Capítulo IX - Parte Quatro

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Talvez, só talvez, James quisesse ter chorado quando viu Allister e o resto da turma chegarem para o socorro, isso e também pelo fato de ter uma lâmina de quase 11 polegadas perfurando seu pé, sem contar o corte profundo em seu braço direito. O único motivo disso não ter se concretizado, foi o fato de ainda estarem em perigo iminente e dele não querer passar essa vergonha na frente da mulher.

As três carroças em corrida faziam um formato de triângulo, com a comandada por James, Korle e Simon mais a frente, a de Allister, Sonne, Lagusa e Valerie se aproximando pela lateral, e a de Cartan, com somente ele, correndo mais atrás.

— Sonne, pode parar! — Allister vociferou, fazendo o homem nas rédeas comprimir os lábios em hesitação.

Dito e feito, eles foram desacelerando, o que fez com que o de olhos vermelhos primeiramente arqueasse as pálidas sobrancelhas num olhar inquisitivo, porém logo em seguida repetisse a ação.

Korle, Simon, e James avistaram a isto, trocando expressões preocupadas. Não demorou até que também parassem, ficando mais a distância para observar tudo e dar cobertura.

— Franco Lagusa, é isso que você está procurando, não é? — A mulher perguntou ao pisar fora do veículo, casualmente limpando as mãos e tirando a poeira da calça.

O albino saltou para fora de sua carroça, com uma face desprovida de qualquer emoção senão menosprezo.

— É bem corajosa de dizer isso na minha cara depois do que seus aliados fizeram — O Mesno e a polisiana ficaram cara a cara, um se elevando respectivamente sobre o outro, pois, Cartan era tão alto quanto Valerie, e para os padrões polisianos isso não era pouco, entretanto Allister em toda sua prepotência não se deixou intimidar.

— Ele está na carroça, é simples demais.

— Simples demais — Cartan repetiu, passando pela mulher. — Assumo que vai querer ficar com o ladrãozinho, e não ter os nomes escritos na ficha do Corpo Civil. Basicamente, quer que eu aja como se nada tivesse acontecido.

— Exatamente.

No meio do deserto, jaziam as duas figuras de pé, sobre o vazio que se estendia por quilômetros. Cartan meditou por alguns segundos, caminhando sobre o solo arenoso enquanto mantinha os braços cruzados atrás das costas.

— Parece certo para mim — decidiu-se. — Pois bem, tragam-me o homem, que eu ignoro essa pequena desavença.

— Primeiro tira a espada — A mulher restringiu.

Os dedos longos e cadavéricos do capitão do Corpo Civil alcançaram o cinto, onde seu fino e requintado florete descansava.

— Está embainhado, não vai fazer mal a ninguém — articulou, acariciando os entalhos e detalhes marcados em seu cabo.

— Não confio em você com ele — Allister reforçou, enquanto uma conversa que tivera com Simon, e seu testemunho sobre a espada ter 'se movido sozinha' durante o duelo ecoava em sua mente. Ela fez questão de saber como o Capitão da Milícia se comportava durante uma luta, e, vendo o estrago que fez com seus companheiros, já não subestimava seu potencial traiçoeiro. — Se não pretende fazer nada contra nós, não precisa da espada. 

Cartan gargalhou, entretido com aquilo, parecia ter acabado de receber as exigências severas de um recém-nascido, provavelmente era assim que os via.

O albino sem pressa realizou o que lhe foi dito, removendo a espada com bainha e tudo do cinto, e a arremessando para não muito longe. Allister se atentou a cada movimento, cenhos franzidos.

Valerie que também monitorava tudo, focou somente na espada, uma pulga incessante atrás de sua orelha o dizia para ficar de olho naquilo.

Quando Cartan terminou, pondo-se em pose de rendição com um olhar de escárnio, Allister fez um gesto de mão e Sonne se moveu dentro da carroça, pegando um Lagusa aconchegado preguiçosamente em seu respaldo, nada ansioso pelo que estava por vir.

Polise [Sendo Reescrito]Onde histórias criam vida. Descubra agora