Leiloado [Jikook|ABO]

Prometa-me

- Eu demorei a entender que ninguém se aproximava de mim por medo, e eu me culpava muito, achava que era algo de errado comigo, que eu era esquisito ou feio. Isso foi anos, até eu descobrir, numa reportagem no jornal, o que meu pai fazia. Foi um choque, porque todo mundo sabia e estava bem ali - Gesticulou a sua frente - Acontecia na minha frente o tempo todo, mas, acho que eu era inocente demais para perceber.

Jungkook se lembrou da vez que não conseguiu dormir por ter visto um filme de terror, era bem medroso quando criança, e quando ouviu a porta da frente se abrindo e sons pela casa, primeiro se embolou no cobertor, tremendo e suando frio com medo de ser o monstro que vira no filme. Mas, em poucos minutos, se lembrou do que seu pai ômega lhe dissera poucos dias antes, que devia enfrentar seus medos e superá-los.

Mesmo que fosse duas da manhã e estivesse com frio pelo clima chuvoso, desceu as escadas lentamente, com uma espada e um escudo de brinquedo nas mãos para se defender e expressão corajosa.

Até que seguiu o barulho até a sala, onde encontrou seu pai alfa a frente do sofá abrindo duas malas acima do mesmo.

Seu pai se assustou quando o viu, fez uma expressão apreensiva quando seguiu os olhos do filho até as malas, abertas e, uma mostrando bolos de dinheiro e a outra muitas jóias. O pequeno Jeon ficou encantado rapidamente com as correntes brilhantes e perguntou de onde vinham, se o pai havia comprado, para quem era e muitas perguntas que seu progenitor lhe fez calar com um pedido de silêncio exasperado.

Jungkook se lembra nitidamente de Jeon SuHo dizendo: "Se não contar para ninguém que o papai tem essas coisas, elas serão suas, está bem?". O alfinha assentiu, não negaria aquelas coisas brilhantes e valiosas.

Então voltou ao seu quarto em silêncio, substituindo o medo pela felicidade de ter ganhado presentes do pai em troca de seu mísero silêncio.

"Tão inocente", Jungkook julgava a si mesmo agora.

Não muito tempo depois disso, descobriu que o pai era membro de uma gangue, que estava crescendo e ficando famosa e temida pela cidade a cada novo roubo que faziam e as situações catastróficas que metiam a população, deixando todos inseguros ao saírem.

- Mas a essa altura eu não me importava mais - Jungkook continuou. - Eu "assumi" - Fez aspas no ar - a fama de badboy indeliquente que já esperavam de mim, porque 'filho de peixe, peixinho é' - Citou o ditado com desgosto. - E parei de ficar mal quando se afastavam ou mostravam medo por mim. Eu comecei a gostar, talvez por ser o jeito que encontrei de ter um pouco de atenção - Deu de ombros. O olhar era distante e frio enquanto contava.

Jimin não evitou sentir um aperto no peito pela história de Jungkook, não imaginava que tivesse sido tão... Trágica e traumática a vida do alfa até se tornar o mafioso que é hoje.

- E como conheceu seus amigos de hoje? Digo, o Hoseok, Seokjin e os outros. - Jimin perguntou, ignorando os comentários de pena que pensava sobre o Jeon.

- Ah - Disse procurando na memória o dia que os conheceu. - Foi de um jeito muito aleatório. - Riu sozinho, a expressão voltando a se animar pela lembrança boa. - Eu conheci o Yoongi primeiro, depois os outros. Ele era caladão, mas quando abria a boca te destruía com fatos e lógica. Vou falar uma coisa estranha, mas as vezes eu achava que ele estava flertando comigo - Jimin não se conteve em gargalhar escandalosamente ao ouvir, porque, provavelmente, era verdade. - Estranho, né? A gente se conheceu quando eu fui fazer minha primeira tatuagem, a gente conversou no estúdio de tatoo e saímos pra fumar e pichar a praça no mesmo dia. Foi bem legal, a noite acabou com a gente correndo dos PM e pulando o muro da escola pra se esconder. Foi a primeira vez que eu realmente me senti um jovem rebelde e livre. - Seu semblante era pura nostalgia, ria de si mesmo e sentia saudade desse momento, desejando repeti-lo. De repente uma dúvida lhe surgiu e se obrigou a perguntar: - Você já teve um momento assim?