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"Sabe o que eu odeio?" Eddie pergunta, dedilhando sua querida guitarra, enquanto Robin está jogada na cama do outro lado do quarto, de ponta-cabeça, lendo uma revista.

"Bebidas doces? Gel de cabelo? Música pop? Maquiagem colorida? Segundas-feiras? Poodles?" Ela teria continuado se ele não a interrompesse.

"Eu não odeio poodles" protesta e ela o encara. "Qual é, eles parecem fofinhos mas são uns demônios!"

A menina ri.

"Começos de semestre. Odeio esses esquisitões chegando e achando que estes vão ser os 'melhores anos de suas vidas'." Ele faz uma vozinha fina, debochando. "Não vejo a hora de pegar meu diploma, mostrar o dedo do meio para o Reynolds e nunca mais pisar neste lugar."

"Ei!"

"Ah, a gente vai se ver o tempo todo depois que eu me formar, Robin. Em lugares que não cheirem a mijo e mingau de aveia."

A risada é a primeira coisa que Steve ouve quando se aproxima do quarto 127. Ele para no corredor e se atrapalha com a caixa para checar o número na chave e, é, 127. Não está no quarto errado.

Por que diabos tem uma garota no quarto dele? Será que tinha errado a droga do prédio de novo? Hawkins Academy era a porra de um labirinto.

Quando se aproxima o suficiente, vê que a garota não está sozinha. Um punk está deitado na outra cama com uma guitarra, como um perfeito clichê.

"Hm, oi" ele cumprimenta na porta e só então os amigos notam sua presença. "Eu... sou seu novo colega de quarto. Meu nome é..."

Antes que possa continuar, Eddie solta uma gargalhada.

"Não, cara. Você está no quarto errado. Xispa!" Ele assobia e faz um sinal com a mão, expulsando o outro.

Steve suspira, mantendo o peso da caixa com um único braço para checar o número na chave e as instruções no mapa idiota que não o ajudou em nada, já que entrou em mil prédios do enorme campus antes de encontrar o que ele achava que era o certo, mas que o punk parecia discordar.

Prédio Norte, quarto 127.

"Não estou, não" Steve responde, impaciente, e solta a caixa pesada no carpete porque não aguenta mais segurar.

A menina olha do amigo para o esguio menino na porta.

"Sai. Do. Meu. Quarto." Eddie diz pausadamente, sorrindo no final de forma ameaçadora.

Steve deixa a caixa, mas obedece e mal colocou o corpo para fora quando a porta bate com força e é trancada em seguida, enquanto o menino pragueja.

Ele olha para a chave em sua mão e dá de ombros, enfiando-a na fechadura e destrancando a porta. Quando entra novamente no quarto, o outro pisca, atônito.

"Você é meu colega de quarto" Eddie diz, sério e chocado.

"Foi o que eu disse" sorri de forma irônica.

"Mas o idiota do Reynolds disse que jamais colocaria outro adolescente no meu antro de perdição de novo depois do Carver" vocifera, colocando a guitarra de lado bruscamente (mas com cuidado).

"O que houve com Carver?" Harrington pergunta, mas sente um pouco de medo da resposta.

O sorriso malicioso de Munson não ajuda nem um pouco.

"Ele raspou o cabelo dele durante a noite e tingiu todas as roupas dele de preto" Robin responde.

Steve arregala os olhos.

"O cara precisava de algum estilo" ele ri.

"Botou fogo em todos os livros de estudo dele, colocou o colchão dele no lago enquanto ele dormia..." Robin continua e Steve cogita sair correndo.

Eddie salta da cama e esbarra no menino ao passar pela porta.

"Vou falar com o bundão do Reynolds. Nem se acomoda, novato."

Robin endireita a postura quando se vê sozinha com o garoto novo no quarto. Eles se encaram por um minuto, sem saber o que fazer.

"Quer ajuda para organizar as coisas?"

"Mas ele..."

"Duvido que o diretor Reynolds vá mudar qualquer coisa só porque Eddie quer. Ele não é lá o fã número um do cabeludo" ri, abrindo a caixa sem cerimônia alguma, passando a tirar suas cuecas (!) e meias de dentro e enfiar na gaveta da velha cômoda ao lado da cama.

"Caramba, você tem um monte de produtos de cabelo" Robin observa, tirando tubos e potes da caixa.

"É, seria uma pena ficar careca" Steve faz piada, mas na verdade, não sabe como vai conseguir dormir na cama ao lado de um delinquente juvenil.

"Relaxa, ele não gosta de repetir os feitos. Vai inventar uma forma diferente de fazer da sua vida um inferno."

"Ah, que ótimo!"

"Sou a Robin, a propósito. Robin Buckley" ela estende a mão e ele a aperta porque ela parece inofensiva e legal, diferente do punk.

"Steve Harrington."

Estão quase no fim da caixa, onde estão os livros e fitas quando Eddie volta como um furacão e encosta no batente da porta com a língua no dente canino.

"Ele vai trocar o Harrington de quarto?"

"Nope."

"E você está muito contente de ter companhia" ela provoca.

"Duplo nope."

"Mas não esquenta" ele diz e volta a se deitar com a guitarra. "Vou fazer o nosso amigo implorar pra sair."

Um arrepio corre a espinha do recém-chegado e como Robin voltou a se jogar na cama como se o novo dono nem tivesse chegado, Steve vai dar uma volta para, quem sabe, prolongar sua vida.

Naquela noite, ele não dorme e cada vez que o garoto se mexe na cama ao lado ele pensa que está prestes a ser empalado.

Neste ritmo, aquele seria um longo semestre.

𝐑𝐎𝐎𝐌𝐀𝐓𝐄𝐒 | 𝐒𝐓𝐄𝐃𝐃𝐈𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora