Desfecho

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Em questão de minutos a escola se tornou um verdadeiro alvoroço. Como a boa repórter que é, Peggy — que naquela hora já tinha até ido para a sua casa — veio correndo em direção à pequena multidão de alunos que se formou na entrada do colégio, carregando uma prancheta e sua câmera fotográfica, para registrar com detalhes o momento em que Ambre e Debrah foram escoltadas até a viatura da polícia.

No dia seguinte, com certeza, a prisão delas seria a manchete estampada na capa do jornal de Sweet Amoris. Na verdade, eu supus que toda a França saberia dessa história maluca em questão de dias. 

Assim que elas foram colocadas no carro e a porta foi fechada, um dos policiais veio até mim. A princípio não o reconheci, mas olhando direito, percebi que era o policial com o qual eu tinha feito um acordo para provar a minha inocência dias atrás. Eu estive tão ocupada pensando em como livrar a minha família de ser deportada que tinha — por um breve momento — até me esquecido daquele acordo!

O oficial parou ao meu lado. Antes de olhar em seus olhos, reparei na sua farda, que portava o seu nome. Carlos. 

— Senhorita? 

A voz rouca dele me chamou a atenção. Ao olhar para a sua face, retomei às lembranças que ele realmente aparentava ser um senhor de idade um pouco avançada.

— Podemos ter uma conversa? — o oficial Carlos disse, me fazendo sacar que tipo de conversa era aquela.

Sabe, na hora que eu propus o acordo para ele, me pareceu uma boa ideia. Mas a verdade é que ele era um policial, independente de qualquer outra coisa. Então, podem me chamar de medrosa ou seja lá o que for, mas depois de ter passado por todos esses momentos com a Debrah e com a Ambre, eu estava disposta a não tentar mais fazer coisas sem pensar nas possíveis consequências delas.

E começando pelo acordo.

Vai que, sei lá, o policial decide não cumprir a parte dele, mesmo eu tendo ganhado a aposta? Ele poderia muito bem me ferrar bonito! Por isso eu tomei uma decisão, ali, bem naquela hora.

— Não precisa mais cumprir o acordo, senhor. — falei. — Eu sei que eu ganhei, mas… Tudo isso foi longe demais e agora eu quero apenas ser mais precavida comigo mesma e me manter afastada de problemas.

Ele demorou a esboçar alguma reação, ficou me encarando sério por alguns segundos. Até que um leve sorriso ladino surgiu no canto direito de seus lábios.

— Você é bem esperta. — dito isso, ele deu dois toquinhos no meu ombro esquerdo. Uma coisa típica de alguém da idade dele, compreendo. — Mas eu ia apenas te convidar a ir conosco na delegacia fazer o exame de corpo de delito. 

Era verdade, ainda tinha isso. Eu precisava fazer um exame que comprovasse que a Debrah me bateu, mesmo que os oficiais tenham ouvido a gritaria pelos alto-falantes. Procurei rapidamente a Rosa e o Alexy com o olhar já que, a alguns minutos atrás, nós tínhamos nos separado. Os encontrei não muito longe de mim, cada um conversando com um policial diferente, os quais deviam estar fazendo a mesma proposta para eles. 

— Não quero prestar queixa. — afirmei, voltando a encarar o senhor na minha frente. — Por favor, eu espero que me entenda, mas não quero que meus pais precisem ir me buscar na delegacia. Essa é a única coisa que não quero que eles façam, de jeito nenhum!

O oficial suspirou lentamente depois de ouvir a minha fala.

— Eu compreendo. Mas, não indo, você estará omitindo algo que essas meninas lhe fizeram.

— Elas já me fizeram tantas coisas, senhor… Se as outras passaram impunes, essa não vai passar, porque o senhor pode levar os meus amigos no meu lugar. Eles estão ainda mais machucados do que eu. 

𝑭𝒍𝒂𝒚𝒔𝒂: 𝑶 𝑰𝒏𝒊𝒄𝒊𝒐 𝒅𝒂 𝑱𝒐𝒓𝒏𝒂𝒅𝒂 | Amor Doce ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora