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𝓑𝓸𝓪 𝓵𝓮𝓲𝓽𝓾𝓻𝓪

Certo, talvez eu esteja um pouco estressado, e quem não está, hoje em dia? Mas não foi o estresse que fez com que eu cabulasse a aula de Educação Doméstica para ficar na sala de leitura acompanhado de um livro da Agatha Christie e escutando música, que foi o motivo de eu ter sido direcionado para a sala da orientadora dessa vez, mas foi o que ela afirmou. A orientadora, eu quero dizer.

Não foi mesmo estresse. Eu apenas não estava disposto a ficar uma hora tentando elaborar um cardápio para um ficcional jantar para os maiores líderes mundials. Sim, essa era a atividade da aula. É claro que eu não disse isso a ela. Por isso ela chegou à conclusão que meus "problemas para lidar com obediência às regras estabelecidas" e minha "impulsividade são consequências de níveis elevados de estresse". Ou pelo menos, foi o que ela me disse, com aquele sorriso doce de sempre.

Ela sugeriu que eu usasse alguma atividade como "válvula de escape", já que claramente eu preciso de uma. Válvula de escape, eu quero dizer. Um esporte, talvez... Ok, porque com certeza eu conseguiria encaixar qualquer outra atividade na minha agenda.

Mas, sério, quem não estaria estressado se fosse príncipe de um país, assim como eu? Isso aí, prín - ci - pe. Lee Felix, príncipe real do Reino de Veritas.

E, deixa eu dizer, ser um príncipe não é nem de longe tão legal quanto você possa imaginar. Não mesmo. Para começo de conversa eu:

a) Sou obrigado a estudar em um internato. Ou seja, eu moro na escola. De segunda a sexta, pelo menos alguns alunos com menos sorte que eu, moram longe o bastante para precisar passar o final de semana por lá e isso deve ser realmente uma tortura. E não é como morar em Hogwarts o ano todo. Quem me dera. Não. Na verdade, é quase tão entediante quanto uma escola militar;

b) Aproveitando a deixa, eu também não posso aparecer em público com camiseta de banda ou algo assim, mas não é como se eu não fizesse isso sempre, mas eu não devia. Minha mãe vive repetindo que não é de bom tom que o príncipe apareça com jeans rasgado e tênis;

c) Eu sou obrigado a frequentar festas chiques e sem graça. Sim, porque essas festas da alta sociedade veritana não são divertidas. Na verdade, não chegam nem perto disso. A gente só fica vendo as mesmas pessoas sempre, com suas taças de champanhe francês e sua orquestra tocando música clássica para ninguém apreciar. E nem é uma música clássica realmente legal é só, tipo, música ambiente.

d) Eu não posso sair livremente por aí. Preciso sair sempre acompanhado de, pelo menos, um segurança. Sim, para qualquer lugar. Sabe o quanto é difícil ter qualquer relacionamento quando você anda com um irmão siamês para cima e para baixo? Às vezes eu tenho vontade de sair fora tipo a Elsa em Frozen, fugir pra qualquer lugar enquanto canto Let It Go.

De qualquer forma, era sexta-feira e, com sorte esse incidente não chegaria aos ouvidos da minha mãe. Sobre a aula que eu tinha cabulado, quero dizer. Tipo, não é como se fosse a primeira, e provavelmente também não seria a última. Mas aquela sexta-feira já seria bastante incomum apenas por ser a primeira do semestre em que eu não levava nenhum dever de casa. Eu tinha me desdobrado durante a semana para terminar todos os trabalhos, lições e projetos e não tinha nenhum evento, festa, jantar ou o que quer que fosse agendado. Portanto, o meu plano era assistir algum dorama e dormir o fim de semana inteiro.

Mas nada poderia ser mais inusitado que minha mãe ir me buscar na escola. Sim, porque o lance era que minha mãe estava sempre muito ocupada com seus próprios compromissos e tal. E, no entanto, ali estava ela na entrada da escola, em um conjunto preto e saltos altos nos quais ela andava muito bem sobre o cascalho. Os cabelos lisos e grossos, como os meus, estavam soltos ela tinha feito um corte curto recentemente.

Real; hyunlix.Onde histórias criam vida. Descubra agora