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No dia seguinte, Steve se sente... feliz. Pelo plano ter dado certo, pelo troco em Jason, pela vodka com corante, por ter dito quem era de verdade para alguém e não ter sido escorraçado. Muito pelo contrário.

Na aula, quando recebe seu poema com nota alta, Steve passa algum tempo encarando o pedaço de papel como se fosse um tesouro, sorrindo feito um idiota. É a cereja do seu bolo de felicidade. Não quer admitir, mas não teria conseguido sem o punk.

Ao fim do turno, corre para o quarto 127 com a folha na mão, os cabelos esvoaçando pelo corredor. Pisoteia algumas embalagens de camisinha pelo caminho (que vinham misteriosamente desaparecendo, mesmo que nenhum dos garotos as tivesse recolhido) e quando abre a porta do quarto, encontra Eddie debruçado sobre um desenho na escrivaninha. Ele nem sequer ergue os olhos para o colega.

"Tirei A." Steve anuncia, orgulhoso, agitando a folha. "No poema. Sabe, aquele que fize-"

"O que você quer, um abraço? Uma medalha? A porra de uma estrelinha na testa?" Eddie interrompe, ríspido, e dá de ombros.

Steve para de falar e recua um passo, surpreso pela grosseria gratuita.

"Cruzes! Que mau humor é este, Munson?"

"Não diga meu nome como se fôssemos amigos porque não somos" ele diz entredentes e antes que Steve tenha a chance de se perguntar o que diabos fizera para irritar Eddie (de novo), o garoto vira e rouba suas palavras.

Seu rosto mal se parece com seu rosto. Está tão roxo, inchado e coberto por ferimentos que parece uma maquiagem de Halloween muito bem feita.

Steve larga as coisas e caminha até ele, em choque e nervoso ao mesmo tempo.

"Mas que merda aconteceu com você?" Pergunta, se aproximando para analisá-lo de perto, mas feito um animal arisco, Eddie estica o braço na frente do corpo, impedindo-o de invadir seu espaço.

"Me meti em encrenca. Nada novo sob o sol" ele diz, como se não importasse. Como se seu rosto quase desfigurado não importasse.

"Foi o Jason?" Steve pergunta, de repente sério.

"Tanto faz quem foi, Harrington" Eddie se levanta, caminhando até a janela e olhando para fora, desconfortável, na intenção de fugir do olhar do colega de quarto.

Estava cansado que sentissem pena dele e estava ainda mais cansado que fingissem se importar.

Steve suspira audivelmente e caminha até suas coisas no armário do banheiro. Enquanto ele tem tudo possível para primeiros socorros, Eddie tem uma única unidade de band-aid da Hello Kitty, que roubara de Robin. Com a caixa branca de cruz vermelha em mãos, ele gira Munson pelos ombros, que o encara com a pior cara de maus amigos possível.

"Reclame quando eu acabar" Steve se adianta e, apoiando as coisas na cama do outro, molha algumas gases com soro.

"Se encostar em mim, arranco fora seus dedos."

Steve dá de ombros e o encurrala na parede, cobrindo o supercílio do garoto com a solução.

"AI! Caralho isso arde, seu filho de uma-"

"Pare de choramingar feito um bebê, vai ser pior se infeccionar" Steve o interrompe e  o outro suspira pesado.

Limpa os ferimentos e coloca curativos onde precisa. No fim, Eddie parece... horrível, porém melhor. E Steve está preocupado, confuso e com raiva. O punk cruza os braços, grato, mas sem a mínima intenção de expressar.

"Ele não me pegou sozinho" começou a explicar. "Trouxe metade do time junto. Ele sabe que no mano a mano eu até que me viro." Ele ri brevemente. "Ele disse que devia me fazer comer o lixo no quarto dele e eu disse de novo que ele não fazia meu tipo."

𝐑𝐎𝐎𝐌𝐀𝐓𝐄𝐒 | 𝐒𝐓𝐄𝐃𝐃𝐈𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora