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𝓑𝓸𝓪 𝓵𝓮𝓲𝓽𝓾𝓻𝓪

A viagem de helicóptero foi infinitamente mais rápida que a minha primeira viagem de ônibus. Mesmo assim, não alcançamos o meu irmão. Me pergunto como ele tinha conseguido agendar uma viagem de helicóptero sem que meu pai soubesse.

O meu pai inclusive praticamente surtou quando me viu no heliporto, mas não havia muita coisa que ele pudesse fazer para me impedir, não é como se ele pudesse me empurrar para fora do helicóptero quando entrei correndo atrás dele, bem a tempo, e ainda puxei a Felícia comigo. Esbravejar e me ameaçar não adiantaram contra a minha resolução. Por fim, sem poder perder tempo, ele teve que concordar em levantar vôo.

Eu não vou mentir, eu tinha tentado ligar para o Hyunjin, algo de quinhentas vezes depois que saí de casa. Para surpresa de ninguém, ele não atendeu nenhuma vez. E não é como se eu pudesse culpa-lo. Porque eu sabia que ele não estava me ignorando ou qualquer coisa assim, ele só estava ocupado demais. E mesmo com todas as minhas preces, ele não atendeu a droga do celular. Irritado, mandei umas duzentas mensagens que eu sabia que não iriam ser visualizadas.

O lance era que eu estava com um péssimo pressentimento sobre as intenções do meu irmão. Não que o Lee fosse louco ou algo assim, mas eu sabia que ele podia ser um pouco obsessivo quando decidia algo como quando decidiu que queria aprender a montar como um profissional e começou a treinar como um campeão olímpico de hipismo aos doze anos. E a forma como ele havia sugerido que queria "acelerar o início da guerra" no outro dia me fazia crer que essa coisa estava se tornando uma obsessão.

E outra coisa que eu também sabia era como meu irmão foi fascinado uma época por leituras sobre a Primeira Guerra Mundial. E todos sabemos que matar o arquiduque Francisco Ferdinando foi a pior ideia que alguém poderia ter tido. Digamos que não terminou nada bem.

Em todos os dias era proibido o acesso de carros na rua do palácio, mas nesse dia já não tinha mais lugar para estacionar carros a vários quarteirões de distância. O piloto do helicóptero desceu basicamente no meio de uma rua vazia, e desci às pressas antes que meu pai o fizesse. Como eu já conhecia o caminho, ao contrário dele, foi meio fácil correr e me adiantar, deixando-o para trás. Eu não queria que a Felícia me seguisse, mas ela insistiu, autoritária, e eu não tinha tempo para ficar discutindo.

Havia guardas reais na rua e alguns deles me cumprimentaram quando passei. É claro que eu notei o olhar interrogativo que a Felícia me lançou, mas me fiz de desentendido e ignorei. Até porque finalmente tínhamos ultrapassado os portões do palácio.

Como já era esperado, os portões estavam abertos ao público. E, sem dúvida, o público estava presente. Milhares de pessoa se aglomeravam para ouvir o discurso do rei Carlos. O rei estava falando do alto de uma sacada, acho que era a sacada da biblioteca, vestindo um uniforme de oficial militar cheio de insígnias e condecorações. Ele parecia estar no meio de um discurso bastante inflamado.

Não consegui conter o salto que meu coração deu quando notei o Hyunjin em pé ao fundo. Com o cabelo impecavelmente arrumado, ele usava um terno azul-marinho e uma gravata azul-claro. Sua cabeça estava erguida, mas tinha os olhos voltados para o chão. Talvez para alguém parecesse que ele estava extremamente concentrado nas palavras do pai, mas eu sabia que ele estava apenas profundamente entediado.

Com muito custo, desviei os olhos dele e dei uma olhada ao redor na tentativa de encontrar meu pai e meu irmão. Nem sinal de nenhum dos dois. Mas, francamente, eu ficaria surpreso se os encontrasse no meio daquela multidão. Me desvencilhei das pessoas com dificuldade e andei um pouco mais para perto da casa.

Eu tinha certeza que o Minho planejava alguma idiotice, mas até onde eu sabia, ele não tinha um rifle ou qualquer coisa assim. Não é como se ele fosse se tornar um sniper. Mas eu estava começando a ficar realmente apavorado.

Real; hyunlix.Onde histórias criam vida. Descubra agora