Capítulo 5

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  A atenção de todos voltou para a flecha que Han havia disparado, acertando as duas flechas do Lee. Jisung estava entusiasmado, o olhar do arqueiro não demonstrava nenhum sentimento, o garoto não havia esboçado nenhuma reação, seu rosto estava neutro, como se estivesse completamente concentrado no príncipe. O único movimento que fez foi se virar quando foi chamado, estava parado em seu lugar de início, apenas vidrado no príncipe.

A sensação de satisfação percorreu por todo o seu corpo, Jisung finalmente achou alguém que realmente era bom, que realmente merecia o cargo de o proteger, um sorriso inusitado apareceu em seu rosto, não conseguiu se conter com sua alegria, então apenas se virou devolvendo o arco para o dono.

— Anotem isso! — Ordenou aos demais jurados, que o obedeceram na hora, por saber que aquele ser imprudente era um dos príncipes disfarçados. Sentou-se novamente ao lado do Felix, o sorriso estava estampado em seu rosto, sua ação com certeza tinha o tornado suspeito, ou pensariam que ele queria matar o Lee, ou que estava com inveja.

— Você é louco? — Felix perguntou baixo, mas com um tom de surpresa. Jisung apenas balançou seus ombros mostrando que nem estava ligando para o comentário do outro, estava feliz demais para se importar com seu ato.

— Quer mesmo que eu responda essa pergunta? — O príncipe o respondeu com outra pergunta, orgulhoso e rindo bobo ao ver que Lee não o olhou novamente após ter feito aquilo.

[...]

O tilintar das espadas ecoava por toda a área de treino, um som ritmado e penetrante, mesmo sendo feitas de madeira, o barulho ainda era alto o suficiente para deixar Jisung desconfortável. A luz do sol filtrava-se suavemente pelas árvores ao redor, criando um jogo de luz e sombra que dançava no chão.

Mas, naquele momento, ele estava ocupado demais prestando atenção no número vinte e cinco, sua mente vagando por pensamentos e sonhos enquanto observava a cena diante de si.

Minho bloqueou seu oponente com a espada, uma investida que, se fosse feita por uma lâmina de verdade, quase teria arrancado sua orelha. Com uma graciosidade quase etérea, ele seguiu em frente, em um movimento rápido e certeiro, impulsionando a madeira para frente na tentativa de acertar o tronco inimigo. Os cabelos castanhos do garoto esvoaçaram com a brisa, cada fio parecendo dançar no ar com uma vida própria.

Han podia ver em sua testa as gotas de suor deslizando lentamente, refletindo o brilho suave do sol. As gotas exploravam o rosto do espadachim, traçando caminhos silenciosos enquanto ele mantinha uma expressão serena e imperturbável, como se estivesse em um transe, completamente alheio ao mundo ao seu redor.

Saiu das nuvens quando escutou alguém cair no chão, Minho havia derrubado o seu oponente, e pelo que parecia, de uma forma com que não quebrasse nenhuma das regras antes citadas. O Lee se curvou demonstrando respeito aos jurados e caminhou para fora da arena, devolvendo sua arma para o oficial.

— O garoto é bom. — Han escutou os membros da corte falarem sobre Minho, o sorriso voltou a ocupar seus lábios, pegou um copo com água e o bebeu enquanto anotava suas observações sobre os participantes que chamaram sua atenção, Han percebeu mais uma vez o quão ganancioso era, apenas dois dos trinta que sobraram eram bons para ele na luta de espada.

— Escolhi dez, e vocês? — Felix indagou curioso, deixou seu pincel de lado e olhou para os dois príncipes que estavam a sua frente.

— Escolhi apenas dois, mas já tenho um em mente. — Jisung colocou o papel recém-pintado no meio da rodinha, mostrando os números escolhidos.

— Sabia que iria escolher ele. — Seungmin falou sorrindo travesso. — Escolhi só um.

— Centena e oito? Ah! Me lembro quem ele é.

— Ele também é ótimo, mas não supera o vinte e cinco. — Comentou Jisung enquanto dava tapinhas leves nas costas do primo.

Os três se levantaram e foram ao encontro do Militar Chefe. O sol da tarde lançava raios dourados sobre a área de treino, iluminando o cenário com uma luz suave. Já estava quase na hora de revelarem os que passaram pelo último teste, e a tensão era palpável entre os presentes.

