𝘗𝘢𝘳𝘵𝘦 𝘥𝘦𝘻.

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- Ô casal, será que dá pra ir logo? Vocês vão ficar pra trás! - Gritou Mello, e corremos pra acompanhá-los.

As crianças da frente cantavam alguma cantiga qualquer quando nós finalmente chegamos na tiroleza. Era uma clareira larga, iluminada por alguns postes. Havia uma cachoeira grande, que caía sobre um pequeno lago cristalino, onde dava pra ver alguns peixinhos.

Todos estavam animados pra andar na tiroleza, então L conversou com alguns caras responsáveis por ela e logo as crianças desciam a tiroleza um por um.

Matt e eu estávamos muito animados também, ao contrário de Mello e Near, que ficavam catucando as folhas.

- Parem de brincar de jardinagem, vamos logo entrar na fila! - Exclamou Matt.

- Uma samambaia! - Disse Near de repente, apontando.

- Uau. - Mello fingiu animação. - Eu não tô olhando as plantas. Quero ver os insetos... Vamos queimar um formigueiro, Matt?

- Ah não, eu não vou deixar. - Protestei. 

Ficamos discutindo até Matt nos puxar pra perto da cachoeira. Logo descobrimos um jeito de subir pelas pedras até lá em cima, onde também descobrimos uma espécie de caverna. Ficamos lá conversando até percebermos que estava ficando tarde.

Porém, assim que enfiamos as cabeças pra fora da caverna, ficamos em estado de choque ao não ver absolutamente ninguém. Nem os funcionários da tiroleza.

- Caralho, cadê todo mundo!? - Exclamou Mello, olhando para os lados.

- Foram embora. L deve ter pensado que estávamos com o resto das crianças. - Deduziu Near calmamente.

- Isso se ele se lembrou de nós. - Comentou Matt deprimido.

- Não fale assim; são muitas crianças pra L cuidar. Ele não nos deixaria aqui de propósito. - Abracei o moreno, sentindo Near nos observando.

- Bom, sabemos o que fazer não é? Vamos. - Mello começou a se afastar.

- O que está fazendo? - Gritei.

- Voltando pro hotel. - Respondeu o loiro em um tom óbvio.

- Sozinho? Você tá louco? - Eu disse indignada, - Não vamos sair daqui. Vamos esperar por ajuda.

- Acho que quem está louca é você. - Retrucou Mello, se virando pra me olhar. Matt pôs as mãos na testa. - Não vou ficar aqui parado sem fazer nada. Quem sabe todos os tipos de bichos que tem aqui?

- Ah, e você acha que a trilha é segura? - Ergui as sobrancelhas. - Uma hora eles vão perceber que nos deixaram pra trás e vão vir nos buscar aqui.

- É, e eles vão vir pela trilha. Exatamente onde devermos ir. - Insistia meu irmão, e eu já estava ficando realmente aborrecida.

- Escuta gente, por que não deixamos Near resolver isso? - Sugeriu Matt, nervoso.

- E porque ele tem que resolver isso? - Mello torceu a cara. - Desde quando ele é o líder?

- Ninguém tá dizendo que ele é o líder, é só que como ele é o mais sensato entre a gente seria melhor....

- VOCÊ TA DIZENDO QUE EU NAO SOU SENSA- começou a berrar Mello furioso, mas o interrompi:

- Tá bom. Near, devemos ficar ou seguir a trilha? - Todos olhamos pra ele, que até agora estava sentado no chão cutucando algumas folhas.

- Eh? - Murmurou ele, por cima do ombro.

- O que você tá fazendo? - Perguntou Matt, e eu e ele nos aproximamos do garoto.

Near esfregava alguns gravetos entre as mãos, encima de um montinho de folhas e galhos secos. Em poucos segundos, uma faísca surgiu, e o montinho pegou fogo. O garoto se levantou, e ficamos assistindo as chamas chamuscarem as folhas e fazendo um barulho crepitante, o fogo refletindo em nossos olhos.

Na verdade, não via necessidade de uma fogueira. Haviam alguns postes de luz perto da tiroleza, mesmo assim me senti em uma confortável segurança com aquela fonte de calor por perto.

- Ficaremos aqui. - Disse Near suavemente.  - É mais seguro. A trilha não tem postes, é escuro e provavelmente vamos nos perder na floresta. Vamos apenas esperar.

Isso encerrou a questão. Mello resmungou, contrariado, mas não fez objeção. Nos sentamos perto da fogueira, com exceção de Matt, que resolveu dar um cochilo na casa da Tiroleza. 

Pela minha contagem, uns dez minutos haviam se passado e nada de Watari, L, ou qualquer pessoa vindo nos procurar. Isso começou a me desesperar por dentro.

- Você tá bem? - Perguntou Near de repente, parecendo notar meu desconforto.

- Eu... - Torci as mãos, - Não sei... Eles estão demorando muito.

- Fique tranquila, Lizzie. Uma hora eles vão nos achar. - Near encostou o dedinho no meu.

Incrivelmente, apenas aquele pequeno ato fez meu rosto esquentar levemente. Desviei o olhar para meu irmão, que estava esparramado no chão. Tive que cutucá-lo para ter certeza de que ele não estava morto, apenas dormindo.

- Como eles conseguem dormir aqui? - Resmunguei, fazendo Near sorrir serenamente.

- Também não sei...

Virei o rosto pra ele, e corei fortemente ao ver seu rosto bem próximo do meu. O garoto me roubou um selinho rápido, me fazendo rir.

- O que foi? - Quis saber ele.

- Sei lá, é estranho ver você tomando atitude. - Encolhi os ombros. - Geralmente sou sempre eu que tomo a iniciativa.

- Eu sei... Por isso me esforço pra tomar iniciativa também. - Disse Near, monótono.

Aquilo me surpreendeu. Nos encaramos mais um pouco antes de eu encostar nossos lábios novamente. Ele abriu a boca e levemente fomos aprofundando o beijo. Near pegou minha cintura me aproximando mais, e passei as mãos em seus cabelos, puxando de leve. Senti os dedos do garoto na barra do meu sutiã, o que me fez dar um gemido surpreso entre o beijo.

De repente, ouvimos vozes e passos apressados, e nos separamos imediatamente. Watari e uma banda de funcionários da trilha apareceram por entre a trilha escura, as lanternas iluminando tudo. Eu e Near nos levantamos rapidamente, e eu pisquei os olhos, totalmente constrangida. Por que eles tinham que chegar justo agora?

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- 936 palavras

- FOI MAL PELA DEMORA-

𝐍 & 𝐄  - 𝘕𝘦𝘢𝘳 𝘟 𝘙𝘦𝘢𝘥𝘦𝘳Onde histórias criam vida. Descubra agora