Da água pro vinho

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A princípio eu não achei essa professora de Ciências profissional. Ela nem sequer se apresentou antes de começar a aula e sério, nós tínhamos dois horários seguidos com ela naquele dia. Foi um porre.

No laboratório ela fez questão de separar os grupos para fazer um experimento. O meu era formado por mim, Ambre, Li, uma menina chamada Bia e aquele menino de cabelos azuis que se sentou com a Rosalya no início da aula, o seu nome era Alexy.

Ambre e Li ficaram o tempo todo batendo papo e Bia tentando se intrometer na conversa das duas, as quais fingiam que a pobre menina não estava ali. Fiquei com um pouco de pena da garota mas depois fiquei com raiva, já que nenhuma das três sequer moveu um dedo para ajudar eu e o Alexy com o trabalho.

O Alexy era muito gente boa. Depois que fomos liberados nós nos sentamos juntos no intervalo e ficamos conversando. Posteriormente ele e Rosalya viraram os meus melhores amigos naquela escola.

Eu não demorei muito a me adaptar. Acabei pegando afinidade com todo mundo da minha sala, exceto com O Trio. Elas não foram com a minha cara mesmo, e eu não entendi o porquê. Ela eram daquelas que sempre inventavam fofocas sobre mim e espalhavam para o resto da escola, mas sinceramente, aquilo não me abalava. Não naquele momento, pelo menos.

Um mês depois das aulas começarem chegou uma nova aluna na nossa turma. O nome dela era Debrah.

Debrah era uma amiga maravilhosa a princípio, eu podia jurar que era uma das minhas. Nós nos sentávamos juntas, conversávamos a aula toda e ainda íamos na casa uma da outra. Eu adorava os pais dela.

Tínhamos gostos em comum, sabe, e eu sabia que ela era vocalista de uma banda de rock. Eu também gostava de cantar, não era profissional como ela, mas nós nos divertíamos bastante no karaokê.

Nessa época eu comecei a ter um crush no Lysandre. Eu achava ele bonito e tal, mas de verdade, eu não me imaginava namorando naquele momento. Conversando com a Debrah eu descobri que ela era uma ex-aluna de Sweet Amoris e tinha voltado para a escola com "interesses pessoais". Eu realmente achava que esses tais interesses eram algo voltados à sua carreira musical no futuro, já que ela queria ser cantora famosa e Sweet Amoris era um colégio que dava muito suporte para os alunos no meio artístico. Eu cheguei até a perguntar se era por isso e ela confirmou! Mas um belo dia eu escutei Peggy fofocando com Melody que a volta de Debrah estaria relacionada com Castiel, o amigo ruivo do Lysandre, já que eles namoraram no passado.

De fato desde a chegada dela o Castiel mudou da água pro vinho. Suas roupas, jeito de andar, a forma como tratava as pessoas... Tudo estava diferente. E às vezes eu realmente pegava eles conversando, mais como amigos. Nunca que eu imaginaria que eram exs.

Eu perguntei pra ela depois da aula, no WhatsApp, se era verídica essa história de namoro, mas ela visualizou e não me respondeu. A partir do dia seguinte eu passei a ser totalmente ignorada na escola, comentei com a Rosalya e o Alexy sobre e eles acharam estranho. Tentei falar com a Debrah mas não deu muito certo. Até que um dia ela me puxou para um canto no corredor das salas de aula:

— Eu vou te contar toda a história e quero que ouça calada.

Eu engoli em seco e assenti. Suas mãos sobre os meus ombros relaxaram e ela pôde dizer:

— Eu realmente namorei o Castiel. Não contei antes porque a princípio os meus interesses na escola não eram mútuos e ainda não são, mas eu estou quase lá. Vamos aos acontecimentos: eu antigamente não queria ter uma banda mas ele queria que formassemos uma. Eu gosto muito do Castiel, mais do que a minha atitude leva a crer, sabe? Só que entre um namorico de escola e uma carreira brilhante de cantora a resposta é óbvia pra mim. E nessa época eu estava conversando com um produtor que me ajudaria a ser cantora solo sem o Castiel saber. Então o Nathaniel me flagrou em uma ligação com esse produtor. Na época ele e Castiel eram amigos, então, com medo de ser dedurada e o meu plano de me ocupar com a minha carreira para não ter que formar uma banda com o meu ex ir por água abaixo antes mesmo de ser executado tomou conta de mim e eu agi por impulso: tentei seduzir o Nathaniel para que ele não contasse. Mas o Castiel entrou na sala nessa hora e me viu com as mãos sobre o peitoral do amigo... Ele deduziu que o Nathaniel era a fim de mim e eu o fiz acreditar nisso, por esse motivo eles não se bicam mais. Mas o bom é que depois de todo esse episódio eu consegui inventar uma desculpa para terminar o namoro e em seguida fui embora. No entanto, a minha carreira solo não deu certo, o produtor me descartou, eu tive que entrar em uma banda pra não ser uma completa fracassada e estou aqui de volta para recomeçar com o Castiel.

