Mira Errada

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— Vai demorar muito para a viatura chegar?

A voz da Rosalya soava estonteantemente estridente. Ela estava no telefone conversando com um policial, só que ela estava um pouco alterada, visto que já era a sua segunda ligação para a delegacia. 

Na primeira ela conseguiu convencer os oficiais a virem até a escola, dizendo que estávamos sendo assaltados, mesmo que eles tenham duvidado um pouco das suas palavras por ter sido uma aluna quem os contatou, e não a diretora ou algum outro funcionário de Sweet Amoris. Só que já fazia mais de meia hora que estávamos esperando na sala dos professores, e até o presente momento não tínhamos escutado nenhum barulho que denunciasse a chegada dos policiais.

Eu estava, mais do que nunca, torcendo para que eles viessem. Primeiro, que essa ideia de chamá-los foi da Li e da Charlotte, e, por mais que eu achasse que elas não seriam burras a ponto de bolar um plano contra a minha pessoa que envolvesse a polícia, eu estava com um pouquinho de medo de elas terem passado a perna em mim e nos meus amigos, já que não tínhamos tido mais notícias suas até então. Elas poderiam ter ido embora, simplesmente, e deixado eu, o Alexy e a Rosalya presos numa completa enrascada. Quem garante que não?

Eu e o Alexy nos juntamos ao lado da nossa amiga quando ela desligou o telefone.

— Essa foi a última vez que eu pude ligar. — ela disse, olhando fixamente para a tela do seu celular. — Só tenho mais cinco por cento de bateria.

O meu celular já tinha descarregado, e o do Alexy também estava nos últimos pontinhos. Ou seja, agora nos restava apenas esperar. Frustrados.

Mas é aquele ditado, não? Nada é ruim o bastante para que não possa piorar.

Minutos depois, em um momento de puro silêncio entre nós três, conseguimos escutar passos vindos do corredor. Automaticamente trocamos olhares, esperançosos e assustados, ao mesmo tempo. 

Os passos pareciam vir justamente em direção à sala dos professores. E se fosse algum funcionário e ele nos expulssasse de lá? Ou pior, e se fosse os policiais, que chegaram na escola, constataram que não tinha nada demais e estariam procurando pela gente agora? Eu estaria ferrada duas vezes! Com certeza seria deportada depois de um episódio desse!

Mas não era nenhuma dessas hipóteses. Era uma pior ainda: Ambre e Debrah.

Não sei como caralhos a Debrah conseguiu entrar naquela escola, mas quando a vi em pé na porta, senti minhas pernas bambearem. Ela, que vinha na frente da outra peste, ficou uns segundos parada bloqueando a entrada da loira e me olhando fixamente. Parecia tão surpresa quanto eu.

— Olha só… — quando finalmente saiu do que pareceu ser um transe momentâneo, disse essas palavras bem baixinho. — Quem realmente temos aqui…

Ela entrou na sala, seguida da Ambre, que fechou a porta atrás de si. Foi nesse momento que eu comecei a recuar, recuar muito, até sentir o braço do Alexy e o agarrar com força.

Ambre carregava um sorriso debochado no rosto. Eu não conseguia tirar os olhos dela e da morena, mas, julgando pelo tanto que Alexy tremia, pude notar que eu não era a única em estado de choque ali. E era pra ele que a loira de olhos verdes olhava atentamente, antes de chegar perto de sua amiga e dizer alto o suficiente para que nós também pudéssemos ouvir:

— Viemos achando que teria só uma, mas ganhamos a chance de matar três coelhos com uma só facada. Charlotte e Li arrasaram.

Então era isso? Tudo não passou de um plano idiota das quatro? Então nós caímos feito patinhos?

Elas começaram a se aproximar da gente, o que me encheu de medo. Me senti a pessoa mais burra desse mundo! É lógico que iriam fazer alguma merda para incriminar a gente quando a polícia chegasse.

𝑭𝒍𝒂𝒚𝒔𝒂: 𝑶 𝑰𝒏𝒊𝒄𝒊𝒐 𝒅𝒂 𝑱𝒐𝒓𝒏𝒂𝒅𝒂 | Amor Doce ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora