𝘗𝘢𝘳𝘵𝘦 𝘵𝘳𝘦𝘻𝘦.

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Abri os olhos devagar, vendo uma luz branca. Pensei na possibilidade de estar morta. Mas aí ouvi vozes e percebi que estava viva, então me sentei em um pulo.

Tudo ficou silencioso, então esperei meus olhos se acostumarem com a claridade.

Eu estava em uma sala espaçosa e branca que eu não conhecida, e senti os lençóis abaixo de mim. Eu estava em uma maca.

Percebi o Sr. Haddison, Near, Mello e Matt em volta da minha cama, me olhando.

- O... O que aconteceu? - Perguntei, sentindo uma pontada de dor na cabeça.

- Encontrei Mello, e conversamos até ele dizer que você estava no porão. - Explicou Matt, ansioso, antes que Mello tivesse chance. - Achei estranho porque eu tinha acabado de sair de lá, com Near. Então fomos te procurar, só não imaginávamos que encontraríamos a Heather te chutando na cara, enquanto Ciel observava tudo. - Ele engoliu em seco, - Você está dormindo faz só algumas horas.

Fiquei uns segundos em silêncio, tentando absorver tudo aquilo. - Onde estão? Heather e Ciel?

Mello deu um sorriso maldoso. - Na sala do Watari, provavelmente levando o maior esporro.

Respirei fundo, e encarei a pessoa ao meu lado. Near me olhava profundamente desde que acordei. 

Dei um meio sorriso tímido, apertando sua mão de leve. Pra minha surpresa, o garoto entrelaçou nossas mãos.

- Certo, acho melhor irmos. Eles tem que conversar. - Disse Matt à Mello.

- De jeito nenhum vou deixar minha irmã sozinha com ele nesse estado... - Mello começou a protestar, mas o Sr. Haddison acabou empurrando os dois para fora.

- Vamos, ela logo tem que falar com Watari... - Disse ele, fechando a porta ao sair.

Suspirei. Um pequeno silêncio confortável surgiu enquanto nós olhávamos, aproveitando a companhia um do outro.

- Vou matar Ciel. - Disse ele de repente, de um jeito tão inocente que quase me fez rir.

- Não precisa. Deixa que eu mesma faço isso. - Eu disse, determinada. E depois, suavizando a voz: - Você acha que eles vão ser expulsos?

- Não estou muito preocupado com eles agora. - Near esticou a mão, passando os dedos pelo meu cabelo.

Senti a sensação familiar das entranhas do meu estômago revirando. Era incrível o poder daquele garoto sobre mim.

Sorri pequeno, corando como uma idiota. - Devia ter ouvido você.

Near não respondeu, apenas desceu o olhar para minha boca. Eu já estava ficando sem paciência, então finalmente o puxei para um beijo. Senti ele sorrir durante o ato, o que só me estimulou. Puxei seu cabelo de leve, e Near passou os dedos pela minha cintura.

Não passamos de selinhos longos, por que Mello invadiu meu quarto e quase surtou ao nos pegar no flagra. E a loira raivosa ainda estava emburrada quando fui liberada da enfermaria.

- Vamos ao refeitório. Deve estar com fome. - Sugeriu Matt, envolvendo meus ombros com um braço.

Mello transformou a expressão de furiosa para preocupada. - Ah, não sei se é uma boa ideia...

Ergui uma sobrancelha. - Por quê não seria? Estou faminta.

- Anh... - Ele apertou os lábios, enigmático.

- Não se preocupe, ele é covarde demais pra fazer alguma coisa. - Disse Near, segurando minha mão firmemente.

- Ele quem...? - Comecei a perguntar, mas me interrompi quando chegamos ao refeitório. Ciel e Heather estavam sentados juntos, comendo de cabeça abaixada.

Imediatamente as lembranças do que aconteceu voltaram com tudo. Meu sangue começou a ferver, e Near pareceu ter lido minha mente.

- Vamos. Seja superior. - Ele disse baixinho, me puxando para nossa mesa de sempre.

- Quero socar aquela cara ridícula dele. - Disse Mello entre dentes, cerrando os punhos e nem disfarçando ao encarar Ciel com os olhos pegando fogo.

- Near estava certo no final das contas. - Comentou Matt, erguendo a mão para pegar uma fruta da cesta. - Então não era só ciúme.

Sorri maliciosamente para o garoto ao meu lado. - Então você tinha ciúmes de mim?

Near corou fortemente, desviando o olhar sem responder.

- Olhem. - Sussurrou Matt. Ciel havia levantado da mesa. Percebi naquela hora que provavelmente todo o orfanato estava sabendo do que acontecera, por que as crianças que antes cochichavam entre si ficaram tão quietas que quase deu pra ouvir.

Mello quis se levantar também, mas Matt o puxou de volta, fazendo sinal de "não" com a cabeça.

Near me puxou mais pra si, olhando de esguelha para Ciel.

Heather tinha os olhos arregalados ao passo que Ciel andava pelo refeitório, ciente de todos os quase cinquenta pares de olhos o encarando.

Ele andou até o balcão e deixou lá a bandeja, depois arrastou os pés lentamente até a saída, que ficava praticamente ao lado da nossa mesa.
Eu podia sentir o sangue de Mello esquentar cada vez mais que Ciel se aproximava. Não olhei para ele, apenas desviei o olhar para meus sapatos. Near apertou minha mão de leve.

O suspense todo do refeitório pareceu quebrar drasticamente quando Ciel finalmente abriu a boca.

Mas ele a fechou na mesma hora, por que Near se levantou.
- Não há nada pra você aqui. Vá embora. - Disse ele de um jeito muito sério.

Ciel o olhou furioso. Eu e Matt trocamos um olhar chocado antes que Ciel metesse o punho na cara de Near, que caiu para trás, cambaleando.

Todas as crianças soltaram uma exclamação, e algumas até se levantaram para ver melhor. Mas nada disso me importava, ao ver Near daquele jeito, tudo a minha volta pareceu sumir de repente. E minha raiva acumulada pareceu explodir.

Quando me dei conta, havia pulado da mesa e me atirado para cima de Ciel. Eu o derrubei no chão, distribuindo o maior número de socos que pudesse.

Ouvi muitos gritos - poderia jurar que diziam "briga" - E eu teria continuado se não fossem Mello e Matt, que me puxaram para longe de Ciel.

- Me... Solta! - Berrei, tentando me desvencilhar deles. Havia uma multidão ao nosso redor, nos observando com uma curiosa animação.

A porta do refeitório se abriu drasticamente. O Sr. Haddison olhou para aquela cena chocado, antes de ajudar Ciel, com o rosto destruído e pingando sangue, a se levantar.

Matt e Mello afrouxaram o aperto, então me soltei, correndo até Near. Ele estava com um corte no lábio e o nariz sangrando, mas estava bem melhor que Ciel.

O ajudei a levantar, e então trocamos um olhar significativo.

- Srta. Elizabeth! - Ouvi o Sr. Haddison exclamar, e ele continuou me chamando mesmo quando agarrei a mão de Near, o guiando correndo pelo corredor.

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- 1052 palavras 🙏

- A ESTRELINHA !!

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𝐍 & 𝐄  - 𝘕𝘦𝘢𝘳 𝘟 𝘙𝘦𝘢𝘥𝘦𝘳Onde histórias criam vida. Descubra agora