Preparativos Para a Festa

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5 meses depois...

Penúltimo dia de aula! As turmas do Ensino Fundamental saíram em excursão para um museu arqueológico numa cidade vizinha à Paris, enquanto nós, alunos das turmas do Ensino Médio, ficamos na escola. No dia seguinte, além de ser o último dia de aula, seria a nossa tão comentada formatura, e como decidimos convidar a primeira e segunda séries, os alunos se mobilizaram a nos ajudar com os preparativos para a colação de grau e o baile.

Nós nos dividimos em dois grandes grupos: os que iam ajeitar o ginásio para a festa, e os que iam cuidar do auditório para a cerimônia. Dentre esses grupos, nós fizemos subdivisões para o processo andar mais rápido.

Rosalya, durante esses meses, tinha se tornado a presidente da comissão de formatura, e eu a vice. Nós nos separamos também: ela foi com o grupo do auditório e eu com o do ginásio, e nós duas estávamos coordenando todos os outros subgrupos.

Eu estava supervisionando a montagem da pista de dança quando uma pessoa simplesmente me arrastou para um canto. Era Lety.

Lety era da segunda série. Seu nome real era Letícia, mas, com o passar dos meses, nós nos tornamos boas amigas, então eu tinha intimidade suficiente para lhe chamar apenas pelo seu apelido. Ela era muito bonita: tinha cabelos azuis escuros ondulados, olhos tão castanhos que beiravam o preto, pele branca — mas não extremamente branca —, e um corpo cheio de curvas. Ela era baixinha, media cerca de um metro e meio, apesar de ter 16 anos.

Eu a tinha deixado na liderança do grupo responsável pelos comes e bebes da festa, então toda hora eu a via correndo para lá e para cá. O fato dela estar me chamando assim, repentinamente, e de uma forma tão brusca, me deixou preocupada.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei assim que paramos de andar.

— Um verdadeiro desastre! — ela segurava seu celular firmemente, as mãos um pouco trêmulas, enquanto tentava respirar fundo para manter a calma. — A empresa responsável pelos salgados acabou de cancelar mil unidades!

Certo, isso era problema.

— Você já tentou ligar para outro lugar e fazer uma encomenda?

— Mil salgados em um dia? Eu duvido muito que alguém vá querer fazer!

— Não precisa ser mil, Lety! Liga para quatro locais e pede 250 em cada!

Ela me encarou profundamente e piscou algumas vezes.

— Mas aí não vai ficar muito caro?

Dei de ombros.

— Se faltar algum valor, eu completo e depois divido e a minha turma me reembolsa.

Nem tive tempo de ouvir o que ela disse, já que escutei alguém chamando o meu nome do outro lado da quadra e saí correndo para ver o que era.

A tarde toda foi assim. Só tive dois momentos para encontrar os meus amigos: na hora do almoço e na hora do café da tarde. Quando finalmente acabamos de arrumar tudo, já estava quase dando sete horas. Eu peguei uma carona com o Leigh, a Rosalya e o Lysandre para voltar pra casa.

Àquela altura do ano já não era mais uma surpresa que eu e o Lys namorávamos. Nós assumimos no final de setembro, quando a Peggy publicou um artigo apontando os sinais de que eu e o garoto de cabelos grisalhos estávamos em um relacionamento. E essa fofoca se espalhou em menos de um dia, as pessoas nos perguntavam a todo momento se era ou não verdade, até que concordamos em assumir. Teve gente que amou e teve gente que odiou.

Eu fui deixada em casa primeiro. Ao chegar, deparei com os meus pais sentados no sofá assistindo um filme de comédia romântica. Ao me verem chegando, eles me convidaram a sentar no meio deles, e eu fui, mesmo cansada e suada. Foi uma cena bem clichê, mas ao mesmo tempo muito fofa!

— Como você passou o dia, minha filha?

Tal pergunta veio do meu pai. Ele acariciou levemente os meus fios de cabelo, e eu aproveitei para encostar a minha cabeça no seu ombro.

— Bem. — falei, enquanto suspirava levemente. — Mas foi cansativo.

— Você se alimentou direitinho? — a minha mãe perguntou dessa vez.