E depois de quase dois minutos falando ela se afastou um pouco mais de mim. Eu, por minha vez, não conseguia ter uma reação concreta. Como eu ia reagir à isso? Porra!

Vendo o meu espanto um sorrisinho ladino sarcástico se formou em seus lábios. Ela, que provavelmente não esperava que eu falasse alguma coisa, quebrou o silêncio entre nós:

— Agora que você sabe da minha história, amiga, eu espero que eu possa contar com a sua ajuda para conseguir o meu gatinho de volta e manipular ele...

O seu tom de voz naquela hora era totalmente diferente do que eu estava acostumada a ouvir. Ela parecia uma vilã de filme clichê adolescente falando. E ela ainda enfatizou a palavra "amiga". Aquilo me causou sérios arrepios. Eu não conhecia a pessoa que estava na minha frente.

— Desculpa, Debrah. — depois de longos segundos eu consegui formular uma frase. — Eu não posso apoiar isso.

O seu semblante maléfico mudou para um sério de repente. Segundos depois ela me olhou com desdém e disse antes de virar as costas e sair rebolando pelo corredor:

— Tudo bem.

Eu estava com muito medo do que essa garota faria comigo. Contei tudo para a Rosalya e o Alexy, que me aconselharam a não dar bola e me lembraram que eram meus amigos e estavam ali para mim e pra tudo o que eu precisasse.

No almoço eu me sentei com o Lysandre na cantina. Ele me contava que tinha um irmão que namorava a Rosalya quando a Debrah se juntou a nós. Agora ela parecia estar de boa, já que chegou puxando assunto comigo e com o garoto que estava conosco, até achei que ela tinha esquecido a nossa conversa de mais cedo. No entanto ela foi a primeira a acabar de comer, e assim que juntou suas vasilhas sujas e se despediu de mim com um aceno, ela se despediu do Lysandre com um beijo no canto da boca. Ele, que não esperava esse gesto, levou a mão até o lugar e ficou vermelho igual um tomate. Eu fiz o possível para esconder o meu ciúme e confesso que fiquei bem chateada com ela.

Mas essa não foi a pior parte. O que me fez ter a certeza que Debrah estava com raiva e disposta a se vingar de mim foi a cena que eu flagrei no final da aula. Ela sabia que antes de ir embora eu sempre deixava os meus livros no meu armário para não precisar carregá-los todo dia. Ela também sabia que eu queria ficar com o Lysandre e aproveitou isso para jogar na minha cara que era a tal.

Assim que saí da sala e virei na esquina do corredor dos armários eu vi os dois conversando em frente ao meu armário. A maioria dos alunos já tinha ido embora e a outra grande parte estava espalhada pela escola, então o corredor não tinha mais ninguém além de nós. Ela cada vez mais se aproximava dele, que recuou até dar de costas com a porta de metal. Eu me escondi para ver o que ia acontecer.

Aos poucos, Debrah foi colocando suas mãos sobre o garoto. Primeiro sobre o peito, depois as guiou até os ombros. Nessa hora ela olhou rapidamente na direção que eu estava escondida e me viu. Foi aí que um sorrisinho demoníaco surgiu em seus lábios, então a garota colocou suas mãos sobre a nuca do Lysandre e o puxou para um beijo.

Cara, eu não sei explicar como eu me senti nessa hora. Eu não conseguia sentir raiva, era algo semelhante à medo e tristeza. Medo do que ela era capaz de fazer, porque com certeza foi um plano beijar o Lysandre em um lugar que eu iria ver para me deixar desestruturada e me mostrar que ela era a fodona, mas triste pelo fato de eu ter perdido uma "amiga" e provavelmente ter perdido o Lysandre naquele momento também.

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E essa Debrah, hein, gente? Vocês gostaram dela?

Vamos concordar que ela é meio lelé da cuca, né kkkkkkkkk.

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𝑭𝒍𝒂𝒚𝒔𝒂: 𝑶 𝑰𝒏𝒊𝒄𝒊𝒐 𝒅𝒂 𝑱𝒐𝒓𝒏𝒂𝒅𝒂 | Amor Doce ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora