Capítulo II

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Polise - capítulo II

Aonde se fica no escuro da noite

Oito meses antes

A noite fria pairava sobre a costa Oeste de Polise, a brisa gelada vinda do oceano varria os grãos de areia pra longe da costa.

A temporada de grandes tempestades do outono estava acabando, e agora a população Oeste-Polisiana finalmente podia comemorar. E há alguns metros dali, jazia a taverna Toes, um lugar bem iluminado e aconchegante, perfeito para tal tarefa, aonde pescadores e viajantes iam e viam contando suas crônicas.

O Oeste - assim como cada região -, possuía características únicas: o comércio de frutos do mar, o mercado pirata, a própria população de descobridores!

Enquanto o Sul era um local para quem queria uma vida mais humilde, pacata e tradicional de agricultor. O Oeste era para quem queria se encontrar. E apesar de ser um dos lugares com maiores problemas em relação à criminalidade, sempre tinha as mais frescas novidades, e algo pra se achar.

Entretanto, Allister havia perdido algo.

— Bem, é o fim — Admitiu James derrotado, antes de tomar mais um gole de cerveja.

Allister admirou como ele não parecia muito alterado. Mal conseguia beber o que tinha em seu copo, enquanto James devia já estar na quinta rodada. Provavelmente a intenção dele era relaxar sob os efeitos do álcool, mas isso vinha lhe causando o efeito contrário.

Ao fundo de Toes, a grande taberna encalhada na praia, que um dia já fora um gigante barco de exploração, uma voz mansa cantava algo lento e melancólico, acompanhada pelas cordas de um alaúde.

— Pare de ser uma rainha do drama, eu já tenho uma pista que me leva à construir um muro metafórico de quem pode ter nos roubado.

— Sinceramente com o número elevado de inimigos que você tem, eu acho mais fácil se perguntar: quem não roubou?

Allister encolheu os ombros.

— Pescoços vermelhos nunca pensariam nisso — Ela concluiu, e levou o copo até a boca apenas para bebericar mais um gole escasso. — Uma pena que teremos que dar uma parada no Sul.

James franziu o cenho.

— Tudo bem. Primeiramente, sobre os "Pescoços vermelhos", você precisa parar de falar assim sobre gente do interior Allister, só porque as outras pessoas não são pesquisadoras obcecadas igual à você, ou tenham uma posição mais humilde na sociedade não significa que sejam burras. Significa que são pessoas normais, que tem uma vida saudável que não envolve espiar os outros enquanto dormem.

— Eu vou ignorar essa parte. Prossiga.

O homem suspirou cansado.

— E segundo, o que pretende fazer no Sul?

— Entrar em contato com antigos conhecidos. Eu não queria chegar à este ponto, mas sem o apoio financeiro necessário pra uma expedição adequada vou ter que usar meu último recurso — Ela se inclinou sobre a mesa, apoiando os cotovelos e fazendo um campanário com as mãos.

Polise [Sendo Reescrito]Onde histórias criam vida. Descubra agora