— Sim. Mas não vou recusar um jantar, se tiver.

Eles dois riram levemente.

— Seu pai ficou com preguiça de fazer a comida hoje, Flaysa. Nós pedimos pizza.

Durante aquele ano, nós tínhamos pedido pizza muito poucas vezes, então tal ideia me animou e me fez ficar com mais fome do que eu já estava. Eu até me remexi no meu lugar e passei as mãos sobre a minha barriga, na intenção de demonstrar que estava faminta.

Consegui arrancar algumas risadas dos meus pais. E eu ri junto deles, também. Fazia muito tempo que não passávamos algum momento assim.

— Você já sabe o que quer fazer no ano que vem, minha filha? — foi a minha mãe quem perguntou.

Olha, eu queria mesmo saber responder essa pergunta, mas eu nem tinha parado para pensar no que eu faria no meu futuro próximo. Eu não tinha definido uma profissão, tinha perdido o período de inscrição no vestibular, mas também não sabia se eu faria algum curso técnico ou profissionalizante e já começaria a trabalhar ou se eu não faria nada disso, apenas deixaria a vida me levar. Eu até tive vontade de responder a pergunta da minha mãe com "vou deixar a vida me levar pra ver aonde vai dar", mas obviamente não fiz isso. Ela, com certeza, ficaria chateada de ver que investiu todos esses anos nos estudos da filha, para ela crescer e falar uma merda dessas.

— Talvez eu vá me dedicar inteiramente ao Stars From Nightmare. — eu olhei pra ela. Sabe, a minha mãe era bastante favorável com os assuntos da banda, então penso que essa foi uma boa desculpa. — E talvez depois eu pense em fazer faculdade. Seria precipitado para mim já querer fazer agora, porque eu nem sequer faço ideia do curso que eu quero!

Nessa última parte eu realmente não falei nenhuma mentira. Eu podia ter feito um teste vocacional ou algo do tipo, mas fiquei a maior parte dos últimos cinco meses procrastinando, então acabou que eu nem sequer pesquisei uma faculdade. Mas, em minha defesa, tenho uma desculpa para você, leitor, não me julgar: eu passei 12 anos da minha vida na escola, tudo o que eu queria era uma trégua entre ela e a faculdade. Sabe, pelo menos um tempinho para respirar de ambiente escolar eu merecia!

A minha mãe ficou me fitando por alguns segundos, carinhosamente, antes de segurar a minha mão e a levantar até os seus lábios, depositando um selar entre os meus dedos. Quando me afastou, um sorriso tímido surgiu em seus lábios e ela disse, em um tom muito fofo e delicado:

— Amanhã você se forma… Eu e seu pai estamos tão orgulhosos de você! 

Um sorriso também surgiu em meus lábios, inevitavelmente. Olhando um pouco melhor para ela, notei que seus olhos estavam começando a ficar marejados, e eu acabei indo pela sua onda, sentindo lágrimas de felicidade pesarem um pouco nos meus olhos.

A minha mãe abriu a boca para falar alguma coisa, mas obviamente não conseguiu. Ela ficou tão emocionada que acabou derrubando várias lágrimas, e eu tive a mesma reação ao vê-la chorando. Com isso, eu me afastei do ombro aconchegante do meu pai para a abraçar. Ficamos assim por alguns segundinhos, até que o papai veio se juntar à nós — não chorando, ainda, mas também tocado pela cena. 

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É capítulo fofo que vocês queriam? Pois tomem! Hahahaha.

Eu senti a necessidade de colocar algo bem leve nessa história. Até porque, depois de vários e vários capítulos se estressando, a Flaysa precisava de um momento tranquilo com a família, não é?

Mas, se vocês forem espertos, vão perceber que eu deixei de falar da Ambre e da Debrah aqui... E foi proposital.

Algum chute sobre o que aconteceu com elas?

𝑭𝒍𝒂𝒚𝒔𝒂: 𝑶 𝑰𝒏𝒊𝒄𝒊𝒐 𝒅𝒂 𝑱𝒐𝒓𝒏𝒂𝒅𝒂 | Amor Doce ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora