Gotículas álgidas deslizavam por cima da pele, arrastando-se sôfregas para fora dos poros e escorregando conforme a gravidade exige até a linha não tão marcada das mandíbulas que delimitavam a curvatura do rosto. Algumas atrevidas até ousavam escorrer até o pescoço, mas de lá se abstinham ao olho nu distante, não era mais possível identificar o paradeiro das mesmas.
Ali estavam mais uma vez, se entreolhando numa conexão quase ilustrada de tamanha intensidade. Entre os olhares, carros se colidiram e chamas pousaram sobre as àguas, de tal modo que o caos e adrenalina exacerbadas de um milhão de acontecimentos e infortúnios concentrassem toda a sua energia naquele momento em que o mundo congelou e as pupilas não desviaram um milímetro sequer do elo que parecia impossível de ser rompido.
No entanto, apenas aparentava. O Walkie Talkie chiou e a frequência sintonizou, esbravejando a voz desesperada e a carga intensa de xingamentos por segundo de Dustin Henderson, a qual jurou que pôde se sentir rompendo o seu tímpano.
— Alerta vermelho, Steve! O caralho do alerta! Alerta ver-me-lho!!! Você tá surdo, seu filho da puta?
O laço da consciência abraçou Harrington novamente e o trouxe de volta à realidade. Uma realidade que o apavorava, e desejava ter sumido nas orbes escuras do homem que ajustava os últimos acordes da guitarra diante do sutil público de 102 mil pessoas.
— Puta merda, dá pra você responder algo?!
— Não. – O vocalista falou após um tempo — Ele não pode. Ele não vai. Isso é loucura, é suicídio.
— Você realmente não conhece Eddie Munson, cara. — Os sons vindos do outro lado da linha soaram decepcionados — Espero que aproveite os seus muitos anos de estrelato. Tô caindo fora.
Os ruídos engoliram a conexão estável, ele havia rompido as ligações. Todas elas. Mais um para a lista de pessoas que haviam soltado a sua mão naquela tão eufórica noite nublada iluminada pelos jogos de luzes e efeitos que adornavam o estádio, os outdoors e todos os letreiros. Até mesmo os mais inúteis.
— Muitíssimo boa noite, ovelhinhas perdidas. — Por mais uma vez, sua atenção fora capturada para o guitarrista teatral — Hoje, eu os preparei uma surpresa! Estão prontos para verem a mais pesada realidade do heavy metal?
Steve arregalou os olhos, soltando todo o ar comprimido nos pulmões pelas narinas. Puta merda, ele vai fazer isso mesmo.
Três.
Dois.
Um.
— Eddie! – Exclamou com tamanho desespero que a garganta doeu como nunca antes. Todos os olhos se voltaram para a voz por trás da cortina.
Depois daquele momento, nada seria como foi.
E você, deve estar se questionando se isso é uma convencional história de amor envolta somente ao romantismo e a arte do drama de todo belo casal, certo?
Todos nós queríamos que fosse assim, acredite. Mas preciso te contar que nem tudo que você verá aqui é a pura essência do melodrama ou uma vertente das obras Shakespearianas. Talvez seja até um pouco oposto a tais exemplos.
Essa é uma história um pouco mais metal.
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blackout | steddie.
FanfictionOnde, em pleno verão dos anos noventa, um jovem guitarrista com sua banda amadora visa a oportunidade de sua vida e aposta todas as suas fichas no seu sonho improvável. Ou onde um vocalista de uma banda bem sucedida busca consolidar sua fama e su...