Os poderes de um mago

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A ceia da luz

Ray tinha 5 anos. Estava brincando com aquelas pedras que grudavam nos metais que seu pai tinha trazido em uma de suas viagens. Imãs. Quando seu pai chegou em casa aquela noite, parecia muito preocupado com algo.

- Olá querido, como foi a viagem? - disse a mãe de Ray.

Umbra beijou sua esposa e olhou bem fundo em seus olhos.

- Karin, sei que acabei de chegar, mas amanhã preciso partir para fazer outra "entrega".

Karin suspirou.

- Quantos dias?

- Umas 2 ou 3 semanas - Umbra olhou para Ray, com aqueles olhos extremamente escuros - essa entrega será do outro lado do reino.

Ray se levantou e deu um abraço em seu pai.

- Papai, quando você voltar, a gente vai brincar de corrida? Dessa vez eu vou ganhar!

- Claro que sim Ray, mas ainda te acho devagar - Umbra deu uma risada aconchegante.

- Não sou devagar, você vai ver!

Ray deu um fraco soco na perna de seu pai, e voltou a brincar com os imãs. Como era fascinado naquelas pedras.

Ray acordou de repente assustado. Por que essas lembranças começaram a aparecer de repente? Será que por, finalmente, descobrir o verdadeiro objetivo das "entregas" de seu pai? Ray suspirou, com medo de alimentar a esperança de seu pai estar vivo. Apesar disso, não era o momento ideal de se pensar nesse assunto, pois agora precisaria mostrar seus poderes para aquele idiota metido do Mikhail.

Ray se levantou, e olhou pela janela. O tempo estava nublado, provavelmente uma nova tempestade estava a caminho. Tomou um longo banho, e usou uma roupa que tinha no guarda roupa do aposento: um conjunto extremamente apertado todo dourado, com o brasão do rei desenhado no alto do peito esquerdo, e uma longa capa, também dourada. "Eu nunca vesti algo tão ridículo" praguejou Ray. Decidiu que deveria ir logo tomar café, antes que o chamasse. Novamente uma camareira esperava por ele na porta, o que lhe deixou um pouco incomodado, mas a seguiu até o salão onde se faziam as refeições. Ray nunca tinha vista tanta fartura em toda a sua vida. Uma longa mesa, com vários pratos doces e salgados, bolos, tortas, vários tipos de pães e massas. Mikhail estava sentado na ponta da mesa, com um pequeno prato de bolo e uma xícara de chá. Ao seu redor, várias pessoas de branco, o acompanhavam com o mesmo prato e chá.

Ray se sentou afastado, torcendo para ele não notar sua presença, e pegou um pão e uma xícara de café, pois não gostava de refeições muito pesadas logo cedo, apesar da tremenda fome que sentia. Mikhail parecia estar realizando algum tipo de cerimônia.

- Seguidores da luz, vocês bem sabem que, a 700 anos atrás, o cavaleiro da lua foi o herói na luta contra o mal, derrotando o temível malfeitor Briccio. Mantendo a devoção a luz, estamos honrando seus feitos e glorificando sua vida. 

Nesse momento, Mikhail levantou a mão direita e uma esfera luminosa subiu, tão brilhante que chegava a ser incômodo tamanho brilho. Nisso, todos cortaram uma fatia, comeram um pedaço de bolo, tomaram um gole do chá e gritaram todos:

 - Que a luz abençoe a Sua Santidade!!!

 A esfera se apagou e todos se levantaram, se cumprimentaram, e saíram do salão. Mikhail olhou para uma das faxineiras por perto, uma bela moça negra, e apontou para a mesa. Ela, de imediato, pegou um saco e começou a colocar os restos de comida dentro. Ray se sentiu incomodado com tamanho desperdício, pois, na sua vila, a comida não era tão abundante, fazendo com que fosse praticamente racionada para ser usado somente o necessário.

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