorriu gentilmente, como se tentasse amenizar a tensão. O temporal rugia lá fora.
— Vou buscar algo para comer, e então podemos tentar descansar um pouco. - Ele parecia menos insuportável, mais humano. Me contentei a encarar a enorme janela para contemplar a cena apocalíptica a minha frente, de repente meu celular foi bombardeado com notificações e peguei o aparelho do meu bolso encarando uma única barrinha de sinal. 22 mensagens de Amanda em completo desespero questionam onde eu estava.

"Amy, estou abrigada na emissora com seu pai. Fique tranquila, saíremos assim que possível. Te amo, durma bem!

Xxx Nat"

E então a única barrinha desapareceu.

Scott retornou a sala carregando inúmeros tipos de biscoitos, doces e refrigerantes em uma sacola juntamente com uma única caixa de pizza. O homem colocou a comida na mesa de centro
— Foi tudo que consegui. A equipe de cozinha está fazendo pizza.
— Não se preocupe, nós conseguiremos passar a noite. - Respondi retirando meus sapatos e me sentando ao chão, Scott sentou ao meu ledo enquanto arrancava sua gravata e cinto. Abri duas latas de coca zero e peguei meu pedaço de pizza.
— Não sei como está Amanda, mas imagino que também esteja preocupada. Ela tem medo de trovões. -Percebi uma rachadura na armadura arrogante de Scott. Ele estava mais vulnerável naquele momento.
— Consegui falar com ela e está tudo bem, Amy está em casa com uma tal de Cassidy da faculdade. Ela disse que te viu no jornal e que estava tentando falar com a gente mas estávamos sem sinal. - Scott suspirou aliviado e deu um sorriso largo, pegou sua pizza e ligou a televisão em nossa frente. Um filme bobo passava no canal aberto já que estávamos sem sinal de internet. Meu coração estava apertado porque estar fora de controle não me agrava em nada. Scott estava tranquilo, imagino que já estava acostumado após anos cobrindo desastres e guerras.

Após o fim do filme, Scott se sentou no sofá, esfregando as têmporas enquanto eu observava o sentada no chão. No silêncio da sala, a tensão se dissipava lentamente, e o cansaço da situação começava a nos atingir. Scott se deitou de barriga para cima, cansado, enquanto eu o observava, desafiando a barreira que existia entre nós. Seus olhos recaíram sobre mim e a energia elétrica que pulsava entre nós, antes carregada de ousadia, deu lugar a um entendimento silencioso. Ocupei meu espaço a seu lado e ambos nos ajeitamos, o silêncio preenchendo o espaço entre nós. Minha cabeça estava repousada no ombro de Turner. Os primeiros botões de sua camisa estavam desabotoados e os cabelos bagunçados, seu perfume forte se misturava com nossas respirações tensas. A tempestade lá fora agora era apenas um sussurro distante. Encarei o teto, perdida em pensamentos, enquanto o homem ao meu lado, parecia afundar nos próprios dilemas. E assim, sob a luz suave da sala, nos encontramos adormecendo, cada um carregando seus fardos na calma temporária da noite.

Notas da autora
Oi gente! Prometo que irei atualizar com mais frequência, espero que não me abandonem!❤️

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⏰ Última atualização: Mar 19 ⏰

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