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𝓑𝓸𝓪 𝓵𝓮𝓲𝓽𝓾𝓻𝓪

Na quinta-feira eu liguei outra vez para o Changbin. Eu estava morrendo de saudades de casa, não posso mentir. Mesmo com toda aquela história que eu tinha descoberto recentemente sobre a guerra e tudo mais, eu tinha gastado muito tempo refletindo sobre isso, sem chegar a conclusão nenhuma.

Mas alguma coisa me dizia que eu não estava sentindo a saudade que eu deveria sentir do meu namorado. Não que eu ache que existe uma quantidade de saudade certa para ser sentida nem nada assim, mas levando-se em consideração como eu estava me sentindo com relação aos meus pais e meu melhor amigo, eu devia mesmo estar sentindo mais por estar longe do amor da minha vida há um mês.

Após o oitavo toque, quando eu já estava quase desistindo, ele atendeu. Sua voz me parecia um pouco menos entusiasmada do que deveria, já que ele também estava há um mês sem ver supostamente o amor da vida dele.

- Oi, príncipe - ele falou, com uma voz meio aborrecida.

- Te acordei?

Instintivamente olhei para o relógio. Ainda eram exatamente oito da noite. Ok, talvez alguém no planeta Terra dormisse às oito da noite. Eu não duvidava, embora essa pessoa definitivamente não fosse eu, porque eu dormia uma hora da manhã para acordar morrendo de sono às seis. E não me parecia que um cara que trabalhava com eventos, geralmente à noite, fosse dormir uma hora dessas. Mas era o único motivo para que eu atendesse uma ligação dele já aborrecida.

- Não, claro que não!

- Você está com raiva de alguma coisa? O que aconteceu?

- Não aconteceu nada - ele respondeu, com impaciência.

Embora fosse óbvio que ele não podia me ver, eu ergui as sobrancelhas, surpreso.

- Uau - respondi, irônico, já ficando um pouco aborrecido com a atitude dele. Eu não tinha feito nada para merecer aquele comportamento mal criado.

Ele deu um suspiro exasperado bastante audível. Logo depois, com uma voz bem mais suave falou.

- Me desculpe, eu só estou um pouco chateado por não vê-lo há tanto tempo.

Não sei porquê, eu não acreditei plenamente nele. E eu sabia que estava errado com essa atitude, porque eu confiava nele. Confiava mesmo... eu acho. Respondi bruscamente.

- Mas o que eu disse sobre você vir me visitar? Você quis, pelo menos, cogitar a possibilidade? Não.

- Você sabe que isso é complicado...

Bufei no telefone. Lá vinha ele de novo arranjando complicações para algo que não tinha tantas complicações assim.

- Certo, Changbin...

O fato de eu estar pronunciando o nome dele ao invés do apelido já significava que eu estava irritado.

- Felix, eu continuo achando que isso é loucura. Tudo isso que você está fazendo. Você devia voltar para a sua casa.

- Eu não posso voltar para casa...

- Por causa do casamento, eu sei! Você já me disse um milhão de vezes a mesma coisa. Mas, sabe, você está fazendo uma tempestade num copo d'água.

Mesmo que eu não estivesse planejando, eu ouvi o volume da minha voz aumentar.

- Ah é mesmo, Changbin? Então, por que não fazemos o seguinte: você aparece para assumir o nosso relacionamento. Vai lá pessoalmente e fala com os meus pais!

- Você enlouqueceu!? - Foi a vez dele de aumentar o tom de voz - Eu não posso fazer isso. Eles te deserdariam na mesma hora se soubessem que você namora um plebeu!

Real; hyunlix.Onde histórias criam vida. Descubra agora