Jisung chamou o guarda e cochichou algo próximo à orelha do mesmo, o que foi retribuído com um sorriso cúmplice e um aceno afirmativo com a cabeça. 

Voltaram a se sentar em seus devidos lugares, a ansiedade crescendo a cada segundo. Em menos de cinco minutos, o som do trombone ecoou pela quarta vez no dia, ressoando alto e claro, sinalizando que o momento tão esperado havia chegado.

Todos os que sobraram se ajoelharam, mostrando respeito ao oficial que ficou à frente deles. O papel em suas mãos continha os nomes dos escolhidos, e estava na hora de anunciá-los. O ambiente ficou em silêncio absoluto, apenas o som das respirações nervosas podia ser ouvido. O oficial, com uma expressão séria, preparou-se para ler os nomes, enquanto os jovens esperavam ansiosamente, suas cabeças baixas em sinal de reverência.

— A todos os que foram escolhidos, assim que eu os chamar, se levantem e peguem seus chapéus. — Disse o oficial, e logo em seguida, começou a chamar pelos números que estavam na lista.

A cada número chamado, os homens se posicionavam em uma fila ao lado do guarda.

— Número cento e cinquenta e seis, Park Hyunsuk.

O nomeado se levantou e foi em direção a mesa em que estavam os chapéus, pegou um dos que restaram e se curvou em respeito aos demais jurados que o escolheram, logo seguindo seu caminho ficando ao lado de um homem de grande porte.

— Noventa e cinco, Choi Daehyun.

Um garoto baixo, dos olhos estreitos se levantou, um enorme sorriso tomava conta de seus lábios, o que fazia o príncipe ficar de coração aquecido por ver a felicidade do mesmo.

O guarda dobrou a folha, mostrando que finalizou a lista dos escolhidos, caminhou até o suporte, onde sua espada estava guardada. A tirou de lá e voltou para onde estava antes, retirou a proteção decorada da arma e se aproximou dos homens que ainda estavam ajoelhados.

— Em nome do príncipe herdeiro Kim Seungmin, BangChan é o mais novo guarda real. — Colocou a ponta da espada no ombro esquerdo do jovem de cabelos ondulados, mudou para o outro ombro e logo a colocou no topo de sua cabeça.

Em seguida, o guarda foi para o garoto que estava ao seu lado, fez a mesma coisa que fez com o outro.

— Em nome do Príncipe Han Jisung, Lee Minho, é o mais novo guarda real.

Diferente do outro, o homem dessa vez pegou o chapéu com detalhes vermelhos e colocou em Minho, o ajudando a levantar.

— Todos que foram escolhidos, espero por vocês amanhã, pouco depois do sol raiar. — O oficial então mandou todos embora

Estranhamente confiante, todos da corte concluíram que Bangchan e Minho tinham potencial e talento para protegerem os príncipes. Han acreditava que ganhariam o reconhecimento do rei.

Com isso, seguiu na direção da comoção ao Leste, acompanhado pelo primo e por seu eunuco. Uma abundância de pessoas ocupava o interior e os arredores da ala leste. Assim que os homens puseram os pés no pátio, uma mulher falou com uma voz um pouco mais alta do que as dos outros.

— Eles estão aqui, mostrem respeito!

Todas as servas locais se curvaram, não direcionavam o olhar a nenhum deles, enquanto os garotos adentravam a parte do palácio que ficavam os aposentos reais. Na perspectiva de Han, o seu quarto era o mais bonito, ficava próximo ao pavilhão Buyongjeong, tinha uma bela vista e ficava nos fundos do palácio, uma área mais segura e escondida, podia ficar em paz, era tão distante que a família real ficava com preguiça de o visitar, por isso o escolheu quando o rei lhe deu as opções.

Ao longo do caminho, Felix e Seungmin seguiram por outro rumo. Han agora caminhava sozinho pela estrada mal iluminada, não conseguia ver o caminho por estar sem vela, mas por conta de seus criados estarem o esperando com as velas em frente a seu aposento, o príncipe conseguia o ver de longe.

Sua vontade era de deitar-se em sua cama e dormir de uma vez, o dia foi cansativo, nunca mais participaria de nenhum exame como aqueles, deve ser por isso que o Rei nunca participava. Mas como estava confiante em sua escolha, sabia que não iria voltar a ser jurado de um exame tão cedo.  

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